O presidente Xi Jinping afirma que a China será o líder mundial de Inteligência Artificial (IA) em 2025. O presidente russo, Vladimir Putin, diz que qualquer país que liderar em IA será o governante do mundo. O ex-presidente do Google, Eric Schmidt, alertou que há um Muro de Berlim digital sendo erguido. A ligação entre a IA e a competição de grandes potências definirá o cenário para o resto deste século.
Como os setores público e privado nas democracias ocidentais trabalharão juntos para sobreviver e prosperar? Mais importante, como podemos criar tecnologias que sejam autênticas aos nossos valores? Os especialistas Alexander Vindman, estrategista geopolítico, Igor Jablokov, CEO da Pryon e Jennifer Atala, Fundadora da Inara Strategies debateram a intersecção entre IA e segurança nacional no SXSW Online.
Grandes possibilidades
O que significa Inteligência Artificial à luz da geopolítica e da experiência humana? Em síntese, é uma forma de utilizar sistemas de cognição para desempenhar tarefas em escala espantosa. Mas, especificamente sob a ótica política, IA é uma forma de produzir informação e contrainformação, influenciando de muitas maneiras o destino das democracias.
As diversas aplicações da IA podem ir desde prevenção de catástrofes, desenvolvimento de habilidades e capacidades de exércitos até rastrear e investigar a mídia dos mais diversos países para permitir uma compreensão do panorama global. Uma inovação que traz valor, e que pode, sem dúvida, melhorar índices de produtividade e contribuir para a redução das desigualdades pelo aumento da eficiência econômica.
Na opinião de Alexander Vindman, um dos grandes desafios da humanidade é não encarar a IA como forma de controle ou de sobrevivência das nações. Deveria ser impensável em democracias modernas utilizar aplicações de tecnologia para manter populações sob estrita vigilância, como na China. Por isso, ele defende uma orquestração global para definir os limites éticos de uso das IAs.
Já para Igor Jablokov, essas aplicações de Inteligência Artificial trazem ainda muitas possibilidades de exercício criativo e caminhos para o bem-estar humano que permanecem inexploradas. O fato é que muitas forças orgânicas permitiram o desenvolvimento acelerado das IAs e seu uso em favor de negócios, mas, a exemplo da adoção da energia nuclear, é necessário que essas tecnologias e sistemas sejam trabalhados sob estritos limites éticos.
Um olhar para o futuro
Apesar da velocidade de desenvolvimento das IAs, a criatividade humana está longe de ser descartável. Por mais sofisticados que se tornem os sistemas, por mais que se criem plataformas de computação que emulem o comportamento, ainda há uma distância considerável para que possamos ter IAs criativas. Há muitas inovações em curso e, com elas, muitos riscos potenciais.
Amy Webb mostrou em sua apresentação do Tech Report, sintetizadores humanos (efetivamente avatares digitais) que podemos comprar e fazer com que eles digam qualquer coisa. Nesse sentido, é provável vermos nações ou grupos de cyber terrorismo criando personalidades “Deep Fake”, que se passem por lideranças globais ou pessoas comuns? Não se trata de manipular um vídeo existente, mas também de criar novos personagens ou fantoches digitais que se espalham pela rede, ativando manifestações e alimentando campanhas de ódio.
Quais as implicações desse tipo de atividade e como combatê-la? É cada vez mais difícil pensar na IA somente na perspectiva positiva, das possibilidades da automação, da terceirização de tarefas de nosso dia a dia. Devemos olhar sobre maneiras de como mitigar os danos que a tecnologia pode causar às democracias, mercados e sociedades.
A diferença da nossa época para a Era da Guerra Fria é que a adoção das IAs por governos e estados é infinitamente mais acessível do que a energia nuclear, implica menores investimentos e o uso de plataformas fáceis de serem disponibilizadas e montadas. É imperativo que governos assumam a responsabilidade de identificar todos os problemas e as possíveis que as IAs podem trazer para o nosso mundo, nesses tempos tão conturbados.
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