Um levantamento feito pelo grupo Fashion Revolution analisou 200 marcas de moda e varejo e levantou uma questão: o quão transparentes são as empresas em relação ao público consumidor? A análise considerou práticas como consumo consciente, políticas de direitos humanos, ações ambientais e cadeia de suprimento. Adidas, Reebok e Patagonia estão entre as labels com o melhor desempenho, segundo os critérios da pesquisa anual.
As três tiveram 64% dos 250 pontos possíveis. Na sequência aparecem as marcas Esprit e a gigante de fast shop H&M, somando 62% e 61%, respectivamente. Os números revelam um cenário inédito e refletem os esforços das empresas de se tornarem cade vez mais transparentes. Isso porque pela primeira vez as marcas tiveram porcentagem maior que 60% na pesquisa geral.
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Entre as labels de luxo, Gucci e Bottega Veneta alcançaram a maior pontuação e obtiveram 100% de pontuação em todos os critérios. Isso inclui as chamadas “políticas e compromissos”, como as práticas socioambientais da empresa.
O ranking é calculado de acordo com inúmeros fatores. 70 das 200 marcas analisadas, por exemplo, costumam publicar uma lista com todos os seus fornecedores. Já 38 divulgam as etapas de seu processo de fabricação, incluindo onde as peças são tingidas, bordadas e estampadas. Na pontuação geral 55% compartilham em seus sites a chamada pegada de carbono, que representa o total de emissão de gases de efeito estufa em decorrência de seu processo de fabricação – embora apenas 19,5% evidenciem os números das emissões de carbono em toda a cadeia de fornecimento.
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Muito a melhorar
Apesar do considerável crescimento das marcas em transparência, a The Fashion Transparency Index 2019 apontou para um cenário preocupante. Apenas 26,5% das marcas compartilham com o consumidor as ações que têm praticado para reduzir o desperdício com estoque morto e amostras de produção. E quando o assunto é reciclagem, somente 23,5% assumem fazer uso da prática sustentável. Apesar da indústria têxtil ainda ser uma das mais poluentes, apenas 26% das marcas explicam como têm investido em soluções para sanar o problema.
“A Hermès é atualmente a única marca de luxo que publica uma lista de seus fabricantes. Em geral, nesta categoria, vimos as marcas crescerem no ranking de 12,5%, há três anos, para 35% hoje. A divulgação de listas de fornecedores é um elemento fundamental para os direitos humanos. É também necessário dar um primeiro passo em relação aos impactos da violação trabalhista e ao direito do consumidor. Entender que são fatores que podem prejudicar a reputação das marcas. Precisamos ver o mercado de luxo melhor muito ainda nesta área”, afirmou Carry Somers, fundadora da Fashion revolutions, em entrevista para a “Vogue” britânica.