Embora a máxima continue forte no universo gamer, a percepção começou a mudar nos últimos anos, principalmente com o avanço dos jogos on-line e a massificação dos videogames. Mário e outros personagens também foram incluídos na lista de atividades que podem resultar na chamada síndrome do jogo patológico.
O estudo do vício em videogames é relativamente novo no mundo. Até por isso, não se sabe a real dimensão do problema. Mais do que isso: para alguns, isso ainda não é um problema.
Os pais de um jovem jogador, claro, discordam. Aliás, os pais de jogadores inveterados ao redor do mundo é quem acenderam a chama da discussão sobre o assunto, que um dia foi visto como uma brincadeira de criança. Inofensivo até. A mudança deu início a partir de uma simples observação paterna: o filho não quer sair de casa para brincar ou fazer outra atividade. Só quer jogar videogame.
Essa falta de disposição por outras coisas chamou a atenção de especialistas, que logo viram semelhanças entre os vícios do videogame e das drogas. Em comum, ambos os viciados apresentam três grandes sintomas: crise de abstinência (irritação sem o jogo), muitas horas imersas no jogo e a chamada fissura, ou seja, a sensação intensa de necessidade de estar conectado ao jogo ? o que pode resultar em gastos excessivos e até pequenos furtos por causa do videogame. Além disso, as consequências mais conhecidas entre os jovens é a evasão escolar, a nota baixa e a falta de contato do jogador com outras pessoas.
O aumento da quantidade de pessoas conectadas à internet ao redor do mundo e o surgimento de mais e jogos on-line elevou o alerta contra o aumento do vício. A preocupação de especialistas é com o chamado Massively Multiplayer On-line Role Playing Game (Jogos de interpretação de personagens on-line com vários jogadores). O caso mais emblemático desse jogo é o World of Warcraft.
O jogo World of Warcraft, aliás, aparece em uma lista dos 10 casos de vício extremo elencadas pelo site especializado em tecnologia, o Hypescience.com. A lisa foi feita em 2010. Nela, aparecem nada menos que dois casos escabrosos de viciados que resultaram até mesmo em morte. Em um deles, um jovem chinês ateou fogo em um colega de escola após um desentendimento. O site afirma que o jovem agressor teria o poder de um mago presente no jogo on-line. Clique aqui para acessar o link.
Tratamento
Uma das regiões no planeta onde o vício é levado a sério é na Ásia, em especial na Coreia do Sul. Foi lá que, em 2011, foi inaugurada a primeira clínica exclusiva para esse tipo de tratamento na Ásia ? a primeira surgiu na Inglaterra em 2010. Na época, o governo sul coreano afirmou que a clínica era necessária diante da quantidade de viciados verificada no país: 14% dos jovens jogadores se encaixavam na categoria de compulsivos e precisavam de tratamento. Atualmente, há até mesmo medicação para o tratamento do mal.
Outros países seguiram o exemplo sul coreano e abriram suas clínicas, como foi o caso dos Estados Unidos e da Alemanha.
No Brasil, o debate sobre o assunto é tão precário quanto o tratamento de jogadores de outras práticas lúdicas mais antigas, caso do bingo – um problema igualmente crônico e que alimenta uma rede de bingos clandestinos em todo o país. Por aqui, pouco se sabe de pessoas viciadas em videogames. No entanto, um estudo desenvolvido pelo Hospital das Clínicas e a Universidade Federal de São Paulo dá uma pista: 1% dos 192 milhões de brasileiros (ou quase dois milhões de pessoas) são jogadores patológicos de dos mais variados jogos (bingos, caça-níqueis e tantos outros).
Veja algumas reações de jogadores compulsivos: