Você pode até não entender o que essas peças de Lego na foto acima representam, mas pode apostar que elas contam uma história – e pode até ser a história da sua companhia.
Pelo menos, é isso o que o Play in Company quer mostrar para o mundo corporativo. Por meio de peças do tradicional brinquedo dinarmarquês, o método promete entregar soluções futuras para o mercado e até mesmo uma reflexão interna para os participantes.
Para chegar ao resultado, é utilizado o método Lego Serious Play, que se define como uma metodologia visual e tangível de comunicação. Ou seja, a partir das peças que você sente em suas mãos e dos cenários que monta com elas, é possível criar táticas para resolver problemas.
“Uma das funções é trazer coisas que em um discurso não são ditas ou faladas”, diz Miriam Fávaro, responsável pela Play in Company e responsável por trazer esse modelo de metodologia ao Brasil. “Não importa cargos ou competências, mas o pensamento e a ideia da pessoa.”
Como funciona
Imagine estar sob pressão – não é lá tão difícil. Você vai ter poucos minutos (ou até mesmo segundos) parar criar um cenário ou até mesmo para se representar em algumas peças. Alguma semelhança com o mundo real? “Como posso fazer isso sem pensar em um desenho antes”, você pode pensar. É exatamente essa a ideia do projeto.
Você nem imagina o que vai sair. Simplesmente monta. Após o projeto ser finalizado, uma história vai se formando automaticamente, com uma linearidade que o participante nem imagina.
De acordo com os responsáveis, a ideia é estimular uma imaginação que é tão comum na infância, mas perdida na fase adulta. Peguemos um exemplo de uma caixa. Uma criança pode enxergar aquele bloco de papelão como uma casa, um carro e até uma nave espacial e se divertir com aquilo. Já o adulto vê aquele objeto como uma… caixa.
“Só temos consciência de 5% a 10% de tudo o que aprendemos, o resto está nas profundezas do nosso cérebro”, afirma Fávaro. “Quando nós usamos as mãos e o lúdico, conseguimos acessar o restante.” Para ela, todas as soluções para os problemas estão na própria sala de reunião.
Mas dá certo mesmo?
O acidente do ônibus espacial de Columbia, ocorrido em 2003, foi um dos momentos mais tristes da história da Nasa. Dezesseis minutos antes de a nave aterrissar, ela explodiu matando sete pessoas. Para entender o que aconteceu com a nave, equipes da agência espacial americana recorreram, inclusive, ao Lego.
O método ajudou na produção do relatório de 400 páginas apresentado sete meses depois da explosão.
No Brasil, empresas como O Boticário, Cyrela, Sanofi e Sodexo já utilizam a ferramenta para resolver problemas dos dia a dia e até mesmo na contratação de novos funcionários.
Workshop no Whow!
Durante duas horas, doze pessoas contaram as suas histórias a partir das peças de Lego. Seja no âmbito pessoal ou no profissional, o brinquedo ajudou pessoas completamente desconhecidas se abrirem sobre receios, conquistas e objetivos.
Uma das participantes, Juliana Kramer, se surpreendeu com o método. De perfil mais sério, a analista de inteligência de mercado da varejista Lebes, não pensava que teria um resultado com brincadeiras. “Existe uma metodologia por trás e realmente chegamos em algum resultado”, afirma ela. “Não nos sentimos bobos fazendo.”