Escrevemos e recebemos mensagens de texto durante todo o tempo nos dias de hoje. WhatsApp, Facebook, SMS, antigamente MSN Messenger, ICQ, MiRC e até mesmo pager. O uso dos dispositivos que enviam essas mensagens evoluiu proporcionalmente à frequência com que as mensagens são disparadas.
O objetivo disso é claro, conectar as pessoas a outras pessoas, certo? Antes os telefones existiam somente para fazer ligações. Mas atualmente os celulares tornaram-se tão complexos quanto úteis. Mas hoje nem sempre nos conectam, é o que afirma Sara Konrath, professora da Universidade de Indiana e diretora do Programa Interdisciplinar em Pesquisa de Empatia e Altruísmo, durante o primeiro dia do SXSW 2015, em Austin, capital do Texas.
Um exemplo disso é quando ligamos para alguém que não atende e sabemos que não quis atender, quando vemos aquela visualização de mensagem no WhatsApp – não respondida. Ou quando no meio de uma refeição ou conversa alguém pega o celular e imediatamente acaba com o contato visual. Frustrante, não? Mas isso acontece a todos o tempo todo.
?Celulares são complexos e hoje exercem papeis diferente dentro de uma sociedade, inclusive o de separar as pessoas. Nos fazem sentir menor empatia e isso incomoda pela falta de intimidade?, explica a pesquisadora.
Mas não é a demonização completa dos aparelhos. Ela completa que felizmente, apesar do seu uso que segrega pessoas, hoje os smartphones também são uma força global para conectar. Toda tecnologia é uma bênção e um fardo ao mesmo tempo, nunca é algo unilateral, jamais será apenas mocinho ou vilão.
Mas como usar a tecnologia móvel para aumentar a empatia entre as pessoas e, consequentemente, fazer um mundo melhor ou, pelo menos, ambientes melhores?
?Psicologicamente a empatia é algo que nos inspira a ajudar mais e a prejudicar menos. O mundo sem empatia seria um lugar assustador. Mas isso é mais do que fazer o bem aos outros. Pessoas empáticas são mais felizes e tem menos hormônios de estresse sob situações de estresse, como dar uma palestra, vivem mais e tem melhor saúde cardiovascular. Além disso, pesquisas mostram que a característica que homens e mulheres mais desejam em um parceiro é bondade?, diz Sara.
Infelizmente, segundo as pesquisas do instituto com adolescentes norte-americanos, faixa etária com maior quantidade de heavy users de mensagens via mobile, a empatia tem diminuído e o narcisismo está crescendo. Mas, felizmente, a empatia é mutável. ?É (a empatia) como um músculo, alguns nascem com uma tendência atlética e outros não, mas todos temos músculos, portanto todos podemos aumentar nossa capacidade muscular?.
Como podem?
75% dos adolescentes americanos usam mensagens de texto diariamente, cerca de 130 mensagens por dia. Uma dessas ações, o Hope Lab, usa esse hábito para melhorar a saúde das pessoas e se apropria da tecnologia para que ações sejam efetivamente realizadas.
As mensagens tem sido usadas para ajudar pessoas a parar de fumar, exercitar-se, lutar contra o diabetes, até mesmo contra depressão e esquizofrenia, além de incentivar pequenas, mas relevantes atitudes de gentileza que geram empatia e, como Sara explicou, mais saúde. Em termos práticos, percebeu-se mais serenidade e menos crenças agressivas. Parece pouco, mas em um mundo que começa a livrar-se das mazelas do individualismo, pode ser a diferença entre participar dessa nova realidade colaborativa ou ficar preso à velha e doente mentalidade do ?eu?.