Em recente notícia veiculada na Internet, li que a regularização de dívidas caiu pela sexta vez seguida, de acordo com o indicador de recuperação de crédito do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com a reportagem:
Na comparação com junho, o número de pessoas inadimplentes que regularizaram as suas pendências financeiras em atraso e tiveram o CPF retirado dos cadastros de negativação, registrou queda de 0,40%. No acumulado do ano, o volume de consumidores que limparam o nome também é negativo: -5,39%.
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Claro que não precisa ser nenhum gênio da lâmpada para perceber os motivos que levaram à piora neste indicador: economia estagnada, queda nas vendas (e, consequentemente nas comissões), aumento da tarifa de energia elétrica, serviços e juros mais caros, entre outros fatores que contribuem para o quadro atual. Veio-me à memória uma questão bastante delicada: o empréstimo de dinheiro a amigos. Sendo você, meu querido leitor, o amigo da história, deveria ou não fazê-lo? Seguem algumas considerações.
Por que um amigo pede dinheiro emprestado a outro?
Com certeza porque os juros cobrados serão mais baratos do que os existentes no mercado de crédito, mas esta não é a questão principal a se levar em consideração. Os bancos, as financeiras e demais empresas especializadas em crédito costumam efetuar análise criteriosa da capacidade de pagamento do futuro devedor, e isto não é por maldade. Sendo um negócio como outro qualquer, os empresários do setor avaliam riscos e rentabilidades em suas operações.
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Agora a questão crucial: será que você, como credor, terá tal capacidade de avaliação? Ou indo um pouco mais além, e se o seu amigo está lhe solicitando o empréstimo por já ter esgotado todas as demais opções existentes no mercado? Concorda que são altas as chances de você não rever seu dinheiro?
E se seu amigo descumprir as datas combinadas?
Suponha, por exemplo, que seu amigo tenha tido uma emergência não coberta pelo plano de saúde e, por este motivo, tenha sido necessário adiar a parcela de R$ 800 reais, valor que havia separado para lhe pagar ainda este mês. Como você reagirá? Pessoalmente, eu me irritaria caso soubesse que a inadimplência do meu amigo tenha sido consequência de um comportamento displicente, acreditando ele que, por ser seu amigo, eu seria compreensivo. E você?
Não há risco de você se tornar inadimplente, caso não receba?
Empresas de crédito têm à disposição formas de captar recursos, sem contar que, possuindo muitos clientes, os recursos emprestados estarão pulverizados, diluindo assim o risco da inadimplência. Infelizmente, isto não ocorre com indivíduos que, quando emprestam, emprestam parte de seus salários, ou de suas reservas, normalmente para uma única pessoa, concentrando, portanto, o risco. Logo, meu caro, se você pretende entrar nessa, trabalhe com o pior cenário que é o de ficar a ver navios e, se neste cenário tenebroso você não for o próximo a entrar na lista dos inadimplentes, vá em frente.
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E quanto ao cartão de crédito?
Bastante comum alguns amigos pedirem para comprarmos um produto ou serviço em nosso cartão de crédito, comprometendo-se a nos pagar na chegada da fatura. Fuja disso, pois em caso de inadimplência do amigo, somado a um orçamento apertado, você corre o risco de precisar parcelar a fatura, incorrendo em despesas de juros. Já soube de casos em que ao ressarcir o dono do cartão pela compra em seu nome, o devedor recusou-se a cobrir os juros do parcelamento, criando assim uma terrível confusão. Resultado final? Sem dinheiro e brigado com o amigo, que tal?
Conclusão
Pela dúvida, prefiro não arriscar amizades e, com certeza, negaria o empréstimo (com exceção aos pais, filhos ou cônjuges); e, para evitar constrangimentos, pensaria em desculpa mais florida para a minha negativa.
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Roberto Zentgraf é consultor em Finanças Pessoais e colunista do portal ?Você Faz Acontecer? – site de educação e organização financeira do grupo Losango.