Com o aumento dos índices de inadimplência, gerado pelo crescimento da inflação e do desemprego, em consequência da crise econômica que o país atravessa, os bancos estão preocupados em se aproximar do consumidor e criar condições para que os endividados renegociem suas pendências com mais facilidade e objetividade. De forma discreta e sem precisar falar com o gerente, o consumidor pode ficar livre das cobranças por telefone.
Para isso, algumas instituições financeiras criaram espaços exclusivos em seus sites para que o consumidor acesse detalhes de sua dívida, vencida ou não, e faça um refinanciamento dela. Em alguns casos é possível juntar as pendências com cartões de crédito, empréstimo e cheque especial, por exemplo, e transformar em um único crédito pessoal. Tudo sem intermédio de ninguém.
O Banco do Brasil lançou esse canal em 2014 e de acordo com Walter Malieni Júnior, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos da instituição, a ideia surgiu porque havia um número expressivo de consumidores que se dirigiam ao Procon (e a outros órgãos de defesa do consumidor) para tentar renegociar as dívidas com o banco. “Percebemos que grande parte das reclamações eram sobre renegociação e que podiam ser resolvidas por nós por meio de um canal como o site. Depois que passamos a oferecer essa opção o número de reclamações no Procon foi reduzido consideravelmente”, avalia.
Hoje, o consumidor acessa o site do BB com os dados da sua conta corrente e senha. E por meio da opção Solução de Dívidas, seleciona o tipo da dívida (se atrasada ou em dia) para assim conseguir renovar seu crédito, aumentando o número de parcelas e reduzindo o valor (em caso de contas vigentes). Ou então fazer um parcelamento de dívidas vencidas. Para ajudar, no site mesmo existe uma assessoria em tempo real. “O cliente consegue tirar dúvidas sobre a navegação e o fechamento do acordo no site por um chat online”, explica o executivo.
Segundo Malieni, já foram mais de 3,5 milhões de acessos à essa ferramenta desde o lançamento. “O perfil do público é diferente do que vai à agencia negociar com o gerente. Para se ter uma ideia, 45% dos consumidores, que fecharam acordo por meio do site, possui renda mensal inferior a R$ 1900”, afirma Malieni. “O valor médio das negociações de pessoas físicas é de R$8.000”, completa. De acordo com o executivo, as renegociações feitas pelo site têm maior índice de adimplência do que as feitas por meio de terceiros. “Percebemos que 50% da procura por renegociação no portal é de clientes que estão com alguma dificuldade para pagar seus débitos, mas estão se esforçando para manter as contas em dia, são adimplentes”, explica Malieni.
O Banco do Brasil prevê o lançamento de um aplicativo, até o mês de outubro, para que a renegociação de dívidas seja feita de forma mais prática e inteligente.
A Caixa Econômica lançou uma ferramenta parecida em junho deste ano destinada a renegociação de dívidas para pessoa física. De acordo com a assessoria da instituição, é possível renegociar dívidas com atraso superior a 60 dias e no valor total de até R$49 mil. Também é possível juntar vários tipos de dívidas e fazer um único financiamento, com exceção de financiamento de imóveis e dívidas de cartão de crédito.
No entanto, é necessário que o consumidor pague 10% da dívida na primeira parcela, e o restante pode ser dividido em até 96 meses. Além do site exclusivo, o banco montou uma frente de negociação em seus perfis no Facebook e Twitter, e planeja lançar um aplicativo dedicado ao serviço.