A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando a maneira como vivemos e interagimos com o mundo ao nosso redor. Uma de suas aplicações mais impactantes está na promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência.
Em entrevista com Arthur Igreja, especialista em tecnologia, inovação e tendências, TEDx speaker, palestrante e autor do livro “Conveniência é o Nome do Negócio”, a Consumidor Moderno como a IA está sendo utilizada para melhorar a acessibilidade em produtos e serviços, criar ambientes de trabalho mais inclusivos, e quais são os desafios e inovações emergentes nesse campo.
“Tem muita coisa. Se analisarmos casos mais complexos, por exemplo, no passado, pessoas que usam cadeira de rodas e que estão sem qualquer tipo de movimento e digitavam usando a movimentação com os olhos, a taxa era muito baixa. Era preciso fazer letra por letra. A IA já consegue ter padrões de aprendizado, não só no autocompletar, mas também na forma como a pessoa constrói as suas sentenças”, explica.
A IA também tem sido crucial para pessoas que perderam a voz, permitindo que elas continuem se expressando através da digitalização de suas vozes. Além disso, próteses inteligentes ligadas à IA conseguem capturar sinais elétricos e comandos musculares, proporcionando maior autonomia aos usuários.
Igreja destaca ainda o avanço de dispositivos como os fones da Apple, que têm propriedades de processamento de som avançadas, e as demonstrações do Google, onde pessoas com deficiência visual podem usar seus celulares para obter informações sobre o ambiente ao redor.
Ambientes de trabalho com inclusão e acessibilidade
A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta poderosa para criar ambientes de trabalho mais inclusivos.
“A IA pode auxiliar na intersecção da compreensão de quais são os limites ou restrições impostas por aquele ambiente, bem como quais são as restrições, dificuldades e impedimentos que o indivíduo tem. Fazendo esse mapeamento, é possível tentar entender que tipo de ferramenta de IA poderia mitigar essas questões”, comenta o especialista.
Por exemplo, sistemas de IA podem ser configurados para identificar e remover barreiras arquitetônicas, adaptar interfaces digitais para necessidades específicas, e oferecer suporte personalizado em tempo real. A implementação dessas soluções começa com um mapeamento adequado das necessidades dos usuários e uma exploração do que a tecnologia pode oferecer.
Desafios na implementação de IA para acessibilidade
Apesar do potencial da IA, existem desafios significativos na implementação de soluções de acessibilidade e inclusão. “Existem vários desafios, pois normalmente os desafios são muito individuais. Tem vezes que a Inteligência Artificial até tem aquela potencialidade, mas precisa ser treinada ou não tem a massa de dados, de conhecimento para poder oferecer uma boa performance”, observa Arthur Igreja.
Outro desafio é a criação de experiências que realmente atendam às necessidades dos usuários. Muitas vezes, uma solução tecnicamente viável pode não ser prática ou intuitiva para o usuário final. Além disso, há a questão da disponibilidade de dados em diferentes idiomas e a preparação do ambiente e das pessoas para acolher essas soluções.
Integrando IA em plataformas digitais
A integração da IA em plataformas digitais pode oferecer uma experiência de usuário mais inclusiva de várias maneiras. “Para a IA é muito fácil ter adaptabilidade e personalização em tempo real para oferecer acessibilidade”, afirma o profissional.
Reconhecimento de voz, personalização de interfaces e a capacidade de identificar problemas e sugerir soluções são apenas algumas das maneiras pelas quais a IA pode ser integrada para melhorar a acessibilidade.
Por exemplo, assistentes virtuais equipados com IA podem ajudar usuários com deficiência visual a navegar por sites e aplicativos, enquanto algoritmos de aprendizado de máquina podem ajustar automaticamente o layout e as funcionalidades de uma plataforma para atender às necessidades específicas de cada usuário.
Soluções inclusivas e livres de preconceitos
Para garantir que as soluções de IA sejam inclusivas e livres de preconceitos, é essencial que as empresas reconheçam a importância desse tema. “Acredito que o ponto de partida é reconhecer que esse assunto é imprescindível, é importante, mas ainda muito maltratado, mal abordado”, diz.
As empresas precisam adotar uma abordagem empática, onde a formação e a informação sobre as necessidades das pessoas com deficiência sejam prioritárias. A tecnologia, por si só, não pode resolver todos os problemas; é necessário um ambiente que valorize a inclusão e esteja preparado para implementar essas soluções de maneira eficaz.
Inovações emergentes em IA para acessibilidade
O futuro da IA para acessibilidade e inclusão é promissor, com muitas inovações emergentes. Arthur Igreja destaca que a IA é uma camada de inteligência que precisa de dados e interface.
“Estamos tendo avanços muito interessantes justamente nas interfaces, não só nas interfaces de ficção científica como é o caso do Neuralink. Temos muito mais capacidade de captar sinais do corpo, sinapses, estímulos e tratar isso como informação, digitalizar, tratar como dado. E em uma segunda etapa, a IA pode dar contribuições fenomenais”, aponta.
Esses avanços não se limitam apenas à IA, mas também incluem sensores e atuadores que podem transformar sinais físicos em dados digitais, permitindo uma interação mais intuitiva e eficiente com dispositivos assistivos. A combinação dessas tecnologias tem o potencial de criar soluções inovadoras que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
A IA está desempenhando um papel crucial na promoção da inclusão e acessibilidade, oferecendo soluções que antes eram inimagináveis. Desde a digitalização de vozes para pessoas que perderam a capacidade de falar até próteses inteligentes e dispositivos que ajudam na navegação de pessoas com deficiência visual, as aplicações são vastas e impactantes.
No entanto, a implementação eficaz dessas soluções exige um entendimento profundo das necessidades individuais, uma abordagem empática e inclusiva, e o reconhecimento de que a tecnologia é apenas uma parte do processo.
Com inovações contínuas e um compromisso firme com a inclusão, a IA pode transformar não apenas a acessibilidade, mas a maneira como percebemos e interagimos com o mundo ao nosso redor, criando um futuro mais inclusivo e acessível para todos.
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