Os consumidores estão com urgência de tudo.
Querem sempre ter a melhor experiência de compra, adquirir os mais qualificados produtos e serviços pelo preço mais conveniente, receber atendimento instantâneo e resoluto e, preferencialmente, comprar sem sair de casa e receber tudo na maior velocidade possível.
Qual é o futuro dessa pressa toda? Qual é o preço disso? E quem paga essa conta?
O delivery do imediato, realizado de forma ultrapersonalizada no varejo, é o objeto de desejo do momento. Apesar de prioritário e utilitário para questões vitais de consumo – como na compra de medicamentos e alimentos –, fica difícil julgar o que é necessário ou desnecessário para alguém e, assim, definir se vale ou não sair correndo para fazer determinada entrega na velocidade da luz. Uma bolsa de grife para ir hoje a uma festa imperdível vale mais ou menos que uma bolsa de água quente para colocar nas costas travadas?
Vivemos a era da eterna novidade, cada vez mais acelerada. A alta tecnologia é o meio, a supervelocidade, o ritmo, e a eterna novidade, o impulso para as vendas. Com isso, hábitos foram reestruturados com velocidade nunca antes vista: o mercado lança novidades incessantemente; que circulam instantaneamente na mídia; que mobilizam os consumidores on-line; que desejam imediatamente a ideia da posse de determinados bens; que os adquirem instantaneamente e divulgam suas aquisições; que deixam de ter sentido com outras novidades que se tornam o happening do momento; e tudo se repete num moto-contínuo que movimenta um mercado universal e bilionário, e que localiza e situa bilhões de pessoas que aprenderam a viver dessa forma.
Quem criou esta demanda primeiro?
Neste momento, tanto faz, pois já está feito.
O fato é que os consumidores podem estar preparados e querendo sempre tudo de bom e do melhor, cada vez mais rápido. As soluções integrativas de Inteligência Artificial podem até dar conta do recado, mas será que os fornecedores de insumos, os produtores de mercadorias e as estruturas de distribuição estão preparados na mesma proporção? E mais: será que essa logística ilógica combina com os preceitos da nova economia, mais sustentável, mais respeitosa, mais consciente?
Antes de prometer e se comprometer, a dica é refletir se vale ou não entrar nessa competição, analisando prós e contras e pensando de forma sistêmica.
Para ajudar na sua decisão, pergunte-se:
- Estou protegendo o meio ambiente e valorizando as energias renováveis?
- Estou estimulando a economia local e sendo inclusivo na seleção de meus parceiros?
- Estou promovendo o consumo consciente e fazendo negócios justos?
- Estou preocupado com a saúde física e mental de meus colaboradores e parceiros?
- Estou agindo de forma ética e respeitosa junto a todos os stakeholders?
- Estou considerando, além do lucro financeiro, o lucro social?
- Estou pensando não apenas no presente, mas no futuro da minha família e dos meus negócios?
E aí? Vai começar, parar, continuar ou remodelar a sua estratégia?
Isso sim é urgente, e é um delivery para já.
Marina Pechlivanis é fundadora da Umbigo do Mundo e especialista em gift economy e gestão do encantamento.