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Saúde mental: as marcas precisam lidar com o conceito no pós-pandemia

Saúde mental: as marcas precisam lidar com o conceito no pós-pandemia

A saúde mental – em todas as pontas do consumo – será um tema extremamente importante para consolidar a experiência do cliente com a marca durante toda a jornada

A saúde ganhou status mais do que importante durante o período da pandemia, não só pela questão global e sanitária de combate à covid-19, mas também em como o isolamento afetou a rotina das pessoas, seu bem-estar e saúde mental. Agora, com a retomada, é esperado que os efeitos do isolamento sejam cada vez mais percebidos nas pessoas, em ambas as pontas do consumo. Para a psicóloga Milene Rosenthal, co-fundadora da Telavita, healthtech de consultas online, o paciente está cada vez mais digital e, após a pandemia, aprendeu a utilizar a tecnologia para também cuidar da saúde.

Em decorrência disso, as pessoas estão tendo mais interesse e controle sobre a própria saúde, já que o acesso à informação e as consultas com especialistas se tornou mais acessível. “Além das consultas a distância, existe uma tendência em utilizar cada vez mais aplicativos em saúde, dispositivos vestíveis (wearables) e utilização de serviços em domicílio, como, por exemplo, coleta de sangue”, elenca Rosenthal.

Dessa forma, as startups com foco em saúde e tecnologia tiveram seu crescimento acelerado durante a pandemia, pois ajudaram na implementação de diversos protocolos com segurança, já que seus atendimentos podem ser realizados a distância. Muitas delas puderam ampliar a demanda de novos produtos e serviços e apresentaram um novo pensar na maneira de fazer o que era rotineiro. “Entretanto, só permanecerão aquelas que realmente investiram em oferecer um serviço seguro, com qualidade e, principalmente, que realmente foque na evolução do paciente”, destaca a psicóloga.

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As tendências para a saúde mental no pós-pandemia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), casos de ansiedade e depressão impõem uma perda de produtividade e prejuízo econômico de cerca de US$ 1 trilhão por ano para a economia global. No Brasil, o cenário acompanha essa realidade: o país é o 5º mais ansioso do mundo e está entre os 10 mais desiguais, conforme apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Não bastasse o pouco acesso a profissionais de saúde, restrito às pessoas com maior poder de aquisição, ainda há muito estigma sobre a saúde mental. Isso explica o motivo pelo qual 82% das pessoas preferem conversar sobre o assunto com robôs, de acordo com pesquisa da Workplace Intelligence com a Oracle. Dessa forma, para Michael Kapps, CEO, da Vitalk, healthtech especialista em gestão de bem-estar emocional, abordar a importância de educar e sensibilizar as pessoas sobre saúde mental, tratando questões como o que é depressão, quais são os sintomas de ansiedade e de que modo reconhecer alguém com transtorno mental no ambiente de trabalho são alguns exemplos da necessidades de novas ofertas que devem se fortalecer.

Há tendência também para mais acesso e abrangência da terapia, tanto por vídeo (telemedicina) quanto por outros formatos. Kapps cita também o surgimento de tratamentos digitais para saúde mental, que conseguem incluir mais pessoas e com menos estigma — chamados de “terapias digitais”, como as bem-sucedidas Pear Therapeutics e Happify, nos EUA.

“É claro, precisa dar um foco maior na saúde mental de grupos específicos que foram muito afetados durante pandemia, entre adolescentes, idosos, LGBTQIA+, negros e outros públicos tradicionalmente vulneráveis, ou seja, criar solução específica para essas pessoas”, esclarece o executivo.

A responsabilidade do mundo corporativo

A pandemia afetou cada indivíduo de forma diferente, mas é importante ressaltar que, com a velocidade da informação e todos os adventos tecnológicos,  a nossa sociedade vive o momento mais ansioso da história. Além disso, o processo de isolamento e incerteza global acelerou o processo de reconhecimento desse problema como uma necessidade básica para se manter em equilíbrio e com bem-estar nos dias de hoje.

Por isso, para Tatiana Pimenta, CEO e fundadora da Vittude, plataforma online que conecta psicólogos das mais diversas linhas de abordagem terapêutica a pacientes,  o maior desafio agora é derrubar os tabus que separam as pessoas da saúde mental, fazendo com que os cuidados com a mente não desapareçam com o avanço da vacinação. E as empresas também precisam estar atentas à sua responsabilidade nesse quesito. “Ignorar completamente a saúde mental do colaborador e desconsiderar o bem-estar no ambiente do trabalho, por exemplo, será uma prática inaceitável, porque todos merecem ter acesso à uma boa qualidade de vida. Um funcionário que recebe a atenção necessária relacionada à saúde mental consegue desempenhar seu trabalho na empresa e com o público final de uma maneira melhor”, considera a CEO.

Ela ainda reforça que a saúde mental dos colaboradores é extremamente importante para consolidar a experiência do cliente com a marca durante toda a jornada e o atendimento é fundamental para garantir um fluxo satisfatório para a construção desse relacionamento. A premissa de um bom atendimento pressupõe lidar com clientesconsumidores em atrito ou com problemas de relacionamento direto com a marca, o que torna fundamental que o colaborador transmita confiança e equilíbrio durante todo o processo.

“Ele simboliza a cara e a capacidade da sua empresa naquele momento para garantir a melhor experiência de marca, afinal sabemos que um cliente insatisfeito compartilha até 10x mais informações do que um cliente satisfeito”, enfatiza Pimenta.

Kapps complementa com um outro ponto de extrema importância para as marcas: cuidado ao fingir que você se importa sobre saúde mental, quando, de fato, não está cuidando dela. “Ou seja, não divulgue o que não se promove internamente. Nessa época da mídia social, marcas podem sofrer com isso, porque a verdade sempre pode surgir e viralizar”, alerta o executivo da Vitalk.

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Healthtechs continuam avançando no Brasil

O mercado de healthtechs está em alta no país. Atualmente, existem mais de 980 ativas no Brasil e essas startups da área da saúde já receberam mais de US$ 514,9 nos últimos quatro anos, segundo o estudo do Distrito. “Isso significa que possuem mais empresários buscando preencher um GAP na saúde do país e isso atinge pessoas de todos os âmbitos. Empresas estão aderindo cada vez mais a saúde mental para seus colaboradores, que acabam conhecendo um serviço que antes não achavam acessível. A Vittude, por exemplo, conquistou este ano mais de 120 novos clientes corporativos”, revela a executiva.

Esse pensamento é compartilhado pelo CEO da Vitalk, que acredita que surjam mais empresas, aplicativos e startups investindo na saúde a partir de 2022.“Esse ano já foi recorde de investimento em healthtechs. Houve rodadas grandes da Pipo Saúde, Sami, Alice, Conexa e, no ramo de saúde mental, com a Vitalk, Zenklub, Vittude. Há muita consolidação no setor, outros exemplos são a DNA Capital investindo na Memed, a criação da healthtech 3778 e mais players atuando em startups em temas que abordam setores como hospitais e diagnósticos. Há muito investimento vindo do exterior buscando oportunidades na América Latina. Já houve uma busca grande por fintechs, agora é a hora das healthtechs”, conclui o executivo.


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