Um a cada 6 segundos. Essa é a quantidade de golpes que os brasileiros sofreram nos primeiros meses de 2021, de acordo com uma pesquisa da dfndr lab, laboratório de cibersegurança da PSafe.
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Hoje, é comum encontrar pessoas que já passaram por algum tipo de golpe na internet. O resultado disso é o aumento da desconfiança dos consumidores, que pensam mais antes de realizar alguma transação financeira pela internet, assim como comprar em um e-commerce menos conhecido ou por marketplaces.
Com tamanha desconfiança dos clientes, a preocupação com a cibersegurança por parte das empresas tende a aumentar, algo também impulsionado pela nova Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD. A lei entrou em vigor em 2020 e prevê punições para empresas que não protegerem as informações de seus clientes ou as utilizem para atividades diferentes das informadas às pessoas.
“A lei também exige que os controladores e processadores adotem medidas técnicas e administrativas para proteger os dados pessoais contra acesso não autorizado, destruição acidental ou legal, perda, alteração e exposição”, explica Marijus Briedis, CTO da NordVPN, especializada em soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual. Ou seja, a empresa precisa estar preparada para enfrentar esse tipo de problema e proteger seus clientes.
Consumidor desconfiado
A cibersegurança é um dos pontos mais importantes para as empresas atualmente. E isso não vale apenas para as que atuam diretamente no mundo online. Segundo especialistas em cibersegurança, toda empresa que tenha algum tipo de sistema digital precisa ter cuidado com dados, documentos, informações e quem acessa tudo isso.
No caso de e-commerces e marketplaces, que atendem diretamente o público consumidor, é preciso ainda mais cuidado: quando se trata de dados pessoais e bancários, os clientes estão cada vez mais desconfiados e receosos em informá-los. Um dos grandes motivos são os golpes aplicados, além de não ser tão claro o que cada site pode ou não armazenar, o que também pode causar essa desconfiança.
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De acordo com Marijus Briedis, a própria LGPD deixa isso em aberto. “Não existe uma definição clara sobre quais dados podem ou não ser utilizados, porém a lei estabelece princípios para a coleta e processamento de dados”, explica.
Entre esses princípios estão: responsabilidade, não discriminação, propósito legítimo, transparência, segurança, precisão e outros. “A lei também indica as circunstâncias em que os dados podem ser processados e o consentimento do usuário é o primeiro e mais importante aspecto”, salienta o CTO.
Além de dados
Não é apenas de roubo de dados que sobrevivem os invasores online. Uma outra preocupação, dessa vez do lado da empresa, são os malwares (visando se infiltrar em computadores para causar danos ou roubar informações) e ransomware (bloquear sites e sistemas e pedir um resgate para a liberação).
Em agosto deste ano, a Renner, uma das maiores varejistas do país, teve seu e-commerce derrubado por quatro dias por conta de um ransomware. Comprar pelas lojas físicas também não estava sendo algo fácil: além do sistema todo ter ficado fora do ar, seu retorno foi bastante lento.
Essa ação poderia ter causado um vazamento de dados de clientes ou da empresa, por exemplo, tornando a situação ainda mais séria. Ou seja, quando se trata de cibersegurança, não são apenas os dados que estão em risco, mas também outros processos internos e externos de cada empresa, exigindo um cuidado ainda maior por todas elas, não apenas as que lidam diretamente com o consumidor.
A cibersegurança aplicada em e-commerce e marketplaces
Realizar compras online, sem saber ao certo se seus dados estarão ou não seguros pode gerar desconfianças na hora do consumo. Por isso, segundo Marijus Briedis, sites e empresas que seguem os procedimentos requeridos da LGPD e de cibersegurança, acabam sendo mais confiáveis nesse sentido.
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“A lei de proteção de dados requer uma abordagem baseada em risco para a segurança da informação. Isso permitirá identificar riscos e ameaças cibernéticas relevantes, implementação de controles de segurança adequados e realização de monitoramento contínuo para garantir que os mecanismos de segurança existentes sejam suficientes”, esclarece.
Além de seguir os procedimentos indicados, outros pontos também precisam ser prioridade dentro das empresas.
Capacitação
“É fundamental que a equipe técnica tenha total conhecimento sobre os aspectos da legislação, fazendo com que os e-commerces e marketplaces desenvolvam atividades de forma correta. Desta maneira, será possível realizar as respectivas aquisições, estando os clientes cientes de que a empresa dispõe de um corpo técnico qualificado, ferramentas robustas de cibersegurança e processos bem definidos para manutenção dos dados”, afirma o especialista.
Gestão de informação
Para o CTO da NordVPN, saber gerir os dados é um dos pontos mais importantes desse processo, pois essas informações, muitas vezes, precisam ser compartilhadas em equipe e, sem um processo bem definido, pode existir vulnerabilidade nisso. “Em uma empresa, existem vários departamentos que às vezes precisam compartilhar dados entre si. É importante que a empresa tenha ferramentas que permitam a gestão de todas as informações relevantes. Da mesma forma, permitindo ao usuário manter todo o seu respectivo histórico pessoal de dados”, diz.
Como o consumidor pode se proteger
Segundo Marijus Briedis, toda empresa que solicita algum tipo de informação de seus clientes precisa deixar claro para que aquilo será utilizado e que segue as diretrizes da LGPD. “É possível fazer isso através de pop-ups na página inicial, por exemplo, entre outros locais do site que informem ao seu cliente”, indica.
Mas, para garantir uma segurança maior, o especialista também dá algumas dicas para quem consome pela Internet:
● Acompanhe regularmente sua fatura do cartão de crédito e extrato bancário;
● Acompanhe seu CPF no Registrato, do Banco Central. Por lá, você tem consulta gratuita a relatórios de chaves Pix, de empréstimos, de financiamentos, de contas em banco e outros;
● Ignore ligações, mensagens e e-mails suspeitos. Sempre que houver alguma dúvida, busque outro meio de contato oficial;
● Troque todas as senhas em contas onde seus dados foram expostos. Utilize senhas longas com variedade de letras, números e símbolos. Quanto maior o número de caracteres melhor;
● Não repita senhas em contas diferentes.
Como falado anteriormente, o tema da cibersegurança é um dos mais importantes atualmente no mundo dos negócios e envolve inúmeras tecnologias que podem tornar os processos mais seguros e eficazes.
O evento “CONAREC 2021 – Decifre o Consumidor Hackeado”, um dos mais importantes para o setor, discutirá, entre outros pontos (como big data e algoritmos)exatamente isso: como entender as tecnologias, os dados dos clientes e tornar esse processo mais seguro. Assim, a cibersegurança não é algo que as empresas constroem sozinhas, mas sim com ajuda e conhecimento de outros setores do mercado.
A cibersegurança na experiência do cliente
Tão importante quanto a adequação à agenda ESG, o constante investimento em cibersegurança é um item obrigatório na jornada de uma boa experiência para o cliente – a medida que o risco de ameaças cibernéticas cresce exponencialmente.
A segurança cibernética, ou cibersegurança, é um conjunto de ações tomadas para proteger informações de uma empresa no mundo digital, evitando vazamento de dados e informações, por exemplo. Dados de clientes, documentação da empresa, informações sigilosas ou sensíveis, entre outros itens, precisam estar protegidos tanto para garantir a segurança dos clientes quanto para a própria empresa. Ou seja, não é apenas sobre proteger as informações internas, mas também cuidar dos dados externos.
E quando uma empresa tem seus dados expostos, a sua reputação pode ser colocada em xeque, o que prejudica sua imagem para clientes e, muitas vezes, até seu valor no mercado. No mundo corporativo, a cibersegurança ganha cada vez mais destaque, pois influencia a maneira como a empresa é vista no setor, assim como a confiança depositada, algo importante para qualquer negócio. E para a relação com o cliente, quando bem utilizada, pode ser uma das ferramentas para ajudar na fidelização do consumidor. Uma vez que um bom atendimento oferecido em um ambiente seguro é um grande atrativo. Segundo um estudo publicado pela empresa NeoAssist em agosto de 2020, 68% dos consumidores brasileiros estão dispostos a gastar até 20% a mais em troca de atendimentos satisfatórios.
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