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CM Entrevista: “Onde existir movimentação de dinheiro, é lá que precisamos estar”

CM Entrevista: “Onde existir movimentação de dinheiro, é lá que precisamos estar”

Criada fora da estrutura tradicional de cartões, a nova empresa da Visa aposta na iniciação de pagamentos e no Open Finance para liderar o futuro dos meios de pagamento no País.

A Visa Inc. anunciou recentemente o lançamento da Visa Conecta no Brasil, empresa voltada à inovação em soluções digitais de movimentação financeira. Com foco inicial em Open Finance, a companhia estreia oferecendo o serviço de Iniciação de Pagamentos via Pix, com uma jornada online fluida, segura e sem necessidade de redirecionamento para o aplicativo da instituição financeira do pagador.

Para entender o impacto estratégico desse movimento, a Consumidor Moderno conversou com Leonardo Enrique Silva, diretor-executivo da Visa Conecta. Segundo ele, a nova empresa nasce com uma missão que vai muito além do Open Finance. “A Visa Conecta é um hub de desenvolvimento de novos modelos de negócio no universo da movimentação financeira digital. E a iniciação de pagamento é apenas o começo.”

Confira a entrevista completa!

Visa Conecta: um novo negócio

Consumidor Moderno: O que é a Visa Conecta e como ela muda o posicionamento da Visa no Brasil?

Leonardo Enrique Silva: A Visa vem se posicionando cada vez mais como uma empresa de tecnologia de movimentação financeira. Quando observamos esse objetivo estratégico da Visa, fica clara a mensagem de que o cartão é uma forma muito importante de movimentação financeira. No entanto, ao olharmos para a realidade brasileira, percebemos um crescimento expressivo do Pix.

Considerando esse cenário e o propósito estratégico da Visa – de estar onde o dinheiro está; onde existir movimentação de dinheiro é lá que precisamos estar –, nasceu o conceito da Visa Conecta.

A primeira solução desenvolvida dentro da estrutura da Visa Connect está focada no Open Finance. Vale lembrar que Open Finance é um ecossistema amplo, e dentro dele existe um segmento específico chamada iniciação de pagamentos, que é onde estamos começando a atuar com mais força no Brasil.

É importante destacar duas informações nesse contexto. Primeiro, há cerca de três anos, a Visa adquiriu a Tink, empresa líder em Open Banking na Europa. E segundo, ao trazer essa tecnologia para o Brasil, a Visa trouxe a solução da Tink para a realidade do mercado brasileiro e passou a operar como instituição de pagamento.

Criamos a Visa Conecta no ano passado, com um CNPJ apartado, fora da estrutura tradicional da Visa do Brasil, justamente porque atuamos como uma Instituição de Pagamento, na modalidade ITP (Iniciador de Transação de Pagamento). Assim, a Visa Conecta não tem nenhuma relação com a estrutura de cartões da Visa do Brasil. É ligada na Visa Inc., que é a nossa a nossa parent company.

CM: Por que a Visa decidiu criar essa empresa? Qual foi o movimento observado no mercado?

Foi uma junção de fatores. Existe um sinal importante do mercado que existem outras formas de movimentação de dinheiro no Brasil relevantes. O principal deles foi o crescimento expressivo de outras formas de movimentação de dinheiro, como o Pix, que já representa 35% das transações no e-commerce brasileiro.

Além disso, há um direcionamento estratégico global da Visa Inc. para se consolidar como empresa de tecnologia de movimentação financeira. No Brasil, já somos consolidados em cartões, mas queríamos nos posicionar também nesse novo “rail” de pagamentos.

Por dentro da Iniciação de Pagamento

CM: Como funciona a iniciação de pagamento e qual o impacto disso na conversão dos e-commerces?

Hoje, a jornada de pagamento com Pix no e-commerce tem muita fricção: gerar QR Code, copiar, abrir o app do banco, colar o código, autenticar… Com a iniciação de pagamento, isso se simplifica radicalmente. Após o vínculo da conta, o consumidor pode pagar com um clique, usando apenas a biometria. Você não sai da tela do e-commerce. Isso deve melhorar bastante as taxas de conversão, mesmo que ainda não tenhamos dados oficiais, pois a operação está começando agora.

Então, essa jornada seja manualmente de redirecionar, não existe mais no banco, ou seja, você não sai da experiência do check-out do e-commerce. Então, acontecerá bem menos cliques e nisso, com certeza, existe uma expectativa grande de que a conversão vai ser bem melhor.

CM: Além de Open Finance e iniciação de pagamentos, que outras soluções estão no radar da Visa Conecta?

A Visa Conecta foi criada como um hub de desenvolvimento de novas soluções para o mundo digital de movimentação financeira. Ainda não podemos divulgar todas as frentes, mas estamos trabalhando em diversas. Em breve, teremos novidades além da iniciação de pagamentos.

Controle remoto do mercado financeiro

CM: Como a entrada da Visa nesse novo território afeta a concorrência com players nativos digitais?

A gente vê a competitividade com bons olhos, para ser bem sincero. Acreditamos – assim como no mundo dos cartões – que, do ponto de vista da Visa Conecta, ter players que contribuam para o crescimento da iniciação de pagamentos no Brasil é benéfico para todo o ecossistema.

Se os concorrentes serão os players tradicionais da Visa ou empresas mais específicas do universo de Open Finance e iniciação de pagamentos, isso, para nós, é indiferente. O que realmente nos interessa é fomentar esse mercado e impulsionar o crescimento da iniciação de pagamentos.

Só para compartilhar uma hipótese com você: acreditamos que uma parte significativa dos 35% dos pagamentos no e-commerce que hoje utilizam Pix tende a migrar para a iniciação de pagamentos via jornadas sem redirecionamento. Isso representa um volume muito relevante, e, quanto mais esse modelo se consolidar no mercado, melhor será para todo mundo – principalmente para o cliente final. E, naturalmente, também será melhor para a Visa Connect.

CM: Quais tendências você enxerga impactando o setor de pagamentos nos próximos anos?

Sou suspeito para falar. Mas, a iniciação de pagamento, conhecida pelo consumidor final, entregue por uma empresa que pode proporcionar confiança, segurança, credibilidade de marca, vai trazer um crescimento exponencial de iniciação de pagamentos.

Então, eu costumo falar que iniciação de pagamento é o controle remoto do mercado financeiro. Você aponta o controle remoto e a movimentação financeira de fato acontece. Então, eu realmente acredito que nesses próximos dois anos, a gente vai conseguir ver a fluidez da iniciação de pagamento que acontece nos rails de Pix acontecer e ficar cada vez mais fluída para os clientes finais.

Empresa de tecnologia

CM: Como a Visa vê a própria transformação em uma empresa de tecnologia?

A Visa já faz um certo tempo tem se posicionado como uma empresa de tecnologia de movimentação financeira. Onde o dinheiro se movimentar, é lá que vamos estar.

E a gente consegue ver parte de resultados da Visa cada vez mais relevantes em verticais que não estão diretamente relacionados ao mundo de cartões. Isso mostra, de fato, esse lado prático. Não adianta só falar: “A gente é uma empresa de tecnologia de movimentação financeira e não tem nada acontecendo”.

Aqui no Brasil, a Visa Conecta é a tangibilização disso.

CM: E, qual o papel da Inteligência Artificial na experiência do cliente?

Ótimo ponto. Recentemente, durante um evento chamado Product Drop, a Visa anunciou toda a sua estratégia de atuação no que chamamos de Agent Commerce – ou seja, a integração dos pagamentos dentro desse novo universo impulsionado pela Inteligência Artificial.

A Visa já trabalha com Inteligência Artificial há mais de 30 anos. Grande parte dos nossos sistemas de detecção de fraudes, por exemplo, utiliza IA. No entanto, agora estamos falando de um novo tipo de Inteligência Artificial: a IA conversacional, que vem ganhando cada vez mais espaço, especialmente no e-commerce.

Nossa visão é que essas tecnologias estarão cada vez mais presentes nas jornadas de compra online, e a Visa quer liderar esse movimento, oferecendo soluções que viabilizem o pagamento de forma fluida dentro desse novo contexto do Agent Commerce.

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