A educação financeira infantil pode contribuir para que a criança tenha consciência desde cedo sobre como lidar com o próprio dinheiro. Quando os pais se dispõem a ensinar aos filhos a importância de saber lidar com o dinheiro, seja para poupar ou investir, eles contribuem com a formação de adultos que sabem o quanto uma vida financeira planejada pode contribuir com realizar sonhos e alcancar metas.
Diante desse cenário, o Serasa lançou, em parceria com o Instituto Opinion Box, a pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”. O lançamento aconteceu para marcar o Dia das Crianças, durante a 3ª edição Serasa Comportamento, e reuniu o especialista em educação financeira Thiago Godoy, conhecido como “Papai Financeiro“, e o COO do Opinion Box, Felipe Schepers.
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“Nós queremos entender a relação dos pais com o dinheiro e como eles lidam com esse assunto com os seus filhos. Tem um objetivo claro da relação que ele tinha na infância, com a relação que tem gerado para a infância e adolescência dos seus filhos. Mas temos que voltar à origem e entender qual a relação dos pais com as finanças”, explica Felipe Schepers.
A pesquisa mostrou que seis em cada 10 pais nunca tiveram uma conversa sobre finanças com seus pais quando eram crianças. Entre as mulheres e pessoas das classes D e E esse indicador se sobressai, com um percentual, respectivamente, de 65% e 64%. Já os homens somam 48%, enquanto as classes A e B somam 45% e a classe C 53%.
Com qual idade falar com os filhos sobre finanças?
Outro dado apontado pela pesquisa é que, atualmente, oito em cada 10 pais dizem conversar com seus filhos sobre finanças. 19% dos pais ouvidos nunca conversaram sobre finanças com seus filhos, enquanto 24% começaram a tocar no assunto com crianças de até cinco anos. Dentro da classe D e E, o percentual de pais que não abordam o tema com os filhos chega a 25%.
Vale destacar que a introdução do tema ocorre principalmente quando esclarecem “quais produtos são caros ou baratos”, “o que é possível ou não comprar”, seguido por “mostrar a importância de guardar dinheiro”.
“Não é cultural falar de dinheiro dentro de casa, é um tabu, e se não falarmos disso continuará sendo. Nossos filhos precisam ver esse assunto diferente da forma que nós vimos. Mas falar do assunto não é necessariamente falar da forma correta. Hoje se aborda de uma maneira negativa, com briga, em geral pelo uso do não, sem explicar o contexto, de forma que a criança não tem consciência de porque não pode comprar, é tão ruim quanto não abordar o assunto”, avalia Thiago Godoy.
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Para o especialista, que possui um canal de educação financeira, as crianças precisam aprender a entender o valor do dia no dia a dia. “O assunto dinheiro precisa ser estruturado dentro de casa e ser tratado da forma mais leve possível. A criança precisa e tem condição de entender a origem, o porquê, se o pai e a mãe tiverem paciência de trazer esse assunto de uma maneira recorrente e tranquila”, sugere.
Os especialistas apontam ainda que o dinheiro virtual é prejudicial para a saúde financeira da criança, já que essas abstrações, para os pequenos, dificultam a entender conceitos de volume e quantidade. Uma criança de sete anos não sabe exatamente a diferença entre uma nota de R$ 100 ou de R$ 5. Ela não sabe os números tão bem quanto um adulto. Ver o volume de notas e moedas é importante para que os filhos tenham a sensação de que estão poupando.
Apenas 39% dos pais dão mesada aos seus filhos
Outro dado revelador da pesquisa mostra que 61% dos pais não proporcionam mesada aos filhos, e 39% disseram que passam um valor mensal às crianças. Entre a idade daqueles filhos que recebem mesada, a maior parte tem de seis a 11 anos, e são 54%, seguidos pela faixa etária dos 15 aos 18 anos, com 45%. Em terceiro lugar aparecem aqueles que têm de 12 a 14 anos, com 40% e, por último, as crianças de até cinco anos, com 21%.
Ao avaliar a idade dos filhos, é possível identificar que os pais de crianças de 6 a 11 anos têm mais costume de dar mesada para os filhos, seguido pelos pais de filhos de 15 a 18 anos.
“Temos uma realidade muito diferente do momento da mesada de acordo com a faixa etária dos filhos. O mais interessante é ver também qual o valor e para quê. Primeiro, 62% dos pais dão a mesada mensalmente, e 74% dão menos de R$ 100. Mas, na verdade, metade da até R$ 60. Isso depende do rendimento da família. É interessante ver que a mesada é dada com finalidade, e o principal é o lanche da escola. No fundo, é uma mesada que não é para poupar, porque só em segundo lugar está ‘guardar para o futuro’”, comenta o COO do Opinion Box.
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Thiago Godoy complementa que essa questão reflete na mentalidade que temos hoje, sobre usar o dinheiro de forma reativa, para pagar contas, como o lanche que a criança vai usar na escola. Porém, ele reforça que a mesada deve ser mais ampla que isso. “O valor da mesada não é tão importante, melhor ainda que seja baixa”. Godoy reforça que o mais importante é a criança ter a experiência de errar; de gastar o dinheiro que tinha e precisar fazer sacrifícios no período restante para entender que o dinheiro não voltará.
O especialista pontua ainda que os pais não devem cobrir a mesada do filho quando o dinheiro acaba antes de finalizar o mês, porque é importante que as crianças aprendam com o erro na infância para que ele não se repita na fase adulta.
Cuidar da educação e do futuro financeiro dos filhos é uma missão dos pais
Segundo a pesquisa, 72% dos pais não fazem algum tipo de investimento ou poupança para os filhos atualmente. Vale destacar que 49% ainda não fazem, mas pretendem fazer no futuro. Enquanto isso, apenas 28% fazem investimentos para o futuro dos filhos. Entre esse público, 60% dos filhos sabem que os pais fazem algum investimento ou poupança pensando no seu futuro.
“A primeira educação financeira que um filho vai ter é observar os hábitos dos pais. Eles tendem a imitar o que você faz. Se você não compara preço, se você toma crédito irresponsável ou fica constantemente endividado, ou briga por dinheiro em casa, a criança vai observar. Tem que começar com essa educação financeira em casa”, aconselha o “Papai Financeiro“.
Saber como será guardado o dinheiro de poupança para o filho é também um ponto importante. Felipe frisa que quando os pais guardam na própria conta estão se expondo a um risco grande, uma vez que, em caso de emergência, o que seria poupado para as crianças pode ser gasto para cobrir gastos não previstos. Já Thiago reforça que uma conta com liquidez não é recomendada para guardar o dinheiro que será destinado ao futuro dos filhos. O ideal é investir, quando é pensado a longo prazo, em algo que proteja da inflação e proporcione uma rentabilidade garantida.
Porém, a renda da família é determinante para definir os hábitos de investimentos para o futuro dos filhos. Enquanto 51% dos pais das classes A e B já investem pensando no futuro de suas crianças, na classe C esse percentual cai para 27%. Já na classe D, esse hábito está presente na realidade de 17% das famílias.
Educação financeira que passa de pais para filhos
Nove em cada dez pais concordam que a família tem papel fundamental em ensinar sobre educação financeira para as crianças e adolescentes. Outros 89% afirmam ensinar aos filhos a importância de ter uma vida financeira saudáve, e 81% se preocupam em ensinar ao filhos a importância de poupar ou fazer investimentos a longo prazo, pensando na faculdade, por exemplo.
“Educação financeira é mais ampla que o investimento. É saber lidar com a vida financeira equilibrada, poupar para sonhos e conquistas, não se endividar. O mais importante é que as pessoas conheçam o papel, a importância e a relevância desse assunto. Já é o grande primeiro passo”, finaliza Thiago Godoy.
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