Representantes das principais empresas aéreas que atuam no Brasil defenderam no dia 1 de dezembro mudanças em regras do setor para possibilitar a cobrança diferenciada de prestação de serviços. O assunto foi discutido durante a terceira edição do evento Aviation Day, realizado em Brasília pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), com apoio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas, Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe e Junta dos Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil.
De acordo com nota publicada no portal da Agência Brasil, a presidente da Latam no Brasil, Cláudia Sender, disse na ocasião que a companhia irá adotar em breve um novo modelo que dará “opção para o cliente pagar separadamente pelos serviços oferecidos, como o despacho de bagagens, lanches e reserva de assentos”. Segundo ela, “há espaço no Brasil para esse tipo de negócio”.
Em nota ao portal, o presidente da GOL, Paulo Sergio Kakinoff, também defendeu que a cobrança de bagagem seja liberada no Brasil. O fim da franquia de bagagens está previsto na proposta de revisão das Condições Gerais de Transporte, aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que deve ser votada ainda este mês.
Para o presidente da Azul Linhas Aéreas, Antonoaldo Neves, uma nova inclusão social no setor aéreo será possível com a mudança das regras. “Quando você diminui o preço da passagem porque uma determinada classe tarifária não está levando bagagem, você aumenta de forma exponencial a quantidade de pessoas querendo viajar. A nova inclusão social só vai ser possível no Brasil quando pudermos discriminar melhor o preço e aproveitar a elasticidade do setor para trazer pessoas que hoje voariam muito mais a tarifas de R$ 80 levando a sua malinha na mão”, falou em nota ao portal Agência Brasil.
Regulação
Para o diretor da IATA (International Air Transport Association, em português Associação Internacional de Transporte Aéreo) no Brasil, Carlos Ebner, o país ainda tem um mercado muito regulado, principalmente na parte de defesa do consumidor, se comparado com outros mercados mundiais. “Defendemos que o mercado seja regulado o menos possível pelo governo e deixar mais que tenha uma relação de mercado entre empresa aérea e o passageiro”, disse.
Ele lembra que, quando foi adotada a liberdade tarifária para o setor de aviação no Brasil, há cerca de 10 anos, se esperava que houvesse um aumento nos preços, mas o que ocorreu foi uma queda do valor das tarifas “Os preços caíram pela metade e o número de passageiros duplicou”, informou ao portal.
Seria possível viajar de avião no Brasil por 80 reais?
O mercado brasileiro de aviação é um dos maiores do mundo. Mesmo com um potencial enorme para uma expansão de mercado, o alto custo do combustível de aviação e as taxas aeroportuárias pesadas, deixam a dúvida de que possamos um dia encontrar uma passagem área local nos preços de uma Ryanair, por exemplo. Este ano seu fundador, o empresário irlandês Declan Ryan, esteve na Argentina para anunciar a entrada da sua companhia no mercado argentino. Na ocasião Ryan declarou durante uma coletiva de imprensa outro fator que, na sua visão, inibe os negócios da Ryanair no Brasil: “Iniciamos negociações em todos os países da região menos no Brasil, onde há muita corrupção”, disse ao jornal argentino La Nacion. Resta torcer para que, ao menos essa discussão sobre repasse de custo de serviços ao consumidor, gere algum sinal de redução de preços neste mercado ou algum outro tipo de atrativo.