Com o tempo, a palavra estresse banalizada: as pessoas encaram o cansaço, um dia corrido ou muitas coisas para fazer como algo estressante. Mas essa designação não está correta ? e esses estados no qual algumas pessoas se encontram, as vezes, são mais fáceis de ser resolvidos.
A palavra estresse caracteriza um mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós, nem os outros animais, teríamos sobrevivido. Nós existimos porque nossos ancestrais se estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores químicos (o mais popular é a adrenalina), que provocavam reações fisiológicas para que, diante do perigo, enfrentassem a fera ou fugissem.
É pela ação desses mediadores que, num momento de pavo, o batimento cardíaco e a pressão arterial aumentam, o sangue é desviado do aparelho digestivo e da pele, por exemplo, para os músculos que precisam estar fortalecidos para o combate ou para a fuga. Vencido o desafio, vem a fase do pós-estresse ? quem já passou por um susto grande sabe que depois as pernas ficam trêmulas e, às vezes, andar é impraticável.
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Mas, o fato é que, o estresse do mundo contemporâneo é muito diferente do que existia no passado. Resulta do acúmulo de pequenos problemas que se repetem todos os dias. A dívida no banco e o compromisso com hora marcada prejudicado pelo congestionamento inexplicável não liberam mediadores na quantidade necessária para enfrentar um animal ameaçador, mas provocam um discreto e constante aumento da pressão arterial e do número dos batimentos cardíacos que trazem consequências negativas para o organismo.
Segundo Alexandrina Meleiro, médica psiquiatra no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, o estresse é uma defesa natural que nos ajuda a sobreviver, mas a cronicidade do estímulo estressante acarreta consequências danosas ao nosso organismo. ?Embora a tendência do indivíduo seja elaborar estratégias para resolvê-las, muitas vezes ele vai se adaptando às exigências do chefe intransigente, à situação econômica difícil, aos revezes do dia a dia. Se não conseguir criar essas estratégias, seu organismo não irá reagir convenientemente diante dos problemas e dará sinais de cansaço que podem afetar os sistemas imunológico, endócrino, nervoso e o comportamento do dia a dia?.
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Alexandrina explica que, caso a pessoa não consiga reverter o processo, as consequências surgiram rapidamente: aumento da pressão arterial, crises de angina que podem levar ao infarto, dores musculares, nas costas, na região cervical, alterações de pele, etc. ?Daí a importância de a pessoa estar alerta para os sinais que o corpo registra?.
Quando se deve desconfiar de que algo diferente está ocorrendo? ?Se a pessoa notar que já não se levanta com a mesma disposição, a mesma energia para desempenhar suas atividades diárias, que se irrita com os outros facilmente, que seu comportamento está fugindo do padrão habitual, se não consegue dormir, ou mesmo dormindo a noite inteira, não acorda descansada, pois o sono não foi tranquilo e reparador, precisa ficar atenta. Algo dentro dela está avisando que as coisas não vão bem e que é fundamental tomar certas medidas para evitar consequências mais sérias?, afirma Alexandrina.
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Brigando contra o invisível
Antes de qualquer coisa, é preciso encontrar a causa do estresse e analisar se existe a possibilidade de desviar-se dela. Se não for, é preciso criar estratégias para resolvê-la.
Além disso, existem algumas coisas que podem ajudar a diminuir os níveis dos mediadores químicos, como a prática de esportes, exercícios físicos, horas de sono e de lazer, além de hobbies. É importante lembrar que nada disso deve estar ligado, diretamente ou indiretamente, ao trabalho.
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Com informações do portal Drauzio Varella.