A crescente presença da Inteligência Artificial (IA) no cotidiano dos negócios brasileiros tem provocado transformações significativas na forma como empreendedores gerenciam suas empresas, tomam decisões e se relacionam com a tecnologia. É um caminho de evolução sem volta. A IA deixou de ser uma promessa distante para se tornar uma ferramenta concreta no dia a dia dos negócios brasileiros. Mas como os pequenos e médios empreendedores estão lidando com essa transformação?
Os resultados da pesquisa Do caderninho à inovação: os novos caminhos do empreendedor brasileiro, realizada pela Quaest para o Itaú Emps, trazem insights valiosos sobre esse cenário. Ao mapear diferentes perfis de empreendedores, os achados revelam como cada um se relaciona com a tecnologia, especialmente com a IA generativa. Entendendo esses comportamentos, anseios e desafios, é possível avançar apoiando-os com soluções e caminhos de uso e aprendizado focados na evolução de seus negócios.
Esses perfis compartilham pontos em comum, como a busca por orientação de gestão e o uso combinado de ferramentas digitais para controle financeiro. No entanto, as diferenças são marcantes quando se observa o grau de familiaridade com a IA: apenas 20% dos empreendedores mais tradicionais usam IA com alguma frequência. O número sobe para 54% entre os mais antenados, que acessam todos os dias, e chega a 65% entre os exploradores, que interagem com a IA generativa algumas vezes por mês. Esses últimos dois perfis se destacam por utilizar a IA tanto para fins pessoais quanto profissionais, valorizando igualmente agilidade, confiança e a possibilidade de atendimento humano no uso da IA.
Já os líderes de PMEs que estão aprendendo a lidar com a tecnologia demonstram maior preocupação com segurança e precisão, talvez por ainda não dominarem todos os potenciais da ferramenta e por demandarem fortemente orientação de gestão. Aqueles mais tradicionais, por sua vez, priorizam o contato humano e mostram menor confiança na tecnologia, o que exigirá sua adaptação para evoluírem junto com a inovação.
Há uma oportunidade clara: o interesse por orientação de gestão abre espaço para ferramentas de IA voltadas à educação financeira e planejamento estratégico. No caso dos mais exploradores, por valorizarem a agilidade e autonomia, o que lhes favorece são soluções avançadas e personalizáveis. E é aqui que podem se interessar por soluções de IA mais sofisticadas, com foco em performance e crescimento.
IA como caminho, não como destino
A pesquisa revela que o uso da IA entre empreendedores brasileiros é tão diverso quanto os próprios negócios que conduzem. Esses empresários estão em diferentes estágios de maturidade digital, cada um com suas necessidades, resistências e potenciais. O que os une é o desejo de crescer, de gerir melhor e de encontrar soluções que façam sentido para sua realidade.
A IA, nesse contexto, não deve ser vista como um fim em si mesma, mas como uma ferramenta que pode, e deve, ser adaptada ao ritmo de cada empreendedor.
Tecnologia com propósito, escala e empatia
É inegável que a IA tem o potencial de ser uma aliada poderosa do pequeno empreendedor. Mas, para que isso aconteça, é preciso mais do que tecnologia. É necessário escuta, escala, confiança e compromisso com a inclusão. Estar ao lado de cada empreendedor significa oferecer não apenas ferramentas, mas também repertório, segurança e oportunidades claras de crescimento a partir do uso sólido e orientado da IA. Isso implica tornar essa jornada mais acessível e relevante, respeitando sua diversidade.
A IA pode ser o motor da próxima grande transformação nos pequenos negócios. Mas, para que isso aconteça, ela precisa ser compreendida, confiável e, acima de tudo, útil. E é exatamente aí que entram os agentes que já estão à frente dessa revolução, aqueles que têm acesso às soluções mais modernas e capacidade de escalar conhecimento. Seu papel é conduzir essa caminhada com responsabilidade, oferecendo tecnologia com propósito, conhecimento com empatia e soluções personalizadas que respeitem cada individualidade.
A jornada dos pequenos empreendedores brasileiros com a IA está apenas começando e seu sucesso dependerá da capacidade de adaptar a tecnologia às realidades diversas que compõem esse ecossistema. Torná-la acessível e útil é o que permitirá que a IA seja, de fato, uma ponte para o crescimento. E é nesse compromisso com a inclusão, com a educação e com a personalização que reside a verdadeira transformação, a que se constrói junto, respeitando cada trajetória e ampliando as possibilidades de todos.
*Nathália Porto é diretora de Inteligência de Mercado da Quaest.





