Pensar em soluções para um público específico vem se tornado comum no mercado, inclusive no de tecnologia. Com a ascensão da preocupação com a saúde e a necessidade de continuar os cuidados dentro de casa por causa da pandemia, inúmeros aplicativos e plataformas ganharam atenção no último ano, por exemplo.
Mas um mercado ainda mais específico está mostrando potencial: o do bem-estar das mulheres, com soluções voltadas às suas realidades e pensadas exclusivamente para elas. As femtechs são as empresas responsáveis por isso.
A essência das femtechs
São empresas de desenvolvimento voltadas às soluções de saúde para o dia a dia das mulheres, tornando-o mais prático. Dessa forma, as femtechs constroem serviços digitais para contribuir com o cuidado com a saúde, como fisioterapia, acompanhamento de gestação e do ciclo menstrual, entre outros.
O mercado é tão forte que foi visto como um dos mais importantes para as próximas décadas pela Forbes nos Estados Unidos, segundo a qual o mercado das femtechs movimentaria cerca de 50 bilhões de dólares em um futuro próximo. Ainda de acordo com a publicação, o ramo é um dos que mais recebe investimentos por lá, algo que também pode se repetir aqui no Brasil.
O termo femtech já vem sendo utilizado a algum tempo, mas sua criação é creditada a Ida Tin, criadora do Clue, um dos aplicativos de acompanhamento de ovulação mais conhecidos do mundo, com uso inclusive no Brasil. O nome vem da união dos termos “Feminino” e “Tech”, um resumo do que essas empresas fazem: colocar a tecnologia a serviço do universo da mulher.
Quebra de paradigma
Mas, além de promover soluções tecnológicas para as mulheres, as femtechs também buscam mudar paradigmas sobre temáticas femininas na sociedade. Para isso, trazem opções que não apenas contribuem com a saúde das mulheres, mas que garantam que elas tenham mais controle sobre seus corpos, diminuindo o tabu sobre o assunto. Além disso, muitas das soluções são voltadas para informar sobre sintomas de doenças como câncer de mama, ajudando também no diagnóstico e tratamento.
De acordo com a pesquisa Femtech: Empowering Women’s Health, publicada na BCC Research, a criação de cada vez mais soluções voltadas às mulheres também contribui com a quebra de tabus dentro do próprio mercado de tecnologia, permitindo que tanto pessoas quanto investidores passem a enxergar o mercado com a atenção devida.
Mercado de saúde para as mulheres
O mercado feminino já é algo que, por si só, apresenta potencial. De acordo com a pesquisa da BCC Research, cerca de 80% dos gastos domésticos com saúde são feitos por mulheres, além delas gastarem 29% mais em saúde em comparação com homens na mesma faixa etária.
No Brasil, isso não é diferente. Dados do próprio IBGE mostram que as mulheres cuidam mais da saúde do que os homens, indo mais frequentemente ao médico e buscando maneiras de cuidar do bem-estar físico e mental mesmo em casa e sem uma questão de saúde específica.
Dessa maneira, também estão mais propícias a acompanharem detalhes da sua saúde com mais atenção, o que explica o grande potencial dessas soluções aqui no Brasil, mas também em todo o mundo.
Além disso, a pesquisa internacional aponta que 2020 criou novas necessidades no segmento da saúde da mulher, que antes tinha seu grande foco em aplicativos para gestação e ciclo menstrual. De acordo com o artigo, novas preocupações com a saúde, impulsionadas pela pandemia de coronavírus, também criaram essa lacuna de novas soluções que podem ser pensadas em favor das mulheres.
Como o mercado tem grande potencial de crescimento, femtechs podem aproveitar essas possibilidades para conquistar o público e o mercado nos próximos anos.
Possibilidades de aplicações
O mercado da saúde é amplo e mesmo que muitas soluções sejam voltadas a todos, ainda há segmentos que podem ser pensados exclusivamente para mulheres.
Além disso, quando plataformas, aplicativos e redes são nichadas para necessidades desse público, também acabam chamando mais atenção, pois criam a possibilidade de transformar o espaço em uma comunidade (muito comum em aplicativos de gestação, por exemplo).
- Gestação e Maternidade: é um dos segmentos mais comuns, pois é um tema que causa dúvidas entre as mulheres, além de já exigir esse acompanhamento constante por parte dos médicos. Além disso, esse segmento tem grande potencial de criação de comunidades, pois reúne em um só lugar pessoas passando pela mesma situação.
- Ciclo menstrual: outro tema muito comum dentro das femtechs, a menstruação ainda é um tabu para muitas, fazendo com que ainda existam muitas dúvidas acerca do tema. Por isso, aplicativos de controle do ciclo menstrual buscam solucionar a questão, enquanto informam a usuária sobre detalhes da sua saúde.
- Controle de exames: mulheres precisam fazer exames específicos anualmente ou em uma frequência determinada. Entretanto, nem sempre elas têm o controle correto desses exames, como datas e resultados, o que pode dificultar um determinado diagnóstico. Dessa maneira, aplicativos que garantam esse acompanhamento médico específico podem ser uma ótima solução.
- Exercícios físicos: apesar de serem uma necessidade de todos, mulheres tendem a ter um objetivo em comum quando o assunto é treino. Com as medidas de isolamento, muitas passaram a treinar em casa, buscando por opções voltadas às mulheres, e não para um público geral, o que abriu espaço para plataformas e aplicativos nesse sentido.
As femtechs exploram um segmento que ainda tem muito a crescer e que apresenta uma importância que vai além da própria lucratividade do negócio. As mulheres são maioria na população mundial e também no Brasil, são tão conectadas quanto os homens, buscam soluções na tecnologia e – mais importante – têm seu espaço em todo os setores da sociedade cada dia mais consolidado. É um público que não pode ser ignorado.
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