Embora a internet tenha otimizado a busca por empregos, as pessoas ainda utilizam métodos antigos para procurar novas oportunidades no mercado. Montar um currículo, imprimir e entregar o documento nas empresas ainda é uma prática muito recorrente. Neste contexto, a 99Jobs desenvolveu uma plataforma inovadora de seleção de candidatos onde toda a formalidade de uma entrevista convencional é deixada de lado.
Trata-se de Paula, um chatbot com características de um humano que trabalha em uma agência do Itaú. Por meio de uma página no Facebook, ela tem uma conversa que permite ao candidato interagir por meio de vídeos, áudios, fotos e, também, entender melhor como funciona a dinâmica da empresa. A persona foi desenvolvida a partir de uma funcionária real e tem o objetivo de analisar os candidatos a vagas em agências Itaú de todo o país. Em cinco meses, a plataforma já interagiu com mais de 100 mil pessoas.
“Escolhemos uma plataforma como o Messenger, pois são raros os produtos em que você consegue fazer processos seletivos via Mobile. Tivemos que criar um storytelling para explicar o motivo das pessoas e, ao invés de robô, desenvolvemos uma persona”, explica Eduardo Migliano, Co-founder da 99Jobs.
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Para Vanessa Fachinelli, Coordenadora da Squad de Transformação Digital em Recrutamento e Seleção do Itaú, a plataforma abriu um novo horizonte para o gerenciamento de vagas. “A criação de uma squad multidisciplinar para fazer a transformação digital do processo seletivo, aliando novas tecnologias com um jeito novo de trabalhar, era a inovação que buscávamos. Ver os gestores ganharem mais tempo flexível para gerenciar suas vagas, uma vez que a aderência cultural e as competências técnicas dos candidatos foram capturadas pelo bot, nos dá a certeza de que estamos no caminho certo”, diz Vanessa .
Inclusão
Mais do que criar uma nova maneira de realizar um processo seletivo, Paula se tornou um case inovador no mercado por se tratar de uma personagem negra. “Um dos pontos mais importantes da iniciativa é que o candidato negro se vê lá dentro, ele consegue entender que ali também é um espaço pra ele. Se a empresa entender a importância disso, ela se reconhece como ambiente ideal para classe minorizadas”, acrescenta Eduardo.
Ao criar um canal de comunicação que faz parte da vida das pessoas, como uma conversa cotidiana pelo Facebook, Paula consegue desenvolver experiências conversacionais que podem esclarecer os candidatos sobre detalhes da cultura da empresa e como se dá o dia a dia de trabalho antes de seguir para outras etapas presenciais.
Inspirações
Para desenvolver o chatbot, a empresa precisou desenvolver um storytelling diferente dos presentes no mercado de RH. Paula consegue, por exemplo, mandar áudio, print, vídeos e até memes. “Mais do que um processo de inscrição, ele é um processo de atração. Preciso que ao final do contato com o chatbot, a pessoa queira ir na entrevista ou na dinâmica. Existe uma estatística do desalento da pessoa que está desacreditada por conta do desemprego, e o chatbot pode ajudar a trabalhar a confiança do candidato”, diz o executivo.
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Prêmios
Um dos destaques para avaliar o candidato e seu avanço para as fases seguintes é que o chatbot precisa identificar não apenas o nível de aderência técnica, mas também se existe um match cultural entre os candidatos e as vagas nas agências bancárias. Também incorporado por empresas como Natura e Globo – que vão desenvolver suas personas -, a solução recebeu prêmios no segmento de chatbots. “Competimos em um prêmio onde só empresas de chatbots participam, e nós conseguimos vencê-lo mesmo sendo uma empresa de RH. É o que realmente mostra que estamos no caminho certo”, conclui Eduardo.