Recentemente, testemunhamos uma série de ataques terroristas nos quais pessoas sem acesso a recursos especiais conseguiram matar centenas ou mesmo milhares de outras pessoas. As armas usadas foram pistolas semiautomáticas, bombas caseiras, vans e aviões sequestrados. Nenhuma dessas ferramentas (com exceção, talvez, do avião) é de difícil acesso em nossa sociedade moderna e internacional. Também vimos como grupos rebeldes e milícias privadas não encontraram dificuldades para adquirir armas militares, como metralhadoras, lançadores de foguetes e tanques. É uma disseminação massiva sem precedentes de armas de grande poder de destruição.
Há cem anos, não era tão fácil conseguir armas desse calibre – muitas delas nem existiam. Se voltarmos ainda mais no tempo, antes das armas de fogo, a maior parte das armas era movida a músculos e poderiam, no máximo, matar um punhado de pessoas em um ataque. A tendência é clara: com o tempo, indivíduos e organizações ganham acesso a armas cada vez mais destruidoras.
O lado negativo do avanço tecnológico é que tecnologias perigosas ficam cada vez mais disponíveis para homens comuns. Não é difícil encontrar na internet instruções para construir bombas ativadas remotamente e drones controlados por GPS que podem entregar explosivos com grande precisão. Hackers podem prejudicar a infraestrutura global e é possível encontrar até manuais para fabricar bombas atômicas – e, depois da queda do Muro de Berlim, muito material de fissura desapareceu do radar. A questão, então, não é se, mas quando veremos um ataque nuclear terrorista.
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No futuro, armas de destruição em massa podem matar muito mais; talvez devastar nossa civilização. Está cada vez mais fácil desenvolver organismos geneticamente modificados e, em uma década ou duas, um indivíduo um pouco mais persistente será capaz de desenvolver um vírus de gripe aviária que tenha uma taxa de mortalidade próxima de 100%. Em cerca de 50 anos, poderá ser possível criar nanobots que se automultiplicariam e transformariam toda a matéria orgânica em cópias de si mesma, até que toda a superfície do planeta esteja coberta por uma meleca cinzenta.
Avanços tecnológicos provavelmente não podem parar e experiências passadas com tentativas de limitar a disseminação de tecnologias perigosas também não foram bem-sucedidas. Eventualmente, chegaremos a um nível de tecnologia no qual um único indivíduo terá o poder de destruir a humanidade. Há algum tempo atrás, eu escrevi um texto no qual eu falava justamente sobre os motivos pelos quais não vemos vida inteligente no espaço. Talvez tenhamos a explicação: toda civilização tecnológica irá eventualmente atingir um estágio onde um único indivíduo possa destruir a civilização inteira – e este é um estágio que talvez estejamos perto demais de alcançar.