Crédito e dívidas são temas naturalmente ligados. É impossível falar de um sem pensar em outro. E, como comenta o economista e professor Eduardo Gianetti, o tema Por que devemos? Uma visão diferente e original do que motiva e leva as pessoas a se endividarem, está muito conectado ao comportamento humano.
Assim, ele conta que existem duas situações pelas quais o ser humano pode passar, dentro desse tema. “Existem as posições credora e devedora”, explica. No primeiro caso, estão incluídas as situações em que o consumidor aceita passar por um sacrifício presente para ter um beneficio futuro”, diz. Ou seja, o cliente para primeiro pelo bem e, depois, usufrui.
A outra posição chamada devedora, acontece quando o consumidor primeiro paga por um item ou serviço para depois utilizá-lo. “O beneficio precede o custo”, explica Gianetti. “No primeiro caso, a espera tem compensação. No segundo, o preço da impaciência pode não valer a pena”.
Como ele afirma, não há nada de errado com qualquer uma dessas posições. São fatos. Porém, elas se refletem no comportamento diante da dualidade entre pessoas calculistas – que têm paciência e planejam – e indivíduos impulsivos. “De onde vêm nossas preferências nesse sentido?”, questiona.
Ambiente humano
Diante dessa pergunta, o especialista conta sobre um teste de gratificação, experimento realizado com crianças. A partir do teste, descobriu-se que crianças de aproximadamente quatro anos que são mais impacientes tiveram um futuro mais envolvido com drogas, com notas piores e mais problemas familiares. E o contrário também era válido.
Existe, de fato, uma separação entre personalidades – aquelas que obedecem “o primata que nos habita” – e economiza, pensando em um futuro de escassez – contra os que vivem de acordo com o “córtex pré-frontal” – reagindo de acordo com a emoção momentânea. Como Gianetti pontua, nenhuma dessas personalidades está errada. São apenas dados convenientes no momento vivido pelo Brasil.