A evolução da sociedade passa pelas nossas mãos. Graças a elas, construímos ferramentas, produtos e tecnologias que nos fizeram evoluir como sociedade. Os polegares opositores, claro, tiveram grande influência nisso. E é exatamente com a ajuda das nossas mãos que o artista britânica Mat Chivers quer fazer a primeira escultura de arte contemporânea da história.
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Explica-se: durante o evento C2, organizado na cidade de Montreal, no Canadá, Chivers deixou uma montanha de argila à disposição dos visitantes. Lá, cada um pega dois pedaços da terra e aperta bem firme, de maneira que o modelo das mãos e as impressões digitais se mantenham presentes.
A meta é pegar 1 500 amostras diferentes até o fim do evento, que vai ser na próxima sexta-feira (27). Aí entra a inteligência artificial.
Por meio das amostras, Chivers irá treinar uma inteligência artificial criada pela empresa Element AI. O objetivo é entender como interagimos com a nossa realidade material a partir do aperto da argila.
Algo subjetivo
A escultura, que pode-se dizer resultado de uma sinergia de tecnologia e dados humanos, será esculpida em rocha. Depois de pronta, fará parte do acervo do Museu de Arte de Joliette, na região metropolitana de Montreal.
O resultado ainda é algo distante de ser imaginado, segundo Chivers. Confira a conversa que o artista teve com a reportagem da Consumidor Moderno.
Qual é o objetivo do projeto?
Uma das coisas que estou interessando é como esse tipo de movimento criou as ferramentas que temos hoje. Por 2 000 anos, muitos seres humanos criaram materiais que mudaram o conhecimento e até mesmo como desenvolveram nossos cérebros.
O que mudou de milhares de anos para cá?
Mat Chivers – Há uma diferença enorme do que fazíamos antes e agora. Nós temos a capacidade de manipular e usar esses recursos para criar tecnologia. Isso define as características da nossa espécie. O que estamos tentando fazer é tentar, de um jeito, é mostrar como a inteligência artificial “parece”. A IA é algo que está em volta da gente, mas muitos se perguntam como ela se parece. Vamos tentar trazer essa relação sensorial das nossas mãos para fazer uma máquina construir.
E como essa análise vai funcionar?
A máquina vai escanear todas as amostras e entender a forma como as pessoas seguram objetos. A partir daí vai desenvolver uma série de dados para fazer a escultura. Estou fazendo um paralelo entre o impacto da inteligência humana e o da inteligência artificial.
E qual vai ser o visual dessa escultura?
Eu não faço ideia. Aí está a beleza do projeto e da arte. Vai parecer algo com uma mão, mas com certeza vai ter bastante diferente. Esse é o risco do projeto, que o deixa bem divertido.