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CM Entrevista Milton Beck: o 2º funcionário do LinkedIn no Brasil e que, hoje, lidera o futuro da plataforma

CM Entrevista Milton Beck: o 2º funcionário do LinkedIn no Brasil e que, hoje, lidera o futuro da plataforma

LinkedIn completa 22 anos em 5 de maio. Há 13 anos na empresa, Milton Beck, diretor geral para América Latina nos conta como tem sido essa jornada e o que ele espera do futuro dessa plataforma

Em tempos em que as novas tecnologias nos pressionam a sermos mais qualificados, ágeis e abertos a novos aprendizados, o LinkedIn segue como uma plataforma que busca valorizar o potencial real das pessoas.

Milton Beck, diretor geral do LinkedIn para a América Latina e África, foi um dos primeiros executivos da companhia no Brasil. Fez parte de uma fase importante de crescimento e consolidação da plataforma no País, e ainda enxerga nela um potencial transformador. “Desejo aproximar a plataforma cada vez mais da sua visão: criar equidade econômica ao conectar talentos com oportunidades em escala global”, diz.

Na data em que o LinkedIn comemora 22 anos de lançamento (5 de maio), Milton nos conta histórias de superação, motivações pessoais e traça uma análise sincera sobre passado, presente e futuro do LinkedIn.

Lembranças do LinkedIn

Consumidor Moderno: Ao assumir a liderança do LinkedIn Brasil em 2012, você compartilhou uma mesa com Osvaldo Barbosa em um escritório modesto, correto? Quais foram os momentos mais emblemáticos dessa fase inicial, quando a plataforma tinha apenas alguns milhões de usuários no País e era preciso “explicar o que era o LinkedIn”?

Milton Beck: Sim, está certo! Em 2012, quando entrei no LinkedIn, a operação ainda era bem enxuta – fui o segundo funcionário contratado no país. Na época, com apenas 5 milhões de usuários no Brasil, muitos executivos ainda tinham uma percepção limitada sobre a plataforma, acreditando que ela era apenas um espaço para quem queria buscar novas oportunidades de emprego. Havia até uma certa resistência: algumas empresas não queriam que seus profissionais estivessem ativos na rede, temendo que isso fosse interpretado como intenção de trocar de trabalho.

Era um cenário onde os programas de valorização da marca empregadora ainda eram raros – o foco do marketing estava muito mais no produto do que em mostrar o porquê de alguém querer trabalhar em determinada empresa. Também havia relutância em abordar profissionais de outras instituições, como se isso fosse contra algum código não declarado.

Nosso desafio foi mostrar que o LinkedIn era, na verdade, uma poderosa plataforma de construção de marca pessoal, networking, geração de negócios e aprendizado contínuo. Ao longo dos anos, conseguimos consolidar essa visão mais ampla e, hoje, o LinkedIn é reconhecido como um espaço essencial para profissionais se conectarem, trocarem conhecimento e se desenvolverem em todas as fases da carreira.

Esse processo de transformação do entendimento sobre o LinkedIn no Brasil foi, sem dúvida, um dos momentos mais emblemáticos daquela fase inicial – e algo que me dá muito orgulho até hoje.

Motivação e propósito

CM: Após mais de uma década à frente da operação, expandindo para mais de 85 milhões de usuários e usuárias no Brasil e liderando a América Latina e África, o que move você diariamente? Como o propósito do LinkedIn se conecta com seus valores pessoais?

Minha motivação vem, principalmente, de três pilares. O primeiro são os nossos funcionários – tenho um compromisso com cada pessoa que trabalha no LinkedIn, para que encontrem aqui um ambiente onde possam crescer, aprender e se desenvolver com qualidade. O segundo são os(as) nossos(as) usuários(as) e clientes, que utilizam a plataforma para alcançar objetivos profissionais, desenvolver habilidades e gerar valor em seus negócios. E o terceiro são os nossos stakeholders, que confiam na empresa e esperam que nossas decisões sejam consistentes, responsáveis e sustentáveis no longo prazo.

Trabalhar com algo que contribui diretamente para o crescimento das pessoas é gratificante. E, pessoalmente, o LinkedIn também é um espaço onde aprendo constantemente – seja por meio de interações com profissionais de diferentes setores, seja acompanhando as transformações do mercado de trabalho. Isso me desafia e me inspira a continuar evoluindo junto com a plataforma.

Esse espírito de evolução constante se conecta com o propósito do LinkedIn: criar oportunidades econômicas para cada membro da força de trabalho global. É um direcionamento claro, que se reflete no impacto que a plataforma tem no desenvolvimento de profissionais e empresas – e isso é algo que me move todos os dias.

Evolução e desafios da plataforma

CM: Como você mesmo apontou, o LinkedIn passou de uma rede associada à busca de emprego para um ecossistema de negócios e aprendizado. Na sua visão, qual foi a virada mais disruptiva nessa trajetória? E como equilibrar a essência profissional da rede com as demandas por interações mais informais?

A grande virada do LinkedIn, na minha visão, foi quando a plataforma passou a ser vista não apenas como um espaço para encontrar oportunidades, mas como um lugar para construir uma trajetória profissional de maneira ativa e contínua. O lançamento de recursos como o feed de notícias, a possibilidade de publicar artigos e, mais tarde, ferramentas de aprendizado como o LinkedIn Learning e a incorporação de Inteligência Artificial foram fundamentais para essa transformação.

Essas mudanças consolidaram o LinkedIn como um ecossistema de desenvolvimento profissional e de negócios. Hoje, um profissional não acessa a plataforma apenas quando está buscando uma nova posição – ele participa diariamente para aprender, compartilhar conteúdo, gerar conexões estratégicas e fortalecer sua marca pessoal.

Uma virada importante que também vale a pena ser citada é quando atingimos a marca de 50 milhões de usuários no Brasil. Já era uma base massiva e diversificada, com presença forte não apenas no topo, mas também no meio da pirâmide. Hoje, o LinkedIn está presente em todas as camadas do mercado de trabalho.

A nova geração de usuários do LinkedIn

CM: A Geração Z já representa 35% dos usuários brasileiros. Quais estratégias são críticas para engajá-los sem perder a identidade da plataforma? Como responder à competição com outras redes que atraem os jovens?

Engajar essa geração no LinkedIn passa por entender que eles buscam autenticidade, propósito e formatos mais dinâmicos de comunicação – sem abrir mão da relevância profissional. Por isso, estamos investindo em experiências que se conectem com esse perfil, como o estímulo a conteúdos mais interativos. O vídeo, por exemplo, é hoje o formato de crescimento mais rápido na plataforma, com um aumento de 44% nas visualizações. Esse tipo de conteúdo oferece uma forma mais leve e autêntica de transmitir conhecimento e construir marca pessoal.

Também criamos a lista Top Voices Geração Z, destacando jovens que estão liderando conversas sobre carreira, empreendedorismo, tecnologia e os desafios do mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, nomes populares como Whindersson Nunes, Anitta, Gil do Vigor e Larissa Manoela também estão no LinkedIn, compartilhando conteúdos que misturam experiências profissionais e propósito pessoal – o que ressoa fortemente com a Geração Z.

Não vemos outras redes como competidores diretos – cada uma tem seu papel. A carreira e o desenvolvimento profissional acontecem no LinkedIn. Para entretenimento ou outros tipos de interação, há outros espaços. Nosso foco é sermos cada vez mais relevantes no que fazemos de melhor: ajudar pessoas a construírem um futuro profissional com mais propósito, oportunidades e conexões significativas.

O futuro do LinkedIn

CM: Se você pudesse “reprogramar” o LinkedIn, o que mudaria e priorizaria para os próximos anos? E como imagina a plataforma em 2030, considerando tendências como IA generativa e a ascensão de habilidades não tradicionais no mercado?

Olhando para 2030, vejo o LinkedIn ainda mais integrado ao cotidiano profissional, potencializado pela Inteligência Artificial generativa, mas sempre com um olhar humano. A plataforma já não será apenas um espaço para encontrar oportunidades, mas um ambiente dinâmico onde as pessoas aprendem, compartilham conhecimento, constroem reputação, colaboram e geram impacto – tudo em um mesmo lugar.

Para o presente e futuro, desejo aproximar a plataforma cada vez mais da sua visão: criar equidade econômica ao conectar talentos com oportunidades em escala global. Sabemos que ainda há um longo caminho para isso, especialmente diante das desigualdades no acesso ao conhecimento, à rede de contatos e ao reconhecimento de habilidades não tradicionais – como experiências práticas, projetos pessoais ou trajetórias fora do modelo acadêmico convencional.

A plataforma já vem se movendo nessa direção, com iniciativas que valorizam o potencial real das pessoas, independentemente de seus caminhos formais. Se eu pudesse “reprogramar” o LinkedIn hoje, colocaria mais foco justamente nisso: em tornar o LinkedIn um espaço onde qualquer pessoa, de qualquer origem, possa se conectar a oportunidades reais de desenvolvimento e mobilidade econômica.

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Um comentário

  1. Parabenizo Marcelo Brandão pelo foco e inteligência das perguntas e Milton Beck pela trajetória exitosa que, imagino, deve ter sido de superação de muitos óbices.
    Minha especial atenção e satisfação pela última parte da entrevista em que Milton destaca: “colocaria mais foco justamente nisso: em tornar o LinkedIn um espaço onde qualquer pessoa, de qualquer origem, possa se conectar a oportunidades reais de desenvolvimento e mobilidade econômica”.
    Aos 75, e ainda ativo, fácil perceber inúmeros talentos que não conseguem ascender na vida por falta de oportunidades.
    Pobreza, como salientava a antropóloga Ruth Cardoso, não é falta de dinheiro, mas de oportunidade.
    Imagine a quantidade de talentos que, com oportunidades criadas pelo linkedin, poderiam, muito mais que desenvolver pessoalmente, contribuiriam para o desenvolvimento do Brasil.

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