Produtos conectados vêm fazendo cada vez mais parte da nossa vida. Além dos já conhecidos smartphones, objetos como carros, geladeiras e máquinas de lavar estão cada vez mais inteligentes. E vão revolucionar o mercado mais uma vez.
Além dos objetos que podemos comprar, a internet das coisas também está deixando as cidades mais eficientes. Sistemas de transporte e trânsito, saúde e segurança vêm sendo atualizados e entregando resultados de maneira cada vez mais rápida.
Para Eduardo Peixoto, CEO do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), centro de privado de inovação responsável pela criação de produtos e serviços por meio de Tecnologias de Informação e Comunicação, a popularização é um caminho sem volta. E se as empresas brasileiras não correrem, podem ficar pelo caminho.
Confira, a seguir, a sua entrevista:
Como e quando vai ser a popularização da internet das coisas?
Já está popularizando e de maneira rápida, mas o detalhe principal é que trata-se de algo invisível. A internet das coisas não é uma nova internet, mas uma conexão dela com os objetos. Tivemos a fase em que conectamos pessoas, agora estamos na era de conectar serviços e aparelhos. Podemos pegar o exemplo de aplicativos como o Uber e o 99. Eles pegaram um serviço e automatizaram, fazendo tudo ser conectado. Seu trajeto é monitorado, assim como o seu pagamento. Isso é como se o próprio carro estivesse conectado à internet. É um caminho sem volta
O Brasil está atrasado nesse processo?
Países como os Estados Unidos, Japão, Inglaterra e algumas nações nórdicas já estão bem mais avançados. Todo o trânsito de Boston, por exemplo, é gerenciado pela prefeitura em parceria com o aplicativo Waze. Também há parcerias para coletas de lixo. Empresas nos setores de saúde, óleo & gás também estão se movimentando e percebendo que esse é o futuro. Esses países estão criando verdadeiras cidades inteligentes. O Brasil está caminhando para o rumo certo, com um esforço forte do governo por meio de braços como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e o BNDES. A coisa está acontecendo, mesmo as vezes não sendo visível.
Todas as empresas estão conseguindo acelerar esse processo internamente?
Muitas delas ainda estão bem atrasadas. Há empresas tradicionais que ainda estão falando em transformação digital, sendo que a internet nasceu em 1995. Isso vai dificultar ainda mais a venda delas lá na frente. A internet das coisas coloca um grau de dificuldade muito maior. Você vai ter dados passando e sendo criados por meio de todos os seus produtos, sem exceção.
E como se preparar para isso?
Tem que ser um programa bem estruturada, não uma coisa curta e pontual. Existem empresas que ainda acham que bom investimento em marketing é em broadcast, sendo que o número de pessoas assistindo televisão só cai. Ela não faz o uso da internet como um canal de via dupla. Há companhias que ainda não ouvem o consumidor. Esses empresários precisam se atualizar no ponto de vista de transformação digital. O produto que ele fabrica vai ter que trazer cada vez mais informação para ele e para o consumidor. Ou seja, há um bilhão de oportunidades.
A Amazon sempre acaba sendo um grande exemplo quando se fala de internet das coisas. O que a faz ter esse diferencial?
Ela já nasceu na internet e com um pensamento digital. Ela sabia desde o início que não deveria ser apenas uma varejista. Por meio da sua plataforma de serviços em nuvem AWS (Amazon Web Services) ela focou nos dados e na informação. Eles criaram o botão dash, que consiste em comprar produtos apertando somente esse botão. O difícil não foi colocar o botão, mas entregar o produto na hora certa e todo o processo por trás, como recomendações de compra realmente boas para o consumidor. Eles continuaram impulsionando o ideal de startup dentro da companhia.