A pandemia foi a grande propulsora da telemedicina, que caminhava a passos tímidos antes da covid-19: seu uso só era permitido em casos específicos e emergenciais, por exemplo. Foi nesse cenário que a Conecta Médico iniciou suas operações, há três anos, apostando na jornada pré e pós consulta realizadas 100% online.
A startup surgiu oficialmente em 2018, após a percepção da necessidade de acompanhamento e orientação de pacientes atendidos na clínica do médico Rodrigo Kikuchi e, até então, era apenas um produto digital dos atuais sócios da empresa, André Neves e Marcio Nagato.
Em 2019, com o auxílio do pós-graduado em economia da saúde e atual CEO da empresa, Carlos Pappini, o projeto tornou-se independente e arquitetado para o novo conceito de telemedicina.
“Nós otimizamos a jornada digital integrada com a off-line, gerando uma plataforma mais humanizada, com soluções de consulta e exames, e possibilidade de acesso às medicações para o paciente. Esse modelo gera acesso e desfecho clínico, com previsibilidade aos gestores de planos de saúde, além de incluir oportunidades para que a cadeia farmacêutica, hospitais e clínicas possam disponibilizar seus produtos e serviços diretamente”, explica Carlos Pappini.
Contudo, para o executivo, foi durante a pandemia que a startup pode fortalecer suas operações: “A empresa, apesar de existir há três anos, operacionalmente iniciou suas atividades em abril de 2020, portanto, a própria natureza do nosso core business, a telemedicina, está suportada na cultura do digital e, portanto, para nós acabou sendo até uma oportunidade a mais para fortalecer esta nova cultura de trabalho e mercado.
Sempre trabalhamos com o propósito de impactar a vida das pessoas de forma positiva, levando acesso e desfecho clínico para o maior número de pessoas de forma sustentável ao sistema. Esse propósito em tempos pandêmicos tornou-se exponencial, pois tínhamos a certeza de estar impactando milhares e até milhões de vidas em um período único da nossa história”, destaca o CEO da Conecta Médico.
Plataforma gratuita e white label
A Conecta Médico atua com um modelo de marketplace, onde médicos e pacientes interagem para agendamento, pagamento e realização de consultas. A plataforma é gratuita para ambos, contendo monetização por um espaço de mídia para a indústria farmacêutica.
“Percebemos que em outras plataformas, a consulta é realizada online, porém, o paciente não tem direcionamento sobre a aquisição dos medicamentos prescritos e também com outros serviços, como agendamento de exames e até monitores clínicos à distância. Sendo assim, nos esforçamos para direcionar uma experiência completa e mais segura até mesmo no pós-consulta”, informa Carlos Pappini.
Ainda, a Conecta Médico possui projetos B2B, onde foi desenvolvida uma plataforma white label para indústrias farmacêuticas, redes de drogarias, planos de saúde e demais empresas do setor.
“Vale ressaltar que para cada projeto temos uma modelagem personalizada em termos de layout, funcionalidades e protocolos clínicos, estruturada em um modelo de tecnologia exclusivo, centrado em um hub onde os profissionais atendem os pacientes, indiferente da origem da demanda do contratante institucional”, destaca o CEO.
Atualmente, a startup tem investido na ampliação das tecnologias embarcadas na plataforma que facilitem cada vez mais o médico realizar suas consultas.
Novos devices chamados de IoT’s (internet das coisas) estão sendo acoplados, o que permitirá aos médicos monitorar os seus pacientes à distância em relação aos principais indicadores clínicos, como hipertensão, diabetes, dislipidemia entre outros.
“Estamos investindo também na construção de uma jornada híbrida, online e off-line, pois entendemos que não existe uma saúde apenas digital ou somente analógica. A convergência é a palavra-chave para atendermos os pacientes de forma cada vez mais personalizada gerando saúde, bem-estar e qualidade de vida exponenciais”, destaca o executivo.
Nesse sentido, a startup recebeu recentemente um aporte de R$ 8 milhões da Interplayers – a empresa adquiriu 25% de participação – e agora visa o desenvolvimento da omnicanalidade na companhia, que já conta com 20 colaboradores diretos e uma rede de 5 mil profissionais credenciados, entre médicos e outras especialidades.
Com o novo aporte, a perspectiva é que a startup cresça 400% em faturamento nos próximos três anos.
Futuro da telemedicina
O Brasil vive uma discussão sobre o novo marco regulatório da telemedicina, uma vez que a legislação sobre o tema veio em forma provisória para o momento da pandemia.
Para o executivo da Conecta Médico, esta nova regulação trará obrigações mais complexas, mas ao mesmo tempo vai normatizar o setor, aumentando a segurança aos pacientes e médicos.
“Existem estimativas muito promissoras quando projetamos a saúde conectada, ou seja, o digital integrando serviços e cuidados ao paciente. Estamos apenas no início desta estrada que não tenho dúvida, têm o potencial de agregar valor pela inovação, sem adicionar custos em um setor já apertado economicamente”, ressalta Carlos Pappini.
Para garantir serviços cada vez mais assertivos através da telemedicina, o CEO comunica que a startup está lançando dois novos produtos: uma plataforma de consultas de pronto atendimento e as linhas de cuidado para diabetes, hipertensão e doenças respiratórias.
“Estas decisões foram fundamentais para as perspectivas futuras da empresa e também para o fechamento com nosso novo sócio estratégico”, revela o CEO da Conecta Médico.
Os desafios da Conecta Médico
Para Carlos Pappini, ainda há uma cultura a ser desenvolvida quando se fala em medicina digital, seja com os médicos assim como com os pacientes.
“O digital muitas vezes é visto como a disponibilização simples de uma transmissão via internet para conexão entre médicos e pacientes. Mas é muito mais do que isso. Ser uma plataforma aderente à LGPD e outras regulações de segurança de dados, disponibilizar funcionalidades que aumentem a capacidade do médico de realizar um diagnóstico à distância e um monitoramento eficaz da saúde dos seus pacientes, tudo isso são responsabilidades que devem ser cobradas pelo mercado e por clientes na hora de contratar uma plataforma de telemedicina”, afirma,
“Todas essas questões ainda estão sendo moldadas, e não tenho dúvidas que em breve será padrão no mercado. Há 10 anos, muitas pessoas pagavam apenas suas contas de forma presencial no caixa das agências bancárias, por exemplo. Hoje um dos maiores bancos do Brasil não possui uma única unidade física”, exemplifica o CEO da Conecta Médico.
Para garantir um atendimento eficaz ao paciente quando o assunto é telemedicina, Carlos Pappini destaca a palavra comprometimento: “o Conecta Médico é uma Human Health Tech. Acima do digital, estão as pessoas. Possuímos no Conecta Médico uma equipe de concierges especializados para atender o paciente e o médico para esclarecer dúvidas ou ajudá-los no processo de conexão e atividade no ambiente digital. O processo tecnológico deve vir para nos ajudar a expandir e atender a melhor jornada do paciente na saúde.
Exercer a empatia de forma a entender as dores de cada um deles nos permitirá cada vez mais ter uma plataforma e serviços aderentes às necessidades do mercado, evitando desperdícios e sendo muito assertivos nas entregas realmente necessárias e economicamente viáveis”, conclui.
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