O papel dos bancos na história do consumo brasileiro é extremamente importante. Pioneiros em termos de digitalização, eles tornaram familiar ao consumidor a ideia de, por exemplo, abandonar as filas e começar a utilizar o celular para resolver problemas, tirar dúvidas, utilizar serviços. Porém, existe uma outra perspectiva que ainda pode ser explorada por esse segmento de empresas e que pode tornar o Brasil melhor, aumentando a qualidade de vida dos consumidores: a educação financeira. Mais do que nunca, os bancos em geral estão adotando essa bandeira, assumindo a responsabilidade de educar o consumidor – mais do que simplesmente atendê-lo.
Não por acaso, esse foi o assunto abordado em evento para colaboradores do Bradesco. Com o tema Educador Financeiro, um debate reuniu Victor Rosa Marinho de Queiroz, diretor de Recursos Humanos do banco, Andyara de Santis, mestra em Educação Financeira, responsável por programas de Educação Financeira e Sustentabilidade e autora do livro Educador Financeiro;, Fábio Moraes, diretor do Instituto Febraban de Educação, José Claudio Securatto, diretor da Escola de Negócios Saint Paul e idealizador da série Na Real e Maurício Maciel, diretor do Segmento Bradesco Varejo.
Ao longo da conversa, houve convergência, especialmente em relação a um ponto: foi-se o tempo em que o bancário simplesmente devia fazer ofertas ao cliente – especialmente de crédito e investimentos. Mais do que nunca, é essencial conhecer as necessidades do consumidor, entender por que ele se envolveu com dívidas, qual tipo de investimento combina com o perfil dele, entre outras possibilidades.
Nesse sentido, Maciel defendeu que o banco tem o papel de orientar, sempre com empatia, buscando ver as situações com o olhar do consumidor. “Entender o cliente ajuda a ser um educador”, diz. Andyara, por sua vez, aponta que o cliente já tem informações suficientes para não aceitar que as empresas ofereçam serviços e produtos de forma pouco personalizada. “O cliente é um ser humano que deseja realizar sonhos e tem suas necessidades”, diz.
Porém, para que os efeitos positivos se disseminem, Moraes explica que as ações precisam ser setoriais – e são, devido aos esforços da Febraban. Por isso, a Federação investe em capacitação profissional e financeira, especialmente por meio do Instituto Febraban de Educação.
A transformação do País
Securatto, por sua vez, destacou que existem três públicos que podem evoluir com o apoio da educação financeira: quem paga todas as contas, mas não consegue guardar dinheiro, quem não tem dinheiro suficiente nem mesmo para pagar as contas e quem não sabe onde investir o dinheiro que sobra no fim do mês.
“Não dá para mudar o Brasil sem investir em educação”, diz. E a necessidade de transformação é premente: de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre 2014 e 2015, a taxa de abandono acumulada em cinco anos – considerando aqueles que entraram em uma faculdade em 2010 – foi de 49%.
“O movimento educacional é cada vez mais forte”, afirma Securatto. “As pessoas gostam de aprender e ensinar”. Assim, ele defende que se crie uma rede positiva: ao ensinar, também se aprende. Com isso, todo o País tende a evoluir.
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