Atire a primeira pedra quem nunca parou para tirar uma foto naquele cantinho da sua loja, bar, restaurante ou local de cultura preferido. Longe de estarem por ali ao acaso, estes espaços instagramáveis já se tornaram praticamente obrigatórios. Mas será que devem parar por aí, ou seja, servirem apenas para um clique de celular?
Segundo Julio Takano, fundador e CEO da KT Kawahara & Takano, empresa especializada em arquitetura de negócios, ecossistemas de varejo e store design, não. “Um espaço instagramável é um local visualmente atraente, projetado para incentivar as pessoas a tirarem fotos e compartilhá-las nas redes sociais, especialmente no Instagram. No entanto, esses espaços não são apenas para fotos, eles devem proporcionar uma experiência completa e memorável para os visitantes”, afirma.
É o especialista quem ajuda a explorar como as marcas podem, então, criar espaços que ultrapassam o conceito de instagramáveis para se tornarem verdadeiras experiências imersivas ao consumidor.
Espaços instagramáveis para além das fotos
O sucesso dos espaços instagramáveis não vem só por agradarem os clientes mais “blogueirinhos”, eles também são uma excelente estratégia de marketing para as empresas. Afinal, além de atraírem consumidores, geram publicidade gratuita quando as fotos são compartilhadas online.
O potencial para transformar visitantes em fãs da marca surge a partir de alguns fatores que promovem experiências imersivas, como o próprio senso de pertencimento sentido por alguém que publica um clique nas redes e marca a o perfil da companhia.
“O grande objetivo desses locais é promover a ideia de ‘10 minutos de férias por dia’, transformando a loja no terceiro lugar na vida do cliente, após o lar e o trabalho. Conforto e funcionalidade são aliados para criar um local aonde vamos porque desejamos e sentimos prazer em ir, não somente porque precisamos”, explica Julio Takano.
Para isso, as marcas podem recorrer – e muito – à interatividade, para que os visitantes possam tocar, mover, saborear ou interagir com produtos e cenários, que valem incluir balanços, espelhos, instalações artísticas ou até biofílicas (vegetações artificiais ou naturais). “Tudo isso gera conexões emocionais”, reforça o especialista.
Outra opção é a utilização de técnicas de experiências imersivas como uso de luzes, sons com frequências sonoras que instigam ou relaxam e até aromas que ativam a poderosa memória olfativa. A decoração também é capaz de contar narrativas visuais, transmitindo mensagens alinhadas ao propósito da marca e tornando o espaço mais envolvente.
A cereja do bolo fica com os incentivos para o engajamento: “para que os visitantes realmente marquem a localização ou a marca nas redes sociais, aumentando a visibilidade do espaço e, assim, criando um fio condutor para fidelizar os clientes”, recomenda Julio Takano.
Elementos para uma experiência imersiva bem-sucedida
Para que um espaço instagramável ou de imersão de uma marca seja bem-sucedido, é essencial considerar uma combinação de elementos de design e arquitetura que criem uma experiência imersiva visualmente atraente e envolvente, que valha a pena o compartilhamento.
É preciso, por exemplo, contar com uma estética coerente ao propósito da marca, incluindo aí a escolha de estilo, cores, materiais, texturas e mobiliário que harmonizem entre si. Iluminação e opção por elementos naturais também têm o papel de valorizar cantos específicos e o ambiente como um todo. Além disso, é sempre possível inovar.
“Pequenos detalhes personalizados, como letreiros com frases inspiradoras, objetos decorativos únicos e peças que remetam à marca ajudam a criar uma conexão com as pessoas. Já artes e murais proporcionam um pano de fundo atraente para exibição de produtos e serviços. Eles ainda contribuem com o engajamento da comunidade, de forma com que ela se torne um ponto de impulsionamento na carreira de artistas locais, reforçando o senso de pertencimento e de antecipação de tendências”, diz o arquiteto.
Ainda é importante que as empresas tenham em mente que o foco de um espaço instagramável é, acima de tudo, fortalecer a marca e seu reconhecimento e aumentar a sua diferenciação e percepção de valor. Por isso, é essencial alinhar o design com a identidade da companhia.
Para Julio Takano, isso passa pelo uso de cores e materiais que representam a marca (“por exemplo, uma marca ecológica pode usar madeira reciclada e tons de verde”), pela incorporação de elementos visuais como logotipos e tipografias nos ambientes, além da interatividade, da narrativa visual e das experiências sensoriais que nunca devem faltar.
“As sugestões práticas podem ser aplicadas em diversos espaços. Em lojas e showrooms, é possível usar displays que destaquem os produtos de maneira criativa; nos escritórios, criar espaços que reflitam a cultura da empresa e promovam produtividade e bem-estar; já em eventos e feiras, você pode desenhar estandes atraentes visualmente e com experiências interativas”, conclui.
O que as marcas andam fazendo
Confira a seguir três cases relevantes do uso de espaços instagramáveis.
Dos pequenos aos grandes negócios
Não importa o orçamento, local disponível ou tamanho do negócio, os espaços instagramáveis podem ser adaptados a diversos propósitos. É o caso da Kibon, que realizou uma ação em supermercados no Rio de Janeiro com a chegada do verão 2024. O cenário de praia era pequeno, mas propício para o consumidor sentar em uma das cadeiras, tirar uma foto e, claro, comprar um sorvete da marca. O carrinho de picolés fazia parte da cena. A ideia acabou merecendo destaque na Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro.
Já outras empresas investem nas experiências imersivas como conceito-chave. A Melissa, por exemplo, tem diversas lojas-galerias, uma delas em São Paulo. Ali, arte, moda e design convergem para oferecer aos clientes uma experiência estética ao conhecer e comprar os produtos da marca. Os stands da Bala Fini também vêm chamando a atenção nesse quesito. Abusando das cores, sentidos e bom humor, são locais que rendem muitos cliques para o Instagram.
Oportunidades
As marcas podem marcar presença com espaços instagramáveis em eventos, feiras e festivais, criando uma conexão com o público, conquistando novos clientes e reforçando o valor da companhia.
Recentemente, o festival de música The Town, realizado em São Paulo, contou com a participação de 32 marcas patrocinadoras e apoiadoras. Segundo a diretora de marketing do The Town, foram 220 experiências de marca diferentes disponíveis ao público, seja por meio de brindes, brinquedos ou espaços.
Entre as empresas presentes estavam Vivo, Heineken, Riachuelo, iFood, Itaú, Coca-Cola, Kit Kat, entre outras.
Para além do óbvio
Hoje, experiências de imersão não necessariamente precisam focar nos consumidores e ter como objetivo a venda de produtos. O engajamento que elas proporcionam podem funcionar em diversos cenários, inclusive no meio profissional. Por isso, algumas empresas têm apostado em escritórios com ambientes instagramáveis.
Além de deixar o dia a dia mais leve, o objetivo é reter funcionários e engajá-los, colaborando para espalhar a cultura da empresa para as redes sociais. Startups e companhias de tecnologia saíram na frente na tendência: alguns nomes a adotar a ideia são a marca americana de cereais Magic Spoon e a agência de comunicação M&C Saatchi Sport & Entertainment. O Google também foi famoso por valorizar espaços divertidos em seus escritórios.
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*Imagem gerada com uso do ChatGPT.