Cannes – França – A carreira de Will Smith desafia estereótipos. Trabalho duro, charme irresistível e talento genuíno, um carisma intenso são marcas desse ator, produtos, músico que há pelo menos duas décadas conquistas corações e mentes. Sua visão de mundo e o modo como abastece sua criatividade com foco em propósitos transcendem o mundo do entretenimento.

No Cannes Lions, uma conversa com Will Smith e Jackie Cooper, Executiva-chefe de criação e estratégia da Edelman mostrou a espontaneidade, e o jeito de ser do ator. A conversa teve início com o passado de Will Smith. Ele disse que tinha 12 anos e escrevia raps. Sabia 4 palavras, mas ainda assim escrevia. “Minha avó achou meu caderno com as letras dos raps. Vocês sabem, eu, menino da Filadélfia, queria mostrar minha ‘arte’. Minha avó me falou que uma pessoa de bem não podia escrever palavras como aquelas. E naquele momento eu percebi que estava conectado com todas as pessoas e tudo o que devia fazer era saber que eu não devia me expressava só para mim.”

Um de seus objetivos como artista é tentar traduzir ideias e sentimentos em nível global. “Tenho que traduzir ideias globalmente. E comédia física é mais simples para que a gente consiga traduzir emoções globalmente.” Will disse que em seu filme “À procura da felicidade” conseguiu tocar fundo as pessoas, por conta do problema do protagonista, de ir morar na rua. Sua atuação foi marcante porque traduziu essa complexidade de viver nessa situação, com o filho, procurou semear a ideia do que leva uma pessoa a fazer isso.

Privacidade

Will também contou “causos” muito divertidos envolvendo sua relação com os filhos. “Meu filho me falou que estava gostando de uma garota e queria se casar. Eu fiquei assustado! Como assim?! Na sua idade dele, eu simplesmente me preocupava em flertar! E então meu filho me disse: ‘flertar já era.’ Claro! Com esses celulares por todo lugar, estamos sempre expostos”. O astro evidentemente se referiu ao fato do assédio normal que as estrelas do show biz precisam enfrentar. Seu filho, sendo filho de quem é, não pode ir no cinema normalmente. Para ficar junto com a namorada, na visão dele, seria melhor casar.

O mesmo fenômeno, da abordagem intensa e instantânea está acontecendo na indústria do cinema. Will Smith, com bom humor diz que por conta das redes sociais, não há marketing de filme que resista. “Em minutos o cara entra na sala e tuita: desista do filme. Ele não é bom! Logo, eu preciso fazer filmes bons, senão, em minutos, já era!”

Sucesso

O ator conta que foi devidamente “evangelizado” quando tinha 17 anos sobre a importância de ser autêntico, mas, ainda assim, teve suas recaídas. “Eu tive tanto sucesso logo no início da carreira, Bad Boys, Independence Day e Men in Black, que eu perdi o foco. Achava que poderia ser a maior estrela do mundo. Eu queria ganhar sempre e me promover. Mas, então, tive filhos e aprendi muito com eles. A forma como eles reagem diante das coisas. Eu aprendi que não era sobre mim! É sempre sobre os outros. Você precisa gastar a maior parte do seu tempo entendendo que não importa o que você faça, se as pessoas não quiserem ver o seu trabalho, nada feito.”

Propósito

E o que move hoje em dia o ator e o cidadão Will Smith? “Meu propósito é simples: quando vejo um roteiro, não me preocupo se ela vai fazer milhões de dólares (mas eu quero que o filme renda milhões, veja bem!), mas penso sempre em como vou melhorar a vida das pessoas. A ideia é reverter a engenharia das coisas. Pensar em como vou melhorar as pessoas para melhorar a mim mesmo. Steve Jobs só pensava em criar coisas assim que iriam chacoalhar você. Era só isso. Não importa o quanto custasse fazer, ele queria chacoalhar a sua cabeça. É isso é o correto. Focar nas pessoas, fazer com que pensem.”

Consumo Consciente

Um dia seu filho Jaded comentou: “pai, você viu que existe uma ilha no Pacífico cheia de sacolas de plástico?! Estamos destruindo o planeta!”

Sem mais nem menos, na lata, Will foi pressionado pela vontade do filho de se engajar em uma causa. “Eu disse a ele: ‘se algo o incomoda, trabalhe isso’, crianças são motivadas a fazer, querem fazer… E ele realmente está preocupado com a maneira pela qual a gente cuida do ambiente.” Inspirado pelo problema ambiental, o ator e seu filho pensou em como poderiam atuar em favor do planeta. “Falamos com nosso empresário e então estamos dedicados a criar uma garrafa 100% reciclável, criamos a melhor opção de embalagem para água do planeta. E só para água que é o melhor para todos. O objetivo, o negócio central dessa companhia nova é evitar que venhamos a destruir o planeta.”

Um amigo

“Encontrei Muhammad Ali em 2000 (Will fez o papel do lutador, falecido recentemente em um filme de Michael Mann). E nos tornamos grandes amigos. Seu funeral não foi triste. Foi alegre. Sua mulher falou que ele realmente desenhou seu funeral como uma celebração sobre a vida. Rabinos, pastores, padres, imans e budistas estavam ali para falar sobre valores bons para a humanidade. E é isso. Temos que fazer coisas que vão fazer com que no final das nossas vidas, sejam coisas que as pessoas vão falar sobre. Foi emocionante ver como as pessoas estavam incrivelmente felizes no funeral de uma pessoa que teve princípios durante toda a vida. É interessante ver como ele se conectou com as pessoas. E isso vale para as pessoas, para as empresas, para o mundo.”

*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.