Durante o primeiro dia da II Conferência Sodexo de Qualidade de Vida, diversos temas foram discutidos. Um deles – e certamente o mais polêmico, justamente por ter uma porta-voz conhecida pelo mundo todo – foi a senioridade. Para tratar a respeito disso, o evento recebeu a atriz e ativista Jane Fonda. Com mais de 80 anos, ela apresenta uma vitalidade exemplar. E foi justamente esse o tema de sua apresentação.
De acordo com Jane, há 20 anos ela teve um insight. Aos 62 anos de idade, percebeu que se sentia melhor do que nunca – e pensou que fosse única. Contudo, depois de algumas pesquisas, percebeu que a sensação é normal, que esse sentimento costuma se manifestar em pessoas com mais de 50 anos. Diante dessa nova perspectiva, a atriz percebeu que a idade tem mais a ver com potencial e com experiência do que com envelhecimento. “A forma como nos sentimentos tem relação com quem somos e com nossas escolhas”, acredita.
Engajada com a ideia de ter uma vida melhor e bastante longa, Jane investiu em novos hábitos. Por exemplo, tornou-se uma pessoa fisicamente ativa e investiu em autoconhecimento. “Tive que entender onde estou, mais do que aonde vou. Precisei entender quem sou, independente do que as pessoas diziam ou pensavam de mim”, afirma. Além disso, procurou entender seus pais e avós: quem eles eram? Por que tomaram as decisões que tomaram, como pais e avós? “Tudo o que somos tem relação com quem nos criou”, defende.
Jane cita Viktor Frankl, um sobrevivente do Holocausto que também foi médico e escritor, e que disse, certa vez, que é impossível escolher a realidade, mas é possível decidir como vamos reagir a ela. A atriz foi além dessa citação e descobriu que essa verdade funciona também para o funcionamento do cérebro: seu pensamento muda a sua realidade e sua reação neurológica.
A atriz conclui sua apresentação com uma bela frase: “o nosso propósito de vida, é nos fazer nascer antes da morte”.
Sustentabilidade
A experiência de Jane Fonda com certeza foi a mais esperada da tarde. Contudo, outros grandes nomes das mais diversas áreas de atuação também participaram do evento. Um exemplo é Pedro Tarak, um empreendedor que deu origem ao conceito de Sistema B, uma organização que identifica e qualifica empresas realmente sustentáveis.
Mais do que um idealista, ele é um realizador. Logo no começo de sua apresentação, falou sobre a Mata Atlântica e citou a empresa brasileira Natura como uma referência do Sistema B. No Reino Unido, ele cita como exemplo a marca Guayaki, marca da qual ele é conselheiro estratégico. Como explica Tarak, empresas B são aquelas que tem as soluções sustentáveis em seu core, em seu sistema de governança, etc. Ou seja, essa é uma métrica rigorosa – e uma das maiores marcas de Tarak.
Grandes minorias
Em outra história contada na mesma tarde, o público teve a oportunidade de conhecer Anousheh Ansari, uma empreendedora que quebrou diversas barreiras no Irã. Ela se tornou a primeira mulçumana a viajar para o espaço, a primeira pessoa iraniana a ter essa experiência e a primeira mulher a ser turista no espaço. Segundo Anousheh, uma das experiências mais marcantes dentro dessa história foi justamente a possibilidade de estar em paz com pessoas que estiveram em guerra com seu país além, é claro, de ter a chance de realizar um sonho de infância.
A experiência de Sanjit “Bunker” Roy também foi contada na primeira tarde do evento. Na ocasião, ele contou sobre seu sonho de investir em uma educação realista, baseada na sabedoria de pessoas reais – e não necessariamente com mestrado ou doutorado. O sonho se realizou e, assim, Roy desenvolveu o Barefoot College, dentro do qual a primeira demanda é a pobreza. “Quando me pediram para colocar a ideia em prática, eu não quis arquitetos ou engenheiros, mas pessoas que precisavam de uma escola”, diz.
Para que as pessoas pudessem de fato compreender a forma como o colégio funciona, ele deu um exemplo de uma dentista que não sabe ler ou escrever, mas cuida do dente das crianças. ‘Se eu pergunto a um engenheiro como adquirir água, ele pensa em diversas estruturas complexas. Mas, por lá, um senhor teve a ideia de simplesmente coletar chuva – como a humanidade fez por muitos anos – e resolveu um problema que tínhamos”, lembra.