Na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), pandemia é uma epidemia de doença infecciosa que se espalha rapidamente por uma grande região geográfica. Mas, na prática, diante de tudo que o mundo está vivenciando nos últimos dois anos, pode-se dizer que uma pandemia vai muito além das questões de saúde. A nova realidade criada pelo novo coronavírus impactou o comportamento coletivo e individual das pessoas, transformou as formas de relacionamento e instituiu mudanças no mercado internacional.
O estudo “Fjord Trends 2022: O novo tecido da vida”, realizado pela Accenture, comprova como o mundo foi e está sendo disruptado. As tendências para 2022 trazem de individualidade a empatia, de transparência a tecnologia. Confira quais são elas e entenda como uma empresa pode se preparar para tempos desafiadores, mas que trarão muitas oportunidades.
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1. Seja como você é
Repensar. Talvez essa seja a palavra que definiu os últimos anos de muitas pessoas. Elas passaram a questionar quem são e com que realmente se importam, em um movimento individualista e de independência que levou à construção de relações mais profundas, à valorização da vida e à um forte senso de força pessoal.
Isso impactou a relação com o emprego e a estrutura das empresas. Agora, há uma crescente humanização da força de trabalho, uma vez que indivíduos passaram a se preocupar mais com a forma como está gastando a maior parte do tempo e ter mais empatia com os pares.
Para Ivan Lucchini, Managing Director da Fjord Brasil, os empregadores precisam estar atentos a esse movimento. “As pessoas estão pensando mais sobre quem são e mais abertas a novas possibilidades. Portanto, a flexibilidade ganha mais destaque como fator de sobrevivência e diferenciação para as empresas. Aqueles que conseguirem conciliar flexibilidade de espaço e respeito as agendas individuais de seus colaboradores, sem perder a potência do trabalho coletivo, devem sair na frente”, afirma.
Nesse sentido, vale investir no que é valorizado dentro das relações de trabalho. Os benefícios oferecidos devem estar de acordo com o mundo digital, o reforço da coletividade estar presente no dia a dia e a preocupação com a experiência do colaborador ser notável.
2. É o fim da abundância?
“Estamos vivenciando recorde de desemprego e fome, 60% dos lares do país estiveram em estado de insegurança alimentar em 2021. A luta era por comida e a escolha de compra voltou-se para a sobrevivência. Para outra parcela, roupas, carro zero, eletrodomésticos e até plano de saúde deixaram de ser prioridade. A pequena parcela mais rica, costumeiramente blindada às crises, se deparou com uma inusitada crise de conveniência, evidenciada pela indisponibilidade de recursos ou restrições por segurança”, explica Lucchini.
Na visão do diretor, tal realidade significa que os valores de vida estão sendo revisitados. “Em um cenário de melhora econômica, esses valores poderão ser perseguidos com maior velocidade e em maior escala”, diz.
Nesse sentido, a mentalidade de abundância deve sofrer uma grande mudança. A escassez momentânea pode gerar um comportamento frugal, em busca de um maior equilíbrio da vida. Por isso, as marcas devem estar prontas para gerenciar expectativas em torno da conveniência e da sustentabilidade.
Os caminhos para isso, segundo o Fjord Trends 2022, são: unir marketing, serviço ao consumidor e supply chain para proteger e suportar a imagem da marca; e criar um equilíbrio entre acesso e sustentabilidade, guiando a inovação nesse sentido.
3. A nova fronteira
Há pouco tempo ainda se discutia sobre o phygital. Mas agora, o metaverso, uma nova convergência do físico com o digital, está se disseminando pelo mundo e trazendo muitas promessas consigo. O lugar digital onde as pessoas podem se encontrar e ter uma experiência compartilhada pode ser criado, comprado e vendido.
Impulsionado pelo avanço de tecnologias como o 3D, a realidade aumentada e a realidade virtual, esse novo mundo ainda tem muitas perguntas sem respostas, mas pode alterar o comportamento digital e criar novas culturas. O metaverso já desponta como um lugar para fazer dinheiro, a exemplo das vendas bilionárias de NFTs.
Mas, de que maneira as empresas podem se preparar para essa nova fronteira? O executivo explica que “no momento, a melhor forma é utilizar esse lugar como um campo de experimentação para entender como a marca ou setor irá se comportar e ser percebido nesse novo mundo”.
4. Isso é verdade?
As pessoas se acostumaram a ter respostas para suas perguntas a um clique com os mecanismos de busca online, e a cada dia fazem mais perguntas. Mas, com tantas fontes de informação, há um movimento de dúvida sobre o que realmente é verdade. A necessidade de acreditar nas fontes encontradas é evidente.
Junta-se a isso o consumo consciente. Agora, as marcas precisam responder perguntas sobre ética, sustentabilidade e responsabilidade em todos os pontos de contato com o consumidor. E aqui vai um alerta: “Uma informação buscada sobre um produto e não disponibilizada será sempre inferida. Em um momento de crise de confiança generalizada, os consumidores costumam deduzir de forma pessimista, assumindo os piores cenários”, explica Lucchini.
Para o Managing Director da Fjord Brasil, aquelas marcas que conseguirem disponibilizar uma quantidade maior de informação sobre seus produtos, processos e valores de forma acessível e fluida, terão a preferência do consumidor.
5. A importância do cuidado
O cuidado está na natureza humana, mas tem ganhado destaque no último ano e isso só deve aumentar. Autocuidado, cuidado com os outros, serviços e canais que entregam cuidado (como fazer compra para os pais, ajudar no atendimento médico e outros) entraram em pauta. Além disso, o uso de tecnologia para esses fins foi acelerado durante a pandemia.
Com isso, as marcas que demonstrarem cuidado com os consumidores e colaboradores ganharão confiança. Lucchini explica: “Começa a ganhar escala a ampliação do conceito de saúde para o âmbito emocional e para a ideia do cuidado, ambos esperados das empresas. Por exemplo, temos as empresas de tecnologia sendo acusadas por facilitarem o transtorno disfórmico em jovens por conta de seus filtros de imagem. Mas também temos empresas flexibilizando seus horários para permitir que pais cuidem mais de seus filhos”.
Investimentos para melhorar a acessibilidade, aumentar a inclusão, cuidar da experiência do colaborador e priorizar o bem-estar e a segurança devem ser vistos em maior escala.
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