Estima-se que a cada 10 litros de combustível não renovável sejam emitidos 2 quilos de gases do efeito estufa (GEE). Além disso, a idade média dos veículos de frota no País é de oito anos, e a dos veículos independentes chega a 17 anos. Vale acrescentar que veículos mais antigos consomem mais combustível, emitem mais GEE e demandam mais manutenção, elevando os custos econômicos e ambientais.
E o que tudo isso tem a ver com o varejo? Simples, esses números impactam diretamente o abastecimento das lojas, independentemente da área de atuação. Se houver melhorias, os ganhos são extraordinários. É possível reduzir custose o impacto ambiental com administração e controle das despesas. Abastecimento, manutenção e análise estratégica do desempenho de veículos e condutores são ferramentas para alcançar tal objetivo. Tudo isso pode envolver alta tecnologia ou sistemas mais conhecidos e de uso comprovado.
A Nutricash, que possui a Máquina de Vendas como cliente, faz a gestão de combustível e manutenção de frotas por meio de soluções como um cartão de meio de pagamento que, ao permitir o abastecimento, alimenta o sistema automaticamente com indicadores de desempenho do condutor e do veículo. Outra solução de gestão de manutenção possibilita ao gestor elaborar planos de prevenção com a emissão de alertas.
?Ele pode acompanhar os custos de sua operação identificando, por exemplo, veículos com consumo anormal de combustível, condutores mais eficientes e transações fora do padrão, entre outros?, afirma Maurício Macias, gerente de TI. Tais informações implicam decisões como a necessidade de manutenção, renovação da frota, identificação dos fornecedores mais competitivos, melhores rotas ou mesmo desvios de conduta profissional.
Benefícios econômicos e ecológicos
Segundo o gerente de inovação da Ecofrotas, Rodrigo Somogyi, a gestão de abastecimento e manutenção gera benefícios econômicos e ecológicos. ?A redução de custo pode chegar a 25%, e há um impacto ambiental significativo, pois os relatórios calculam as emissões de gases e o desempenho do veículo por litro de combustível?, explica.
Eficiência energética
Todas as ações definidas na gestão da frota têm impacto direto nas emissões de gases do efeito estufa. ?A não substituição no momento correto de uma simples vela de ignição, por exemplo, pode fazer com que o consumo de combustível aumente em até 30%?, explica Giovani Amaral, CEO da Sofit. A utilização de frotas mais sustentáveis reduz em média 25% a emissão de GEE. ?Temos clientes que reduziram em mais de 40% as emissões de CO2, como é o caso da BRFoods?, comenta Somogyi.
Meio Ambiente
Nada mal ser a primeira no mundo a ter, no segmento de transportes, um programa voltado para a redução da emissão de gases via geração de créditos de carbono. A iniciativa é da Ecofrotas em parceria com a Way Carbon. ?O projeto é voltado para frotas de veículos leves com tecnologia flex. As empresas que aderirem deverão abastecer exclusivamente com etanol?, explica Somogyi.
Com a venda de créditos de carbono no mercado voluntário, é possível minimizar o custo com ações de mitigação das emissões. ?Além disso, há a possibilidade de se utilizar esses créditos para compensar emissões de outras áreas poluidoras da empresa?, aponta Amanda Kardosh, gerente de relacionamento em sustentabilidade da Ecofrotas.
A Sofit também lançou um programa inédito. Denominado 1 Veículo = 1 Árvore Plantada, atribui gratuitamente para seu cliente uma árvore plantada para cada veículo gerenciado. As árvores são plantadas em Mato Grosso, e a empresa pode visualizar e acompanhar o crescimento de sua fazenda de árvores por meio do site www.curupira.com. Todas as árvores são devidamente identificadas com etiquetas RFID.
A iniciativa do parceiro Curupira está baseada numa plataforma eletrônica que oferece à empresa a possibilidade de ter uma floresta real e monitorá-la virtualmente. Dentre os recursos oferecidos estão o monitoramento do crescimento das árvores, fotos de animais que, atraídos pela recuperação da natureza, retornaram ao seu habitat original, e cálculo de compensação de dióxido de carbono (CO2).
Ações bem-sucedidas
Buscando melhorias no sistema de logística, o Walmart Brasil, em parceria com os fornecedores, começou a testar alternativas para aumentar a eficiência dos veículos, como o uso de defletores e a redução de viagens de caminhões vazios. Também realizou um projeto-piloto de uso de biodiesel em cinco fornecedores que reduziu as emissões e deverá ser ampliado. Ainda com o intuito de manter um sistema logístico mais sustentável, a empresa está renovando sua frota particular, formada pelos carros de executivos, com veículos de motor flex.
A meta é aumentar em 18% a eficiência da frota de mercadorias em emissão de GEE até 2015. Entre as medidas estão a implementação de aerofólio para caminhões em 85% da frota, que visa a diminuir em até 4% o consumo de diesel nas rotas interurbanas e a utilização do biodiesel 5% em 4% das rotas urbanas, o que chega a reduzir até 5% nas emissões.O programa ainda otimiza os trajetos rodados, reduzindo em 278 mil quilômetros.
Outro exemplo do varejo que utiliza gestão de frotas é o Supermercados Piratininga. A solução da Sofit é utilizada no controle dos gastos com combustível e também na manutenção de pneus dos 13 veículos da empresa. De acordo com Oscar Junson Júnior, gerente de TI da rede Piratininga, o software controla tanto os carros dos diretores da empresa quanto os caminhões que fazem o transporte das mercadorias entre a matriz e as filiais e, também, os caminhões menores que realizam as entregas das compras em domicílio.
Utilizada há três anos, a solução vem contribuindo para a otimização dos custos relacionados à frota de veículos dos supermercados. ?Temos todas as informações para controlar a frota: os gastos, a quilometragem rodada, a manutenção e a troca dos veículos?, explica Júnior.
A indústria também está preocupada com um transporte mais sustentável. A BRF, gigante mundial do mercado de alimentos, optou pela frota própria após um estudo da Ecofrotas, que indicou este como o modelo mais adequado ? a manutenção dos veículos foi terceirizada. Os resultados surpreenderam. O gerenciamento de 6 mil veículos levou à redução de 45% de veículos parados e a uma melhoria de 44% na emissão de GEE.