A indústria da moda tem enfrentado sérios problemas ambientais. Uso inadequado de água, energia e químicos na produção de fibras, por exemplo, devem ser repensados para que se fomente um novo caminho para esse tipo de indústria.
Muitas empresas do setor já têm assumido compromissos importantes em seu negócio em prol de uma moda mais sustentável, a chamada MODA CIRCULAR. O conceito foi usado pela primeira vez na primavera de 2014 – época em que o tema estava presente nas pautas das agendas políticas e ambientais na Europa.
Um dos atores foi Anna Brismar, chefe e dona da empresa de consultoria sueca Green Strategy, em um projeto para organizar um evento de moda sustentável no centro de Estocolmo. Outro ator que inicialmente usou o termo “moda circular” foi a H&M, especificamente a equipe de sustentabilidade na sede em Estocolmo.
O conceito de moda circular se baseia nos principais princípios da economia circular e do desenvolvimento sustentável e se relaciona com a indústria da moda. A partir de princípios-chave, a moda circular diz respeito ao ciclo de vida de um produto, do design e do sourcing, à produção, transporte, armazenamento, comercialização e venda, bem como a fase de usuário e o fim de vida do produto.
A moda consciente e sustentável questiona a forma com a qual as nossas roupas são feitas, usadas e reutilizadas. Margarida Lunetta, gerente de transformação circular do Instituto C&A, conta iniciativas da empresa em prol desse novo modelo de pensar o negócio.
“Queremos ver o setor mudar na prática e fundamentalmente o modo tradicional de fazer negócios, e caminhar para novas formas de gerar valor para consumidores, empregados, acionistas, comunidades e meio ambiente. O trabalho do Fashion for Good – primeiro centro de inovação focado em economia circular – reúne marcas, produtores, varejistas, fornecedores, organizações sem fins lucrativos, inovadores e financiadores em torno de um objetivo comum de repensar a forma como se produz e consume moda”, comenta a executiva.
Ações em prol da moda circular
- Ter o máximo de conhecimento sobre a cadeia de suprimentos;
- Ser transparente e exigir transparência dos fornecedores;
- Formar parcerias de longo prazo com fornecedores para que possam trabalhar juntos em melhorias;
- Fazer escolhas inteligentes e sustentáveis de matérias-primas;
- Trabalhar em colaboração com outras marcas e empresas;
- Ser inovador em suas escolhas (materiais, embalagens, modelos de negócios);
- Fortalecer o laço com seus consumidores;
Desejo do consumidor
Em meio às mudanças climáticas e os impactos no meio ambiente, Margarida aponta os anseios do consumidor e a importância da moda no dia a dia das pessoas. “A conexão direta e afetiva que nós consumidores temos com nossas roupas fazem com que as pessoas, especialmente as mais jovens, tornem-se cada vez mais sensíveis aos impactos do setor – seja no meio ambiente, seja na vida dos/as trabalhadores/as dessa indústria. Muitos consumidores querem se relacionar com marcas que se posicionem com relação ao assunto e que estejam transformando essa realidade”, afirma a gerente.
Para Margarida, as empresas e marcas têm responsabilidade no trabalho consciente e consistente em relação ao comportamento de consumo e os produtos feitos e vendidos por elas.
“O consumidor precisa entender o seu papel na hora do consumo e aprender a comprar de maneira mais consciente, pesquisando de onde vem a sua peça e sabendo quais marcas apoiam as causas em prol de uma cadeia mais responsável. Mas acima de tudo é responsabilidade das empresas (indústria e varejo) educar e influenciar o consumidor positivamente – de forma que este prefira se relacionar com marcas que prezem por condições de trabalho mais justas e dignas para todos, que usem e reusem materiais seguros, que diminuam impactos negativos no meio ambiente e que repensem a forma como nossas roupas são feitas, usadas e reutilizadas”, finaliza.
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