O mercado de produção de entretenimento – filmes, séries, documentários, experiências visuais – está em ebulição. Nunca houve tanta facilidade em produzir, nem tanta gente com vontade de produzir conteúdo interessante, e as plataformas digitais estão mexendo positivamente com a indústria de entretenimento. Essa foi a visão do painel “Começos e Finais: Reimaginando o Cinema”, que aconteceu no Web Summit. O debate contou com a participação de Rosario Dawson, atriz indicada ao Oscar, personagem nas séries da Marvel para a Netflix e fundadora do estúdio 189, Michael Shamberg, produtor de TV e cinema, e Ed Guiney, fundador da Element Pictures.
Rosario iniciou sua participação reconhecendo que as pessoas estão sedentas por conteúdo, famintas por vídeos. Ela acredita que nunca foi tão fácil produzir conteúdos em larga escala quanto hoje e considera incrível que possamos ver surgirem novos diretores, novos realizadores. “A indústria precisa deles. Trazem mais inovação e ideias para entreter”, defende. Shamberg concorda e diz que tudo é cinema novo. Filmes de três minutos, filmes feitos na escola, com um celular e um notebook, são demonstrações de como é possível realizar produções interessantes, independentes, inteligentes.
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O produtor destaca o quanto há de dinheiro novo para ser investido em produção. Há alternativas à indústria regular: os US$ 6 bilhões alocados pela Netflix são uma prova desse novo vigor da produção, e ainda temos Amazon, Apple e outras empresas investido em conteúdo e boas histórias.
Rosario concorda: “o dinheiro está na mesa e há mais chances de correr riscos e produzir material novo, dar mais trabalho para roteiristas, diretores, atores e técnicos”. Essas empresas investem não exatamente para fazer dinheiro com suas produções, mas para pensar em formas de finalizar suas plataformas e ganhar na distribuição e na sede dos consumidores por novidades.
Guiney destaca que há um novo nicho de produção e que traz um novo modelo de negócio para a indústria. Nessa linha, Michael Shamberg comenta que é curioso perceber que a produção agora adotou o modelo de assinaturas que, durante décadas, sustentou o mercado editorial, em revistas e jornais.
Para a atriz, a experiência anterior do cinema está sendo substituída por uma experiência mais rica e colaborativa, com pessoas todas juntas curtindo um conteúdo. “Os cinemas agora precisam se transformar cada vez mais com uma sala de estar cheia de amigos, com os quais podemos compartilhar ideias e mesmo conteúdos”.
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O cinema claramente está assistindo a um novo padrão de consumo do conteúdo que ele oferece. Guiney pediu para Shamberg e Dawson falarem sobre esse novo momento e a possibilidade da indústria tornar-se mais igualitária, abrindo mais oportunidades para as mulheres. Michael diz que a TV está em transformação e as mulheres começam a ganhar mais espaço com velocidade.
Para Rosario, há muitas avenidas para que mulheres possam produzir mais conteúdos e trazer mais diversidade para o cinema, e até para os games – há muitas mulheres jogando hoje. Então, há oportunidades para se criar novos formatos de conteúdo, ultrapassando fronteiras hoje estabelecidas. “Não precisamos pedir desculpas para ganhar espaço. A paisagem está mudando, a perspectiva da produção de cinema está mudando e podemos contribuir muito para essas mudanças”.