* Por Renato Muller
Nos últimos meses, estômago forte é condição essencial para aguentar a maré de más notícias vindas da economia e da política. Quando se pensa que chegamos ao fim do poço, descobre-se que é possível continuar cavando. Quem tem o costume de ler o jornal logo de manhã cedo provavelmente perde a fome.
É tanta negatividade que boas notícias passam praticamente despercebidas. E olha que tivemos, nas últimas semanas, muita gente no varejo mostrando que o mundo não acabou:
– o Magazine Luiza fechou 2014 com vendas 18,7% maiores e elevação de 81,8% nos lucros;
– o Brasil foi o grande destaque dos números anuais do Carrefour, com crescimento de dois dígitos;
– a Riachuelo ampliou as vendas em 16,2% em 2014;
– a Alpargatas, dona da Havaianas, teve crescimento de 8,3%;
– considerando apenas mesmas lojas, a Arezzo cresceu 8% no ano;
– a RaiaDrogasil teve um salto de 53,8% nos lucros e de 11,4% nas vendas em lojas abertas há mais de 12 meses.
Tão importante quanto os bons números de 2014 são as expectativas para 2015:
– a rede de supermercados Comper pretende abrir 9 lojas neste ano, em um investimento de R$ 100 milhões no Mato Grosso;
– em São Paulo, a Coop investirá R$ 90 milhões para abrir 4 lojas e 5 farmácias, além de reformar 5 PDVs;
– a rede de franquias Emagrecentro expandirá a rede em 10% em 2015;
– ainda em franquias, a Cebrac abrirá 24 lojas;
– a expansão da RaiaDrogasil contempla 150 PDVs nos próximos meses, contra 120 em 2014.
Os planos de expansão são ambiciosos, mas baseados na vida real. Trata-se de empresas que mantêm foco constante em suas operações, e não em Brasília, e que perceberam os rumos que o cenário econômico tomaria. Dessa forma, ajustaram suas operações, reviram processos, ?ajeitaram a casa?, e estão em boas condições para investir neste momento.
Como na fábula da cigarra e da formiga, essas empresas não se iludiram com o verão, sabendo que precisavam se preparar para o rigoroso inverno que viria. Quem não se mexeu até agora está, certamente, em uma posição bem mais delicada. Já quem optou por fazer ajustes nos últimos anos está em uma posição mais competitiva e deverá avançar com velocidade. Governança corporativa, disciplina na gestão dos custos e cálculo do retorno sobre os investimentos ganham relevância nesse momento, o que é muito bom para o varejo neste momento em que a eficiência será premiada.
Um ditado bastante conhecido diz que, na crise, há quem fique chorando e há quem venda lenços. Em qual lado você ficará?
* Renato Müller é editor da plataforma NOVAREJO