O número de consumidores brasileiros com contas atrasadas aumentou 5,45% no mês de setembro com relação a igual mês do ano passado, de acordo com o Indicador de Inadimplência apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Segundo estimativa do SPC Brasil e a CNDL, até o final do mês de setembro, o cadastro de devedores totalizou 57 milhões de consumidores registrados, o que equivale a 38,9% da população entre 18-94 anos do País. Somente entre janeiro e setembro deste ano 2,4 milhões de CPFs foram negativados em todo o território nacional.
Outro estudo divulgado hoje (9) pelo Serasa Experian indicou que o total de inadimplentes já era recorde em agosto (57,2 milhões), bem como a quantidade de empresas endividadas. Ao todo, 4 milhões de empresas possuem R$ 91 bilhões em dívidas atualmente ? o maior número registrado.
Especialistas do SPC Brasil explicam que a inadimplência vem sendo influenciada pela perda de dinamismo da economia brasileira, além da deterioração das condições do mercado de trabalho. “Fatores econômicos como a inflação elevada, o alto custo das taxas de juros e o aumento do desemprego têm afetado a capacidade de pagamento dos consumidores”, garante em nota o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Contas de água e luz são as mais atrasadas
Levando em conta os setores em que os inadimplentes mais atrasaram seus compromissos, o indicador revela que as pendências com as contas de serviços básicos, como água e luz, apresentaram as altas mais expressivas (12,55%) na comparação entre setembro deste ano com o mesmo mês do ano passado.
Em seguida aparecem as dívidas bancárias, que englobam pendências no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, com variação positiva de 10,32%. As dívidas do setor de telecomunicações, que leva em consideração atrasos no pagamento de telefone fixo, celular e TV por assinatura, cresceram 4,17%, enquanto os atrasos no comércio foram mais modestos, com uma leve alta de 0,85%.
Quanto à participação no total de dívidas, as pendências bancárias ainda concentram quase a metade do total das dívidas existentes no Brasil: 48,17%.
Quantidade de dívidas também está aumentando
Diante de um cenário macroeconômico menos favorável, a inadimplência retomou a trajetória de aceleração a partir do início deste ano. O movimento de alta também foi verificado na quantidade de dívidas não pagas: a elevação em setembro foi de 6,63%, percentual acima dos 4,31% registrados no mesmo mês de 2014, na base anual de comparação. Já na entre agosto e setembro deste ano houve uma queda de 0,91% na quantidade de dívidas não pagas.
“Se lançarmos um olhar sobre a inadimplência ao longo dos últimos 12 meses, podemos notar que a partir de meados de 2014, o crescimento de devedores e de dívidas em atraso desacelerou em razão da menor oferta de crédito na economia e dos juros elevados. No inicio deste ano, porém, a deterioração do cenário macroeconômico se sobrepôs ao freio do crédito e a inadimplência voltou a acelerar”, observa a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Jovens são os menos endividados
O indicador mostra ainda que as dívidas em nome de consumidores mais velhos foram as que registraram os aumentos mais intensos. No caso dos idosos com idade entre 65 e 84 anos a alta foi de 10,92% na base anual de comparação. Em sentido oposto, as dívidas em atraso registradas em nome de consumidores mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos, apresentaram queda de 8,95%. Em termos de participação, quase a metade (49,43%) das dívidas atrasadas no Brasil estão registradas em nome de consumidores com idade entre 30 e 49 anos.
“Os dados apontam para uma tendência observada há vários meses, que reflete de um lado, a entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho e, consequentemente se endividando menos e, de outro lado, o aumento da expectativa de vida dos mais idosos, inclusive com a expansão da oferta de bens, serviços e de produtos de crédito direcionados para esse público específico”, explica a economista Marcela Kawauti.
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