Ações significativas em relação à inclusão é o novo imperativo para marcas e negócios. Este é o primeiro recado do novo relatório produzido pela agência global de comunicações de marketing, Wunderman Thompson.
O documento Inclusion’s Next Wave, lançado em julho traz tendências que não devem ser ignoradas pelas empresas, oferecendo alternativas para que elas assumam o papel de redesenhar um mundo mais inclusivo, exerçam sua influência para quebrar barreiras e se dirijam cada vez mais à equidade.
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Entre as tendências apontadas, está a de design massivo de inclusão, que é levar produtos e serviços que consideram as necessidades de pessoas com deficiências (PCD) do mercado de nicho para o mercado de massa.
De olho na novidade para negócios que prezam por acessibilidade, a Consumidor Moderno resume aqui as considerações centrais do relatório sobre o novo movimento rumo a uma maior inclusão de grupos uma vez tão marginalizados.
Inclusão já é questão para todos
Realizado no Brasil, China, Japão, Reino Unido e Estados Unidos por meio de estudo de campo, entrevistas com especialistas e representantes de comunidades marginalizadas, estudos de casos e pesquisa quantitativa, o relatório Inclusion’s Next Wave traz como principal resultado que “diversidade, equidade, acessibilidade e negócios inclusivos entregam diversas vantagens, mas aqueles que entrarem nisso pensando apenas nos benefícios financeiros, estão deixando de notar algo importante”.
Números trazidos pela pesquisa feita pela Wunderman Thompson dão a base para a conclusão. Afinal, 90% dos mais de cinco mil entrevistados disseram que igualdade é um problema de todos e 75% acreditam que marcas e empresas devem exercer um papel em resolver os grandes desafios sociais de nossos tempos.
Além disso, 80% mostraram estarem atentos para além das aparências, pois para eles ações de inclusão e igualdade não significam nada a não ser que estejam integradas por toda a organização. A questão é tão importante que 60% afirmaram que marcas que não pensam na inclusão se tornarão irrelevantes em um futuro próximo.
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Quanto às políticas empresariais voltadas às pessoas portadoras de deficiência, o que se espera é um envolvimento genuíno com a causa a longo prazo. 86% dos respondentes dizem que as empresas devem não somente trabalhar para este grupo, mas com este grupo – ou seja, incluindo-o em suas contratações e consultorias. Já 78% confirmam que marcas que queiram apoiar a inclusão das PCDs precisam criar um impacto duradouro, que vá além de eventos ou datas específicas.
Segundo o estudo, esta nova onda de inclusão está sendo impulsionada por um cenário transformado por diversos fatores, como a mudança de visão de mundo trazida pela pandemia de Covid-19, avanços tecnológicos, o crescimento do poder de demanda dos trabalhadores e grupos minoritários e as atuais lutas políticas globais, que colocam temas sensíveis sob os holofotes.
O crescimento da adoção de práticas que seguem o conceito ESG também colabora.
Design de inclusão massivo é design de excelência
Como resposta a este cenário, uma das tendências trazidas pelo Inclusion’s Next Wave é o design massivo de inclusão, que viria para atender a maior população marginalizada de todos os grupos trabalhados nas políticas de inclusão e acessibilidade. Afinal, segundo o documento, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo apresentam algum tipo de deficiência hoje.
“Muitas das experiências negativas de ser uma pessoa com deficiência vêm da falta de produtos inclusivos”, fala Christina Mallon, diretora de design inclusivo da Microsoft ao relatório. Nesse sentido, o documento também lembra que 72% das pessoas acredita que é o mundo que precisa se adaptar a essas deficiências, e não o contrário.
Apesar de ter as PCD como foco, a tendência frequentemente acaba alcançando grandes audiências, uma vez que um design de produto que se atente à acessibilidade acaba conduzindo, no geral, a um design de excelência.
Como exemplo, o relatório cita ferramentas que foram pensadas para melhorar a acessibilidade de pessoas com deficiência, mas acabaram sendo bem-vindas pelo público geral. É o caso das rampas rebaixadas em calçadas, que beneficiam os usuários de cadeiras de rodas, mas também ciclistas, mães com carrinhos de bebês, pessoas com malas de rodinha ou simplesmente pedestres.
“Quando você faz um design para as pontas específicas do público, acaba atingindo a média também”, afirma Kat Holmes, autora do livro Mismatch: How Inclusion Shapes Design.
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Algumas marcas globais, por sinal, já tomaram a dianteira do movimento e lançaram ações sob a ótica do design massivo de inclusão. Uma delas é a de roupas e acessórios Tommy Hilfiger, que, além de lançar coleções acessíveis nos últimos anos, pretende ter opções adaptáveis em todas sua gama de produtos, inclusive infantis, até 2025.
As varejistas on-line Zappos (Estados Unidos) e Tmall (China), por sua vez, adicionaram a possiblidade de se comprar somente um pé em vez do par de sapatos de grandes nomes como Converse, Reebok e Puma. A medida busca atender pessoas amputadas, mas pode acabar atingindo também o público geral.
Já a marca de cereais Kellogg’s está mudando toda sua linha de embalagens para incluir um QRCode que permita à pessoas com deficiência visual acessar, por meio de um smartphone, informações sobre ingredientes, alergênicos e até como reciclar o pacote. A facilidade pode acabar agradando também quem deseje acessar os dados de maneira on-line.
Estes são apenas alguns exemplos, entre outros que vão desde o varejo e o mundo fashion a setores tecnológicos e de mobilidade.
Como pegar a onda: o que fazer para ter um negócio inclusivo
Enquanto a tendência da inclusão e acessibilidade se torna mandatória na percepção dos consumidores, os desafios para sua concretização continuam aparecendo.
Um deles é garantir acessibilidade digital, inclusive em tecnologias ainda a se consolidar, como o Metaverso. É a chamada e-acessibilidade. Além disso, de acordo com o Inclusion’s Next Wave, 83% das pessoas concorda que as marcas não devem usar os espaços digitais como uma desculpa para evitar prover acessibilidade nos espaços físicos reais. Ou seja, um avanço não anula o outro.
Diante disso, o relatório traz dez dicas para o novo empreendedor e também para negócios que já existem trabalharem inclusão e acessibilidade – seja de pessoas com deficiência ou qualquer outro grupo como mulheres, LGBTs, negros, 60+, etc. – de uma maneira positiva e que traga impactos reais no mundo:
1) Pensar de maneira inclusiva primeiro, em todas as iniciativas e campanhas.
2) Começar por dentro, ou seja, tornar a inclusão uma cultura da empresa, se perguntando sobre sua força de trabalho e sua organização interna antes de pensar externamente.
3) Ser transparente e sempre mensurar os progressos feitos com dados.
4) Priorizar pontos de vista diversos.
5) Lembrar que inclusão e acessibilidade são uma jornada, que os resultados não serão atingidos da noite para o dia.
6) Trabalhar com as comunidades marginalizadas, e não para elas. Isso significa trazer aqueles com experiências autênticas de vida para moldar o design e o marketing da empresa.
7) Abraçar todo o espectro da diversidade e não um só nicho.
8) Elevar vozes diversas, por meio de colaborações e incentivos, por exemplo.
9) Atuar sempre sob a ótica da inclusão, não somente em datas ou momentos oportunos.
10) Esforçar-se para ter papel determinante na mudança.
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