O carro do futuro não necessariamente é aquele desenhado por pitonisas em tecnologia ou futurólogos de plantão. Ele será conectado, terá novas e até impensadas tecnologias e não duvidem da ideia de um veículo guiado por um tipo de inteligência artificial. Mais do que isso, segundo a opinião de executivos do setor, o ponto de partida sobre o carro da próxima década é entender os desejos de homens e mulheres.
Esses e outros temas que não saem da pauta de discussão da indústria automobilística foram abordados no primeiro dia de Conarec, durante a mesa redonda “A Revolução dos Automóveis: de estilo de vida para um design de serviços. Uma transformação em curso”.
Milena Machado, jornalista da Rede Globo e mediadora da mesa redonda, relacionou a ascensão desse novo carro a um novo comportamento do consumidor, independentemente do gênero. Na verdade, esse veículo será movido a energia limpa e terá maior autonomia que os carros atuais. Ele ainda será conectado e será revestido com a mais alta tecnologia de ponta.
“Tem mais. Foi feito um estudo sobre o objetivo do carro para as novas gerações. Dois dados chamaram a atenção: 51% veem o carro apenas como meio de transporte e 18% como uma forma de liberdade. Era bem diferente no passado”, disse Milena.
As montadoras entendem que o ponto de partida de toda essa mudança está relacionado à relação das pessoas com os smartphones, segundo reconheceram os próprios palestrantes. “Hoje, o smartphone vai ajudar o carro mais simpatico”, afirmou Laurent Barria, diretor de marketing da Citroen do Brasil.
No Japão e em outros lugares da Ásia, segundo Marcelo Langrafe, gerente-geral de pós-venda da Honda South American, os mais jovens (e plugados) possuem uma inclinação emocional por carros compactos. “Lá (Japão) é totalmente diferente daqui. O desafio é conquistar essa categoria e torná-la próxima do carro”.
Isso, claro, não quer dizer que o smartphone eliminou os velhos amantes de carros mecânicos, com suas marchas e motores possantes. “Existe a pessoa que gosta de trocar a marcha, mas há outras que vão querer carros autômatos. Teremos veículos que servirão para cada consumidor. Hoje, o consumo está mais heterogêneo”, afirmou Cassio Pagliarini, diretor de marketing da Hyundai Motor Brasil.
Ari Gomes de Carvalho, diretor de pós-venda da Mercedes Benz, tem a mesma opinião de Pagliarini e foi além: para ele, carros premium perpertuarão a ideia do carro manual. “É uma categoria de quem compra um carro com banco de couro, um motor possante. Eles gostam muito de carro”, disse.
Mulheres no comando
As mulheres também estão na pauta das montadoras . Aliás, em muitos casos, são elas que conferem as diretrizes para alguns carros ou serviços para as montadoras – que o diga o sucesso do modelo SVU entre as mulheres.
Diante desses diferentes públicos, as montadoras também estão de olhos bem abertos à customização do carro a partir dos desejos especiais de homens e mulheres. E para aqueles que acham que isso é uma visão machista, eis a impressão de Milena, uma especialista no assunto: “Para a mulher, o carro conectado, autônomo e elétrico. Já no caso do homem, o carro tem tudo menos autonomia”.
Norberto Blumenfeld Klein, diretor da MOPAR LATAM (empresa do Grupo Fiat), concordou com Milena e ainda divertiu o público com a seguinte frase: “O homem é a cabeça da casa. Já a mulher é o pescoço, pois é quem vira a cabeça para onde quiser”, disse.