A inflação passou da 10ª posição na lista das principais preocupações do consumidor em 2012 para o 2º lugar em 2014. A alta da inflação e do índice de endividamento das famílias já refletem os novos hábitos de consumo. 64% dos brasileiros afirmam que, para poupar, diminuem o lazer fora de casa. E 13% estão economizando para pagar dívidas atrasadas.
As informações são de um levantamento apresentado pela Nielsen, nesta terça-feira (31), sobre as mudanças que o mercado brasileiro vem sofrendo por causa da situação econômica do País. A pesquisa mostrou que 32% dos brasileiros afirmam que saúde e qualidade de vida são suas maiores preocupações, número acima da média Latino Americana de 24%. O consumidor está mais consciente e vem diminuindo o excesso de gastos em relação à renda. Em 2013, o saldo ficava negativo em 15,1%; já em 2014 a diferença foi reduzida para -2,9%.
De acordo com Glória Tittoto, analista de mercado da Nielsen, o Brasil cresceu nos últimos anos impulsionado pelo consumo das famílias, principalmente da Classe C, e não investiu em infraestrutura para aumento da produtividade. O PIB de 2014 (de 0,1%) reflete bem esse cenário. ?Não temos perspectivas de melhora em longo prazo porque nossa força de trabalho é pouco qualificada e não temos uma boa infraestrutura para crescimento orgânico?, afirmou Glória.
Outro dado que demonstra a situação de atenção do consumo é a ida ao ponto de venda. Houve queda de 4,7% no número de visitas às lojas em 2014, mas o tíquete médio aumentou em 5,6% a cada visita. De acordo com Mayane Soares, analista de mercado da Nielsen, as compras estão sendo mais planejadas. ?A pesquisa mostrou que a classe A+B vem puxando o consumo e não mais a classe C?, afirmou.
O Cash &Carry (Atacarejo) foi o canal que teve o crescimento mais significativo em 2014. Foram abertas 47 lojas no Brasil e 1,4 milhão de lares passaram a fazer compras neste formato de loja. ?O Cash & Carry é favorecido pela vantagem financeira, atraindo novos compradores e fidelizando o shopper?, afirma Mayane. Segundo a pesquisa, o Cash &Carry ainda é mundo focado nas capitais, mas existe um potencial de consumo crescente nas cidades do interior. 70% dos supermercados são de cadeias regionais, e crescem duas vezes mais que as cadeias globais.
De acordo com o levantamento, o minimercado e supermercado também se beneficiaram de um aumento do número de itens comprados a cada ida ao ponto de venda.
Em 2014, os maiores esforços, por parte dos varejistas, foram em relação à execução das ações (como aumentar a disponibilidade do produto, fazer ativações na loja e promoções), que foram os principais responsáveis pelo crescimento verificado no ano.
Perspectivas para 2015
Este ano será de grandes desafios. Segundo Mayane, a indústria e o varejo terão que ser precisos em suas ações, de preferência formando parcerias. ?É necessário atuar estrategicamente, pois não há margem para erros?, afirmou. ?Para compensar o cenário negativo, a execução deve ser precisa e terá um papel ainda mais decisivo neste ano?, completa.
De acordo com a analista, para crescer o varejista precisará se planejar e encontrar um equilíbrio entre estratégias de curto prazo, dentro do PDV e de longo prazo, visando o fortalecimento da marca (fora da loja) para gerar a fidelização do cliente.
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