Segundo dados do Banco Central e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento das famílias brasileiras alcançou patamares recordes nos últimos anos. Mesmo com o aumento da renda per capita em 2023, o crédito fácil e o consumo impulsionado por recuperação econômica levaram a um crescimento na inadimplência. Hoje, quase 80% das famílias brasileiras convivem com algum tipo de dívida ativa.
Juros elevados, processos de recuperação ineficientes e falta de educação financeira criam um ambiente de vulnerabilidade para o consumidor e um desafio operacional para empresas e instituições financeiras. Nesse contexto, a evolução da forma de fazer recuperação se torna não apenas uma oportunidade, mas uma necessidade.
GenAI para uma revolução no setor de crédito
De olho atento em como as novas tecnologias podem auxiliar o mercado em diversas áreas, a Clash, empresa de investimentos e aceleração de negócios digitais, acaba de anunciar a aquisição da GRB, player do setor de recuperação de crédito e negociação de recuperações. Com mais de 10 anos de atuação, a GRB possui forte presença nos setores financeiro e varejo, e passa a integrar o ecossistema da Clash.
A aquisição da GRB marca um novo capítulo na estratégia da Clash, que se consolida como protagonista na evolução do setor de crédito e recuperação no Brasil, com foco em inovação, automação e Inteligência Artificial generativa (GenAI).
A principal inovação da integração GRB + Clash é a aplicação da GenAI para tornar os processos de negociação mais personalizados, fluídos e empáticos. Ao usar grandes volumes de dados e linguagem natural, a tecnologia é capaz de adaptar abordagens em tempo real, oferecendo experiências que respeitam o momento emocional e financeiro do devedor.
“Estamos vivendo um novo ciclo. Acreditamos que a combinação entre dados, tecnologia e empatia é o que vai moldar o futuro das relações de recuperação. A GRB traz robustez operacional e a Clash entrega a ambição tecnológica para reinventar essa jornada”, diz Rouman Ziemkiewicz, Co-Founder da Clash.
Isso representa uma ruptura no setor, tradicionalmente marcado por interações ríspidas, canais fragmentados e baixa eficiência. “Recuperar crédito sem perder o cliente é uma arte. Com a expertise da Clash no uso de IA generativa, transformaremos essa arte em ciência”, salienta Alexandre Bulgarelli, CEO da GRB.
Além da automação, a Clash aposta em um modelo híbrido: tecnologias de autoatendimento integradas a equipes humanas especializadas, garantindo uma jornada digital completa, sem rupturas, respeitando o canal e o formato preferido de cada cliente.
Educação financeira como parte do plano
A estratégia da Clash vai além da recuperação. O grupo tem investido em iniciativas de educação financeira, incentivo ao consumo consciente e soluções com taxas justas e flexíveis — reforçando seu papel como catalisador de uma cultura de crédito mais saudável no Brasil.
De acordo com a empresa, a transação envolveu desafios relevantes e foi concluída com a atuação do /asbz como assessor jurídico e estratégico da operação, liderado pelo sócio Ricardo Melaré. Além disso, participaram do processo o Itaú BBA, atuando como assessor financeiro, e a PwC, responsável pela due diligence financeira e operacional.
No mercado desde 2016, a Clash acumula R$ 6 bi investidos em empresas, entre elas Mutant, Interaxa e Intervalor. O grupo planeja fechar o ano de 2025 com faturamento de R$ 1 bi.