Os dados do Censo 2022 de população apontam dados preocupantes, sobretudo o envelhecimento da população. De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país está rapidamente ficando mais velho: o índice de pessoas com mais de 35 anos aumentou de 30,7 em 2010, para 55,2 em 2022.
Segundo o levantamento nacional, que traça um raio-x da população brasileira, o total de pessoas com 65 anos ou mais cresceu da 2010 para 2022. Agora 10,9% dos brasileiros são idosos, eram 7,4% em 2010. Além de a população estar ficando mais velha, também está vivendo mais. Se por um lado isso é um bom sinal, ao indicar que estamos mais saudáveis, também pressiona o sistema de saúde e de previdência.
Assine nossa newsletter! Fique atualizado sobre as principais novidades em experiência do cliente
O que dizem os dados do IBGE
“Ao longo do tempo a base da pirâmide etária foi se estreitando devido à redução da fecundidade e dos nascimentos no Brasil. Essa mudança no formato da pirâmide etária passa a ser visível a partir dos anos 1990 e a pirâmide etária do Brasil perde, claramente, seu formato piramidal a partir de 2000”, explica Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE.
“O que se observa ao longo dos anos é a redução da população jovem, com aumento da população em idade adulta e também do topo da pirâmide até 2022”, analisa.
O percentual de crianças de até 14 anos diminuiu consideravelmente, e um dos motivos para a queda do índice de natalidade é os jovens estarem mais focados na carreira do que na família, e com isso tendo menos filhos. O índice de crianças era de 38,2% de Censo de 1980, e está em 19,8% no de 2022, que teve os dados demográficos divulgados em outubro.
“Quando falamos de envelhecimento populacional, é exatamente a redução da proporção da população mais jovem em detrimento do aumento da população mais velha”, acrescenta Izabel.
A geração prateada está cada vez maior
Com o aumento da idade média da população, alguns serviços públicos e privados também ficam mais pressionados por causa do aumento da procura. Os de saúde, por exemplo, começam a ser mais procurados e acabam não conseguindo atender às demandas, o que se agrava ao considerar que os trabalhadores deste setor também estão envelhecendo e se aposentam ou param de trabalhar.
“Uma possível explicação para esse aumento do envelhecimento é o deslocamento de pessoas em idade economicamente ativa para as maiores cidades em busca de emprego, educação e serviços”, conta.
“Esse deslocamento de pessoas adultas com seus filhos é predominantemente de pessoas em idade reprodutiva, o que também resultará em um menor número de crianças e nascimentos nas cidades menores, de origem”, completa.
Mas o que esse aumento da idade de 29 para 35 anos significa na prática? Segundo o IBGE, isso quer dizer que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso, passando a ter 55 para cada 100 jovens.
Com o surgimento de mais pessoas idosas, o rombo previdenciário aumenta – porque mais indivíduos se aposentam e menos cidadãos trabalham. Assim fica difícil manter a aposentadoria dos mais velhos e incentivar os mais novos a movimentar a economia e ter filhos que serão, no futuro, cidadãos ativos no mercado de trabalho.
Com o estresse do dia a dia, a falta de tempo e o foco na carreira antes dos relacionamentos, as mulheres e os homens já não estão mais em idade fértil quando pensam em começar uma família. “Podemos perceber que a queda da fecundidade ocorreu primeiramente no Sudeste e no Sul do Brasil, o que as faz as regiões mais envelhecidas, com menor proporção de jovens”, continua Izabel.
“A região Norte, embora também tenha registrado uma redução da fecundidade ao longo dos últimos anos em todos os estratos socioeconômicos, ainda se mantém a região proporcionalmente mais jovem. Também é na região Norte que observamos a menor proporção de pessoas adultas e idosas em relação às outras regiões”, finaliza.