Os consumidores latino-americanos estão pesquisando mais antes de comprar. E vale para todas as classes sociais no Brasil, onde o índice de pesquisa de 64% é um pouco maior do que no resto da América Latina, onde 58% dos consumidores estão pesquisando mais antes de comprar.
A preocupação é generalizada, não apenas das pessoas com menor renda disponível. O Google divulgou recentemente uma pesquisa que mostra que os brasileiros já consolidaram o hábito de pesquisar online antes de tomar uma decisão de compra, seja no e-commerce ou em lojas físicas. Segundo Gleidys Salvanha, diretora de negócios para o varejo no Google Brasil, o consumidor pesquisa em, em média, seis sites antes de tomar uma decisão de compra. E essas pesquisas acontecem inclusive pelo celular, dentro das lojas físicas.
Já outra pesquisa sobre e-commerce, da Opinion Box, indica que para 74% dos consumidores as lojas virtuais têm, como principal atrativo, preços melhores. Ainda, 68% afirmam que a praticidade de comprar pela internet é uma das principais vantagens. E em terceiro lugar, 63% acreditam que o e-commerce tenha mais promoções.
Os dados da pesquisa “Consumidor do Amanhã“, realizada pela Mosaiclab em 14 países da América Latina, também revela que os consumidores latino-americanos e brasileiros estão mais preocupados com a relação custo-benefício nas compras, pesquisando mais e dando preferência a locais de compra mais econômicos.
A pesquisa também revela que o consumidor mais antenado, que utiliza o smartphone como ponto de partida para pesquisa e, muitas vezes, para concluir a compra, pode ser denominado “Smart Consumer”. Segundo o levantamento, esse comportamento está bastante disseminado em diversos países, faixas etárias e classes sociais, e sua expectativa futura é que o varejo seja uma extensão do seu braço, simbolizado pelo celular.
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Onde e como latino-americanos preferem comprar
De acordo com o estudo, no Brasil, o formato de varejo com maior atratividade para o consumo futuro é o online, com 65% considerando que esse canal de compra estará mais presente em suas próximas compras, seguido de supermercados, com uma preferência de 43%.
Entretanto, vale destacar que o canal que apresenta o maior crescimento é o Atacarejo, que passou de 37% de preferência futura em 2022 para 40% em 2023. O comércio de proximidade também é relevante, com 39% dos latino-americanos e 36% dos brasileiros declarando que estão comprando mais em locais próximos de casa, no bairro.
Quanto aos aplicativos de entrega, o estudo também mostra uma forte preferência de compra futura, com 44% dos brasileiros e 39% dos latino-americanos declarando que esse canal estará mais presente em suas compras no futuro. Há uma busca por canais onde a compra seja rápida e fácil.
LATAM Brasil Argentina Chile Colômbia México Peru Outros Latam
Estou valorizando locais de compra 43% 45% 40% 46% 42% 39% 43% 46%
onde a compra é rápida e fácil
Leia mais: Retrato do cliente do e-commerce no Brasil
O levantamento aponta que os formatos mais modernos, como lojas autônomas, têm atratividade para 19% dos latino-americanos e 16% dos brasileiros. Entre os brasileiros early adopters, perfil de pessoas que gostam de experimentar novidades, esse percentual cresce de 16% para 23%, mostrando potencial de crescimento.
O receio em relação às crises econômicas no país e no mundo preocupa os latino-americanos, principalmente na Argentina e no Chile..
Temas que preocupam muito a população LATAM Brasil Argentina Chile Colômbia México Peru Outros Latam
Crises financeiras econômicas no meu país 46% 45% 62% 56% 46% 42% 45% 50%
Crises financeiras econômicas globais, recessão econômica 40% 41% 40% 44% 37% 40% 38% 43%
Aumento de gastos fixos/ custo de vida 40% 38% 46% 52% 39% 39% 36% 43%
(moradia, energia elétrica, saneamento, mobilidade…)
O aumento nos gastos com o custo de vida impacta no potencial de consumo atual da região; essa é uma preocupação para 40% dos latino-americanos, segundo a pesquisa. Paralelamente a isso, há a preocupação com a renda disponível. Menos da metade das pessoas acredita que seus rendimentos aumentaram no último ano, mas muitos dos latino-americanos (77%) acreditam que o rendimento familiar irá melhorar nos próximos 5 a 10 anos.
Os brasileiros são os mais otimistas, com 82% acreditando que seu rendimento irá aumentar. Os mais céticos são os argentinos e chilenos, ambos com 63% das pessoas compartilhando essa opinião.
Percepção sobre a renda LATAM Brasil Argentina Chile Colômbia México Peru Outros Latam
Rendimento familiar aumentou no último ano 45% 49% 40% 27% 44% 45% 44% 38%
Rendimento familiar deve aumentar nos próximos 5 a 10 anos 77% 82% 63% 63% 78% 77% 75% 74%
O que os consumidores inteligentes preferem
A pesquisa também apresenta a percepção dos consumidores inteligentes. De acordo com o estudo, várias tecnologias passaram a ser questionadas, não apenas por não atenderem algumas demandas, mas também por estarem distantes da maioria da população. Segundo o levantamento, o consumidor brasileiro tinha fortes expectativas que, ao longo do tempo, foram se transformando em frustrações.
Entre as soluções tecnológicas relatadas na pesquisa do ano passado e mencionadas agora, a que mais sofreu queda foi o uso de etiquetas escaneáveis e QR Codes, que passaram de 48% em 2022 para 30% neste ano. Em segundo lugar, ficou a vitrine virtual interativa, que registrou uma queda de 41% para 29% agora. Outra tecnologia que foi menos mencionada é o atendimento personalizado via inteligência artificial, que diminuiu de 41% para 29%.
“Essas tecnologias em si têm um potencial enorme, mas a percepção geral é que a maioria das aplicações não é interessante, há um problema forte de execução e não entregam claramente o que prometem, o que resulta em decepção por parte dos consumidores, tendo assim uma percepção mais crítica sobre certas tecnologias como QR code, VR, vitrine virtual.”, explica Karen Cavalcanti, fundadora da Mosaiclab.
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