Cuidado! Não toque em nada. Essa é a palavra de ordem do novo coronavírus, que colocou o termo COVID-19, tão pouco familiar, nas bocas de todo o povo. Como um inimigo em uma guerra, ele tirou o que o brasileiro tanto valoriza: a troca, o bar, o networking, o “bater perna”, uma ida ali, outra acolá.
Tão pequeno, tão insignificante em tamanho o vírus nos mostrou que, em muitos casos, pequenos somos nós. Ele colocou em risco nossa essência, nos deixando murchinhos em casa ou, pior, colocando em risco pessoas amadas que não podem deixar de ir à rua pois, em muitos casos, desempenham funções que não podem ser cumpridas de longe.
Com isso, subtraídos o poder do nosso tato e da nossa visão, passamos a enxergar o mundo pelas janelas e pelas telas e a tocar apenas o que está ao alcance de alguns metros. Ouvimos também o que a tecnologia nos dá, ou alguns sons que entram pela janela, ou a voz de quem está sob o mesmo teto.
Soltando a voz
Há, no entanto, uma capacidade que, ironicamente, ficou bastante calada nos últimos anos: a de falar. Falar com cordas vocais, mesmo, não com os dedos. Esse cenário abre espaço para o medo, infelizmente. Abre também para a saudade, para a angústia, também, infelizmente. Mas, se olharmos bem, ele pode dar asas à percepção do que nos importa – do lado de dentro e do lado de fora de casa. Mais do que isso, pode nos ajudar a aproveitar ferramentas que, proibidos de digitar, podemos simplesmente… chamar.
O novo coronavírus é uma oportunidade para explorarmos alguém que nos atende pela voz: os assistentes virtuais. Eles aprendem com as interações feitas com os “donos” e podem, cada vez mais, nos ajudar no dia a dia, especialmente enquanto não podemos encostar em muita coisa.
Aumento do interesse
Além do contexto mundial, o aumento do interesse por serviços e recursos de voz também representa um ponto positivo para esses assistentes. Um exemplo disso é que o consumo de podcasts aumento 67% no Brasil em 2019, de acordo com um estudo feito pela Deezer. Para obter esse resultado, a plataforma de streaming apurou dados com clientes de serviços como Spotify e Google Podcasts, além de apps especializados em julho do ano passado.
Ainda assim, mais do que um desafio de consumo – a Alexa, a mais habilidosa entre essas Inteligências Artificiais (IAs) está embutida em um aparelho exclusivo da Apple, por exemplo –, esse é também um desafio tecnológico e comportamental.
Questões de “força maior”
Afinal, por mais que estejamos interessados no uso massivo de assistentes de voz, a disseminação desse recurso ainda depende de uma internet muito mais potente, de produtos conectados, entre outros fatores dos quais o Brasil está um pouco distante. Entre outros fatores, a discussão sobre a chegada do 5G tem acelerado esse processo mas, agora, considerando a pausa dada no mundo, é provável que tenhamos que aproveitar nossas IAs como podemos.
Por ora, tudo indica que precisamos ter paciência – logo nós, a população da velocidade e do estímulo. De repente, cabe a nós pensar em como sermos melhores – tanto em termos de produtividade, visto que precisamos repensar nossa forma de trabalhar, quanto em relação ao planeta e ao próximo.
Enquanto isso, vale usar nossa voz, seja para experimentar todas as possibilidades dos nossos assistentes-robôs, seja para pedir aos amigos, parentes e colegas: fiquem em casa.
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