Próximo dos seus 70 anos, que completará em outubro, Bill Gates é um dos nomes mais influentes da história da tecnologia. Cofundador da Microsoft, empresa que hoje lidera a corrida de Inteligência Artificial junto à OpenAI, ocupou o ranking dos bilionários do mundo por anos, ao mesmo tempo em que fez doações à filantropia, o empresário agora revisita sua própria trajetória no livro de memórias “Código-fonte: Como tudo começou“ (Companhia das Letras), o primeiro volume de uma trilogia, lançado nesta terça-feira (4).
Diferente de suas obras anteriores, que abordam temas como mudanças climáticas, pandemias e inovações tecnológicas, “Código-fonte” é uma jornada pessoal e introspectiva. Gates conta sobre sua infância, os desafios da juventude e os primeiros passos no mundo da computação. É um relato que vai além da Microsoft, da sua fundação beneficente ou da revolução digital que ajudou a liderar – é a história de um jovem curioso que encontrou na tecnologia sua paixão e vocação.
O jovem Bill Gates e o despertar para a tecnologia
A narrativa começa com sua infância em Seattle, onde cresceu em uma família de classe alta. Seu pai, William H. Gates Sr., era advogado corporativo e veterano da Segunda Guerra Mundial; sua mãe, Mary Maxwell Gates, foi uma influente ativista cívica e participou de conselhos administrativos de bancos e corporações.
Gates descreve como herdou o espírito competitivo de sua avó “Gami”, que o incentivava a se superar em jogos de cartas. Esse impulso o acompanhou na escola preparatória Lakeside, onde teve o primeiro contato com computadores e fez amizade com Paul Allen, futuro cofundador da Microsoft. Aos 13 anos, programou seu primeiro videogame e percebeu que tinha um talento especial para a codificação.
“O que os educadores e meus pais notaram desde essa idade eram sinais do que estava por vir“, conta Gates nos primeiros capítulos. “Eu canalizava a mesma intensidade que me levou a resolver o enigma das habilidades de Gami no baralho para qualquer coisa que me interessasse – e nenhuma para o que não me interessava. O que eu achava interessante era leitura, matemática e ficar sozinho com meus pensamentos. O que não me interessava eram os rituais diários da vida e da escola, caligrafia, arte e esportes. Além de praticamente tudo o que minha mãe me pedia para fazer“.
A paixão pela tecnologia o levou a escapadas noturnas ao centro de computação da Universidade de Washington, onde passava horas programando. Esse entusiasmo pavimentou o caminho para a criação da Microsoft, em 1975, que se tornaria uma das empresas mais valiosas do mundo.
“Com o tempo, haveria uma grande empresa. E com o tempo haveria programas de software com milhões de linhas no núcleo, de bilhões de computadores usados em todo o mundo. Haveria riquezas e rivais e preocupação constante sobre como permanecer na vanguarda de uma revolução tecnológica“.
Esse é apenas o início da trajetória de sucesso de Gates, que levou à construção da Microsoft e o tornou o homem mais rico do mundo em 1995, posição que manteve até 2008, quando decidiu se afastar do comando da empresa para se dedicar integralmente à filantropia. Hoje, Gates foi ultrapassado por outros bilionários da tecnologia, como Elon Musk, da Tesla, e Mark Zuckerberg, da Meta, mas seu impacto na indústria segue inquestionável.
*Foto: Alexandros Michailidis / Shutterstock.com