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Dadaísmo digital: o poder do absurdo para tirar você da zona de conforto 

Dadaísmo digital: o poder do absurdo para tirar você da zona de conforto 

A irreverência e o nonsense podem desafiar normas, criar conexões autênticas e transformar o marketing, a arte e fazer você sorrir. Precisa mais?

Em um mundo cada vez mais envolvido em incertezas e tensões, a arte do absurdo renasce como uma ferramenta poderosa para desafiar normas, gerar engajamento e proporcionar momentos de alegria inesperada. No SXSW 2025, Dan Murphy, VP de Marketing da Liquid Death, Benji Geary, cofundador da Meow Wolf, e Aaron Tichenor, da Boyabaddie, mergulharam na estética do nonsense, explorando como o absurdo não só entretém, mas também cria novas formas de conexão com o público.

Em 3 pilares, seja no marketing irreverente da Liquid Death, ou nas experiências imersivas e psicodélicas da Meow Wolf ou ainda na estética exagerada de Boyabaddie nas redes sociais, esses criadores trouxeram uma experimentação que priorizou o poder da criatividade sem limites. Um pouco mais de coragem para romper barreiras e transformar narrativas. Já é tempo de lançarmos um olhar mais provocativo sobre como o inesperado e o desconfortável geram impacto e reforçam o valor da criatividade pelo simples prazer de criar. Afinal, em tempos tão conturbados, talvez a melhor resposta seja abraçar o caos.

Contextualizando, o Dadaísmo foi um movimento artístico e literário de vanguarda que surgiu em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, como uma resposta radical ao caos e à irracionalidade do mundo. Rejeitando convenções estéticas e lógicas, os dadaístas exploravam o absurdo, o humor, a espontaneidade e a subversão das normas culturais e políticas. 

Entre o deboche e a irreverência, artistas como Marcel Duchamp e Tristan Tzara utilizavam colagens, poesia sonora, ready-mades e performances iconoclastas para questionar o papel da arte e da sociedade. Mais do que um estilo, o Dadaísmo era uma atitude de desafio e ruptura, influenciando movimentos posteriores, como o Surrealismo e a arte conceitual. Nesse sentido, explorar esses princípios em um momento onde a aparência e a narrativa têm mais importância do que a estética e exploração de novos rumos, recuperar o dadaísmo funciona como uma válvula de escape, um refúgio e uma forma de expressão tanto para as pessoas, quanto para as marcas. Fim da introdução coxinha.

A partir desse ponto, não espere mais muito sentido. Apenas atire tudo para o alto e leia como se só houvesse amanhã. 

A nova estética do dadaísmo digital entende que não há mais notícias. É melhor acreditar que o lugar mais perigoso de um show de heavy metal não é a pista, e sim o banheiro. E, por isso, não vale desperdiçar um centavo ou segundo sequer para entender o mundo. Buscar o absurdo ou estranho não é algo com o objetivo de mostrar “criatividade” ou ser replicado em empresas cheias de regras, é simplesmente para ganhar atenção.

(Atenção, nada disso é para ser levado a sério. Mesmo, inclusive, as metáforas inexistentes). “Quanto mais vivemos, mais perto ficamos de morrer” é uma forma de encarar, bem, esse período torturante que chamamos de vida. E o que os dadaístas digitais pretendem é justamente causar estranheza e alegria. Afinal, o mundo está repleto de depressão e ideias negativas e o absurdo e o estranho podem abalar perfeições, desalinhar as simetrias e trazer aquele frescor que falta no dia a dia. É um movimento que não tem compromisso com a academia, com lutas e com a lógica. É um caminho para causar espanto e motivar reações a partir do que é, aparentemente, ultrajante e uma resposta para a insanidade do mundo.

Onde está o chão?

Por onde passa o tubo da experiência? Enfie a cabeça na meia e veja o que for possível. O colega ao meu lado fez isso. No palco. O AirDrop envia a foto e todos queremos degustar o Liquid Death, a bebida não-alcóolica de crescimento mais rápido da história. E isso abusando do absurdo. É uma marca “Dada” para quem gosta de subir pelas paredes.

Quem não quer rir? E quem permite rir de si mesmo? Estamos no único painel do SXSW onde os palestrantes têm zero problemas em se avacalharem. Talvez eles tenham consigo sopa de cogumelos, who knows? Como podemos falsificar a autenticidade e parar de levar a sério essa vibe de ser “autêntico” e falar em tom severo sobre o quanto as marcas devem ser “verdadeiras” com seus clientes? Alguém acredita nisso? Será que essa autenticidade não é uma maldição que só torna as empresas terrivelmente chatas?

De onde viemos e não temos a menor intenção de voltar

Vamos lá: toda a conversa sobre o retorno às origens e de volta ao básico é tremendamente aborrecida. A gente quer sentir alguma coisa e mandar aquela call do zoom pra bem longe e pegar um energético pra aguentar um dia que promete ser um porre. E aí depois, o dia passa, a gente se sente como gelatina azul e finalmente chegamos em um painel completamente anárquico como só o SXSW pode trazer. E por que diabos os eventos guardam a etiqueta e escondem o humor atrás das cortinas? Pense, se quiser: vamos nesses eventos para fazer “networking”, que em outras palavras é a forma moderna de pedir: “coloque seu dinheiro comigo porque tenho uma meta a cumprir”. 

Zero intenção de voltar para o passado. É uma realidade. Buscar a criatividade feita em conjunto, consensual, é bom destacar. Todo mundo fala em “sair da caixa”, mas e se a caixa for mais legal? E se a caixa for mais criativa? E se a caixa for mais feliz?

Atenção não se compra. Você não tem dinheiro para isso. Os dias de comprar atenção por um bica de dinheiro estão morrendo. E o mundo parece estar disponível para os que abrem uma janela para o absurdo. Boa hora para um speed dating. Sua marca está disposta? E a experiência do cliente, ela se sente em casa com o absurdo? Pode apostar que sim.

Dada experience. Pode ser uma provocação? Pode ser arte. As pessoas vão gostar do look e vão comentar. Valor de fala no topo. Sorriso no rosto, dinheiro na conta.

That’s all, folks.

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