2020 nos acelerou para um mundo ainda mais virtual. A saúde e a necessidade de segurança ocupam o topo das mentes dos consumidores, ao menos daqueles mais conscientes. Em todo o mundo, o varejo começou ou intensificou a migração para modelos híbridos de experiências físicas e digitais que criam oportunidades interativas para os clientes. Fazer compras em casa por meio de tecnologia de transmissão ao vivo, ou “live shopping”, por exemplo, tornou-se uma prática comum.
O SXSW 2021, maior evento de interatividade e cultura pop do mundo trouxe uma discussão excelente sobre o futuro do varejo e os formatos de live commerce. Ao considerarmos as categorias mais afetadas por esta mudança digital, o painel “O futuro do varejo e do comércio eletrônico” reuniu Gregg Renfrew, Fundador & CEO da Beautycounter; Elizabeth Segran, Senior Staff Writer da Fast Company; Munira Rahemtulla, Diretora da Amazon Live da Amazon; e David Sandstrom, Chief Marketing Officer da Klarna (meios de pagamento), para discutir o futuro do varejo baseado no live shopping, nas transmissões ao vivo, como uma maneira de trazer uma experiência sensorial de compras para a casa de seus clientes.
Varejo mais próximo
Qual é o futuro do consumo? O que significa exatamente a velocidade de adoção do live em diferentes mercados maduros como China e EUA? Elizabeth Segran mostrou como esse formato trouxe frescor e vem se expandindo, agregando um novo canal e uma nova linguagem, uma forma moderna, incorporando as conveniências do digital, depoimentos, e entretenimento na oferta de produtos.
A própria Amazon já oferece a possibilidade de transmissão, via streaming de programas dos varejistas de seu marketplace, que podem se conectar à plataforma usando um simples iPhone. Com o live shopping, o varejo ultrapassa as fronteiras do entretenimento e funciona como uma forma de conversação, na qual apresentadores, celebridades, influenciadores apresentam produtos, constroem narrativas e geram vendas a qualquer momento, dando ao cliente a sensação de pertencimento, de envolvimento e participação real no programa.
David Sandstrom comenta que queremos “algo mais do que simplesmente fazer compras, queremos conexões, experiências e nos divertir”. E ao se conectar às plataformas e programas de “live shopping” ou live commerce, os clientes são estimulados a exercer um “senso de urgência” que impacta positivamente nas compras, a sensação de aproveitar uma oferta exclusiva, momentânea, passageira e talvez, única.
Mundo de oportunidades
Para Greg Renfrew, CEO da Beautycounter, o live shopping tem diversas vantagens, particularmente a facilidade de conversar com os apresentadores em tempo real, e de criar contextos e cenários que realçam os produtos, enfatizam serviços, e tornam o processo de compra mais informativo, educativo e divertido.
Elizabeth, da Fast company, mediadora do painel, pergunta se o live shopping não estaria fadado a funcionar apenas em produtos de moda, cosméticos, acessórios. Munira Rahemtulla, da Amazon, diz que, na verdade, o live commerce, pela sua espontaneidade, tem como pilar a transmissão da confiança no momento da oferta. O uso de influenciadores nos programas permite, na verdade, multiplicar as oportunidades de oferta de produtos nesse formato.
A grande inovação em relação aos programas que tínhamos na TV, os famosos camelôs eletrônicos que dominavam as noites do canais abertos há cerca de 20 anos (os leitores mais maduros devem se lembrar), está no tipo de conexão, na linguagem e na incorporação de elementos digitais, enquetes, testemunhos, tutoriais, chats, efeitos de rede, multicanalidade, que podem perfeitamente transcender a venda de moda, beleza ou acessórios. As possibilidades estão abertas.
O live shopping, enfim, permite trabalhar gatilhos emocionais de grande apelo: o poder de agora, o poder de liberdade, o viés de autoridade e do endosso de influenciadores, comunicadores ou celebridades, as normas sociais e a exploração intensa de experiências de consumo. Ao contrário da produção prévia e calculada dos antigos programas de venda pela TV, o live shopping prioriza a autenticidade, a espontaneidade e a conversa natural em torno de produtos, marcas, usos e ideias.
Novas tecnologias e a criação de novos formatos de experiência e conexão digital abrem caminhos excitantes e inexplorados para impulsionar negócios, relacionamentos e vendas. O formato irrompeu na China, ganha força nos EUA e, considerando o apego do brasileiro no consumo da internet como mídia, tem terreno fértil para fazer sucesso por aqui. Ainda mais nesse período de restrições e fechamento de espaços físicos de comércio, o live commerce é uma alternativa a ser considerada.
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