As ciclovias estão ganhando espaço na vida das metrópoles e passam a rasgar as grandes cidades. A cultura da locomoção consciente tem se mostrado crescente em todos os estratos sociais e cada vez mais bairros têm um trânsito maior de bicicletas.
Mas embora a estrutura urbana venha melhorando para acolher esse levante, o mercado, por sua vez, ainda não se preparou para incentivar o uso das bikes. Enquanto a indústria automobilística tem inúmeros incentivos fiscais, a carga de impostos aplicada no Brasil faz com que 72,3% do valor de uma bicicleta sejam destinados apenas para cobrir os tributos aplicados sobre ela. Logo, a acessibilidade para os ciclistas está sendo facilitada, mas seu valor ainda não é tão acessível.
Em entrevista ao site Via Trolebus, o consultor em mobilidade urbana, ciclista e diretor da Ciclocidade, Daniel Guth, explicou que o preço competitivo é essencial para popularizar a bicicleta como uma opção ao transporte nas cidades.
Quando os números são analisados em termos globais, o Brasil aparece em posição de destaque. ?Hoje o Brasil é o 3º maior produtor de bicicletas do mundo, perdendo apenas para China e para a Índia. É o 5º maior consumidor de bicicletas no mundo, representando uma fatia de 4,4% do mercado internacional. No entanto, quando observamos o consumo per capita de bicicletas, caímos para a 22ª colocação, o que significa um mercado emergente e um potencial de crescimento enorme. Calcula-se que o Brasil tenha entre 50 e 70 milhões de bicicletas. Ou seja, há quase 75% de brasileiros sem bicicleta, que é um índice preocupante?, informou Guth.
O caminho encontrado para driblar os impostos, segundo Guth, é a informalidade. Ele afirma que o percentual de empresas atuando desta forma em território nacional é de 40%.
Hoje, no Brasil, são usadas mais de 60 milhões de bicicletas, metade delas para ir ao trabalho. Segundo a pesquisa Origem e Destino do metrô, aplicada na Região Metropolitana de São Paulo, o uso das “magrelas” para esse deslocamento aumentou 18% entre 1997 e 2008. 22% das viagens de bicicleta têm por motivo o alto custo da condução e 57%, a pequena distância da viagem.
As opções para quem quer fugir do trânsito, podem ser o aluguel ou empréstimo, com iniciativas como o Bike Sampa (veja mapa com as estações abaixo), parceria da prefeitura com o Itaú, que empresta os equipamentos por meia hora, diante de cadastro prévio no site. O CicloSampa, mantido pela Bradesco Seguros, é mais recente e menor. Das 20 estações previstas, 15 funcionam. Elas se situam nas proximidades de ciclovias e ciclofaixas, também no sudoeste de São Paulo.
Para Rodrigo Pinto Alves, jornalista e blogueiro entusiasta da bicicleta, que mantém o blog Aro Diário para contar sobre como sua escolha ao adotar a bike para se locomover para o trabalho mudou sua rotina, ir contra as ciclovias é jogar contra a mobilidade urbana de forma macro. “As ciclovias não são benéficas só para os ciclistas, com o seu aumento e o crescimento do uso da bicicleta, algumas pessoas migram dos meios convencionais e, com isso, abre-se mais espaço para que carros e ônibus transitem melhor”, explica.
* Com informações do CicloVivo