Sempre que eu ouvia falar das péssimas condições das estradas do norte do Brasil eu imaginava que elas poderiam ser esburacadas. Conter alguns buracos desses que encontramos em São Paulo, que não passam de meio metro quadrado, nada fora do comum. Talvez em maior quantidade, já que elas têm fama de mal cuidadas.
Mas o que realmente encontrei viajando por essas estradas não são buracos. São abismos ou crateras (ou seja lá qual for o nome que se queira dar para o que vi pelo caminho.
Fiz questão de estacionar o carro na BR 364, próximo a um desses buracos, e literalmente entrar nele para passar a real noção da sua profundidade. E, consequentemente, do perigo que são as nossas estradas.
Especialmente no escuro. Totalmente mal sinalizadas e sem postes para iluminar a pista, dirigir durante a noite é uma tarefa tão difícil quanto passar em medicina na USP. A diferença é que se você reprovar no vestibular no próximo ano ou semestre terá outra oportunidade, já nas rodovias muitas vez um erro pode custar sua vida.
Rodamos por horas e horas sem encontrar nenhum posto policial, nenhum telefone público ou telefone para SOS. Não havia fiscalização nenhuma. Apenas os buracos marcavam presença. No nosso caso, demos sorte. Terminamos de retrovisor solto, perdemos um escapamento, a porta do Fusca ficou torta. Mas, ainda assim, estamos bem. Há quem não chegue ao seu destino.
Não é exagero, aproximadamente 8.200 pessoas morrem em rodovias federais por ano. O número pode parecer espantoso para quem não conhece as estradas. Mas, quando me deparei com essa cratera (porque chamar de buraco seria carinhoso), entendi esse número elevado.
Dirigir nas rodovias do norte do país é correr risco de vida.