O mercado voltado para o público sênior está ganhando cada vez mais relevância em diferentes segmentos da economia. Com a expectativa de que o número de idosos no Brasil dobre nos próximos 30 anos, esse grupo representa uma parcela crescente e significativa de consumidores, especialmente no setor farmacêutico.
A edição de 2024 do Estudo do Mercado Sênior, realizado pelo Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (IFEPEC) em parceria com o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da Unicamp, revelou novos insights sobre os hábitos de compra dos consumidores com 50 anos ou mais em farmácias. Foram entrevistados com 2.200 consumidores e 300 cuidadores de idosos de todas as regiões do Brasil.
Preocupação com preço dos medicamentos
De acordo com a pesquisa, o critério mais importante para 91% dos entrevistados ao escolher uma farmácia é o preço dos produtos. Isso demonstra a sensibilidade desse público em relação aos custos. O estudo indica que 36,9% dos consumidores acima de 50 anos dependem da aposentadoria, enquanto 21,1% ainda estão envolvidos em atividades informais remuneradas e 19,3% são empregados do setor privado.
Essa preocupação com o preço é compreensível, dado que 67,7% dos entrevistados afirmam pagar por seus próprios medicamentos, enquanto 28,1% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Programa Farmácia Popular para ter acesso aos remédios.
As despesas com medicamentos tornam-se ainda mais relevantes, já que 73,3% dessa população lida com pelo menos uma doença crônica, como hipertensão (54,1%), diabetes (24,2%) ou colesterol alto (19,3%).
Apesar de 85,8% dos entrevistados afirmarem que pesquisam preços em outras farmácias, a fidelidade aos estabelecimentos preferidos se manteve forte. A pesquisa revelou que 61,4% dos consumidores compram medicamentos quase sempre na mesma farmácia, enquanto 30% compram sempre na mesma unidade.
Além do preço, outros critérios também influenciam a escolha da farmácia. Cerca de 60,1% dos entrevistados consideram a localização um fator importante, seguido por disponibilidade de estoque (54,4%), estacionamento (52,9%), participação no programa Farmácia Popular (43,6%) e a qualidade do atendimento (39,2%).
Desafios com a gestão de medicamentos
Um dado preocupante revelado pelo estudo é que 48,1% dos entrevistados mencionaram ter dificuldade para lidar com seus medicamentos. Entre os principais entraves estão: leitura das embalagens (25,3%), cumprimento dos horários (17,3%) e partir comprimidos (14,9%).
A pesquisa também trouxe à tona que 45% dos entrevistados afirmam praticar alguma atividade física, sendo a caminhada a prática mais popular. Esse dado sugere uma conscientização maior sobre a importância da saúde e prevenção, ainda que a maioria dos entrevistados já conviva com doenças crônicas.
Mudanças nos hábitos de compra: a ascensão do digital
Em relação aos hábitos de compra, o estudo mostra que, embora a maioria dos consumidores (86,6%) ainda prefira realizar suas compras presencialmente, vem ocorrendo uma ligeira migração para o ambiente digital: cerca de 17,5% dos entrevistados mencionaram utilizar o WhatsApp para realizar pedidos e 8,7% utilizam aplicativos de farmácias.
Esse crescimento, embora ainda tímido, representa uma mudança de comportamento quando comparado aos dados de 2020, quando o uso de plataformas digitais para compras era menor.
Os dados da pesquisa deixam claro que o público 50+ representa uma fatia significativa e estratégica do mercado farmacêutico no Brasil. Com uma população em envelhecimento e uma demanda crescente por medicamentos e serviços de saúde, as farmácias precisam estar cada vez mais preparadas para atender às necessidades desse grupo. Edison Tamascia, presidente da Febrafar, reforça a atenção e adaptação do setor. “Esse público, além de crescer em número, está consumindo cada vez mais nas farmácias. Estas, por sua vez, devem se adaptar para atender esse público, o que impacta diretamente nas estratégias de venda”, destaca o executivo.