A inovação pode ser a grande aliada para contornar as atuais dificuldades econômicas e colocar as pequenas e médias empresas em rota de crescimento. É inegável que a economia brasileira passa por um momento de forte instabilidade, com o índice de desemprego batendo recordes, aumento de impostos, queda do consumo das famílias e do nível de produção das empresas. No entanto, ainda que o período traga incertezas, os empreendedores devem ter em mente que muitas oportunidades surgem em momentos de crise.
É comum, porém, que o empreendedor associe a ideia de inovação à invenção de algo totalmente novo e que demande altos investimentos. Essa visão equivocada faz com que muitas vezes a inovação seja colocada de lado, sobretudo em momentos de escassez de recursos como o que enfrentamos atualmente. Porém, criar algo do zero é apenas uma entre tantas maneiras de inovar.
O termo, na verdade, deve ser mais associado à criatividade e disponibilidade mental para fazer as coisas de uma maneira diferente. Alguns exemplos de inovação passam pelo modo como os produtos são apresentados, na transformação de modelos de negócio e de gestão, nas ações de marketing e inclusive em novas parcerias.
Em momentos de crise, quando o consumo se torna mais seletivo e restrito, as empresas que ampliam o entendimento de inovação passam a criar novas possibilidades e a atrair novos consumidores. Ou seja, esse pode ser o caminho para o empreendedor se proteger dos efeitos negativos do atual cenário.
É preciso encontrar formas e, principalmente, tempo para desenvolver novas ideias. Esse ponto é uma das principais dificuldades do empreendedor. De acordo com pesquisa global elaborada pela Sage, 84% dos empresários brasileiros trabalham além do expediente normal e consideram essa postura decisiva para o sucesso dos negócios. Diante disso, colocar novas ideias em ação fica em segundo plano, sobretudo porque os empresários acreditam não possuir tempo para pensar em inovação.
O empresário deve ter em mente, porém, que trabalhar muitas horas não é sinônimo de eficiência ou produtividade, ainda mais se o tempo gasto além do expediente normal envolver somente tarefas burocráticas, que não se revertam em aumento de lucro. É preciso entender que, em momentos de crise, estratégias de inovação são ainda mais necessárias. E que nem sempre isso significa mais investimento de recursos financeiros, mas sim de tempo para revisar processos, quebrar paradigmas e pensar em como fazer as coisas de um modo diferente. Crises podem ser oportunidades de grande aprendizado e disrupção, permitindo que novos caminhos sejam descobertos e que resultados surpreendentes sejam alcançados. Estarão a frente aqueles que utilizarem o momento como impulso para alterar comportamentos e adotar novas estratégias que reforcem sempre a sustentabilidade do negócio.
Jorge Santos Carneiro é presidente da Sage no Brasil