ESG e o espírito de um tempo
- Por Felippe Constancio
- 20 min leitura
Ainda que a grandes custos, nossa capacidade de superar pobreza, doenças, guerras, fome, velhice e, até mesmo, a morte é fascinante. Quando as bases do mundo em que vivemos hoje começaram a aparecer há 500 anos, com a Revolução Científica, éramos 500 milhões de pessoas e tínhamos produzido US$ 250 bilhões até então. Hoje, somos 7,8 bilhões e produzimos US$ 60 trilhões. Gastávamos 13 trilhões de calorias e hoje são 1,5 quatrilhão. Portanto, a população cresceu 14 vezes, a produção multiplicou 240 vezes e o consumo de energia aumentou 115 vezes.
Fazemos tudo isso fadados às perdas e aos ganhos de ter feito o planeta um só palco histórico. Se estamos, de fato, no mesmo barco e os recursos são escassos, nossa única opção é dar mais sustentabilidade ao sistema.
“Acompanhamos muitos movimentos no mercado e sabemos da dificuldade de traduzir o discurso em prática nesse tema. Por mais que você tenha lideranças bem-intencionadas, transformar a inércia do sistema e as dimensões de aprovações é como os grandes petroleiros que demoram para fazer a curva”, compara Victor Cremasco, sócio e co-CEO da consultoria global em inovação consciente Mandalah. “Passou a ter o inconsciente coletivo de que a empresa tem que se engajar, mas o ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) pode acabar virando branding. Ainda não temos parâmetros para medir, mas há indicadores, índices e certificações que são coisas que têm histórico e possibilitam inferir se uma empresa tem algo ou não”, completa.
Uma das mais reconhecidas consultorias para sustentabilidade, a brasileira Mandalah atua com empresas desde 2006 no desafio de viabilizar as intenções de empresas que buscam renovar ou reforçar seu papel social tendo em vista o ESG. Dentre os principais desafios delas estão a autocrítica sobre seu real impacto, a dificuldade de estabelecer uma estrutura que inteire o ESG como agenda prioritária e a falta de visão de longo prazo. “São raros os cases que se destacam pela transparência, humildade, mea-culpa. Isso tem a ver com os conselhos de os boards serem pouco habilitados para falar de ESG. Nem 5% dos conselhos do mundo têm algum tipo de especialista no quadro. Predomina uma mentalidade mais tradicional sobre gestão de negócios, deixando a agenda ESG com tração mais lenta. Há também a fragilidade do tema e o quão maduras estão as empresas para falar de longo prazo e de decrescimento. Se entra muito pouco no cerne da questão”, adverte Cremasco, dizendo que é necessário que os líderes das grandes empresas sejam “ambidestros” e equilibrem as agendas dos negócios com a de ESG.
Por que as empresas topam enfrentar tais desafios para uma agenda sustentável? Porque o espírito do tempo de fato está mudando. “Há uma dimensão de ritmo e de conteúdo da mudança. O ritmo é orgânico e de médio e longo prazos. O mercado é competitivo e estamos entrando em uma era em que a diferenciação não está no produto, mas nos certificados, no engajamento e no compartilhamento de valores”, explica o consultor.
PADRÕES DE ANÁLISE E ESTRUTURA
Diante da urgente necessidade de fazer o petroleiro manobrar sua curva, pouco importa se a promoção da sustentabilidade tem sua origem no consumidor consciente ou das empresas que têm educado o consumidor. Empresas e pessoas concordam que as agendas de ESG precisam ganhar projeção. O que importa é como vamos decidir sobre o fluxo da escassez de recursos.
Se os tempos estão mudando, talvez aqueles especializados em “negociar o tempo” sejam a resposta. Os bancos, que há séculos refinam com a revolucionária ideia do crédito, têm o papel fundamental de acreditar que os recursos serão mais abundantes amanhã e creditá-los às partes dispostas a exercer externalidades positivas no ambiente. “Nós, no Santander, temos claro que o crédito, atrelado à educação e à informação financeira, é uma ferramenta poderosa para a geração de crescimento econômico e prosperidade. Fomos pioneiros em trazer o olhar da sustentabilidade para as nossas relações com os clientes e com a sociedade. Nossa forma de atuar coloca em perspectiva avanços possíveis e importantes para toda a sociedade, o que gera impacto positivo para os clientes”, explica Karine Bueno, head de Sustentabilidade do Santander Brasil.
KARINE BUENO, head de Sustentabilidade do Santander Brasil.
“Lançamos, em julho de 2020, uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para viabilizar investimentos em saneamento, a partir do novo marco regulatório do setor. Fomos o primeiro banco a comercializar os CBIOs, que são títulos emitidos por fabricantes de biocombustíveis para ajudar as distribuidoras a compensar suas emissões de carbono”, conta a executiva, revelando que o banco hoje conta com 60 pessoas distribuídas em nove áreas que trabalham com negócios sustentáveis. Hoje, o banco tem inserida análise de risco ambiental em sua viabilidade de ofertas que chega a interromper o desenvolvimento de um contrato se necessário.
Outro banco que avalia empresas tendo em vista suas agendas em ESG é o Itaú. Desde 2007, o banco conta com uma agenda para “risco socioambiental” que faz parte de seus modelos de crédito, serviços e produtos de investimentos. “Atualmente, avaliamos nove dimensões, recorrentes em diversos setores. São elas: mudanças climáticas, consumo de recursos naturais, contaminação de água e solo, saúde e segurança, materiais perigosos e pesticidas, emissões atmosféricas, resíduos sólidos, condições de trabalho e efluentes”, revela Leila Melo, diretora e membro do Comitê Executivo do Itaú Unibanco.
Nos últimos anos, o banco ainda evoluiu nos modelos de negócios ESG ao trazer visões de oportunidades sustentáveis a seus clientes. “Nesse sentido, temos uma área especializada no Itaú BBA que analisa operações ESG, como a emissão de títulos sustentáveis, e auxilia nossos clientes na definição de alocação de recursos, KPIs e formas de reporte”, conta Melo.
Orientações de risco e oportunidade aos clientes também vêm sendo adotadas pelo Bradesco. Desde 2012, a Bradesco Asset Management (Bram) adota uma metodologia própria diferenciada de análise baseada em dados das companhias e em seu próprio engajamento com essas companhias. “Quando fazemos nossa análise, queremos colaborar com a empresa nessa evolução e acompanhar quais são as atitudes tomadas para se desenvolver no tema. A gente sabe que nem tudo pode ser feito de uma hora para outra, mas há muitos produtos que correm risco em longo prazo caso não se adaptem. É importante que as companhias projetem esse futuro e vejam o caminho que vão trilhar em longo prazo para se adaptar a essa realidade”, esclarece Rodrigo Santoro Geraldes, head de Pesquisa da BRAM Bradesco Assets.
“Realmente existem retornos maiores a quem tem práticas de ESG. Quem não as tem ou não as respeitam está se arriscando. Uma empresa que tem boa governança, respeita o cliente, o meio ambiente e a sociedade e traz diversidade é mais bem gerida. E não estou falando de medidas menos economicamente viáveis agora – e sim de medidas que trazem sustentabilidade ao negócio. Talvez, empresas que priorizem apenas resultados em curto prazo possam ter problemas em longo prazo”, alerta o executivo.
A voz em uníssono dos bancos para o assunto ressoa também entre instituições financeiras menores. Em meados de abril deste ano, a advogada Sílvia Scorsato assumiu a presidência do conselho da Associação Brasileira de Bancos. Primeira mulher da ABBC, ela é diretora de ESG do banco Sofisa e manterá a pauta do tema diante dos 101 associados, que vão de bancos menores e médios a fintechs e empresas de pagamentos.
LEILA MELO, diretora e membro do Comitê Executivo do Itaú Unibanco.
RODRIGO SANTORO,
head de Pesquisa
da BRAM Bradesco
Assets.
Empresas e pessoas concordam que as agendas de ESG precisam ganhar projeção. O que importa é como vamos decidir sobre o fluxo da escassez de recursos.
Os bancos não são os únicos protagonistas de pujança do mercado financeiro no movimento de mentalidade empresarial coletiva para compromissos sociais e ambientais. Desde 2005, a B3 tem desenvolvido a pauta ESG em um sistema comparativo de análise de empresas para melhoras de acesso a capital, mitigação de riscos e melhor atendimento da demanda crescente para a questão. O Índice de Sustentabilidade Empresarial é um ambiente de investimento frequentado por empresas que passam por um processo seletivo com o objetivo de apoiar investidores em suas decisões. Ele foi o quarto índice do mundo a ser criado com este intuito e induz empresas a adotar melhores práticas justamente para a melhor perenidade dos negócios. Para participar, as companhias detentoras das 200 ações mais líquidas da B3 respondem a um questionário composto por diversas dimensões, de econômico-financeiro a governança corporativa e produto, e até 40 companhias podem compor a carteira do índice a cada ano.
Há, ainda, outras duas ações da B3 no sentido da agenda ESG, sendo o Índice de Carbono Eficiente, que visa colocar o assunto das emissões de carbono em pauta, o índice S&P Dow Jones para ESG e o S&P/B3 Brasil ESG, que utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.
O ambiente propício do mercado financeiro às ações ESG tanto pede quanto reforça mudanças de atitude. Como lembra Rodrigo Santoro, os resultados são cada vez mais claros. “A gente já faz análises ESG há muito tempo. É impressionante o quanto a atitude das empresas sobre o tema vem mudando. Hoje, elas estão solícitas a discutir o tema e a implementar mudanças. Claramente, existe uma mudança de atitude. Cada vez mais, temos visto métricas de gestão relacionadas ao tema, e vemos metas de remuneração atreladas a métricas de ESG. É evidente que esse movimento acelerou muito nos últimos dois anos, mas está para além da Covid. É a visão dos consumidores e investidores da geração, já que há muito mais investidores millennials hoje.”
OS DESAFIOS DE CADA UM
A atual ausência de uma padronização geral nas mensurações pode estar relacionada à complexidade do tema, que exige o engajamento de toda a variedade dos setores produtivos e a ciência sobre uma infinidade de propriedades de atuação dos mais diversos negócios. Mesmo dentro de um setor, a vastidão de um ecossistema pode fazer com que concorrentes diretos operem por vias distintas dependendo do produto, da localização geográfica e do tamanho, e por isso pode ser injusto colocar ambos diante de uma mesma régua. Além disso, a extensão das atuações governamentais varia em cada setor.
Talvez, a melhor métrica seja o que um negócio é capaz de fazer por seu propósito, e o engajamento por meio do qual envolve o consumidor, que exige e gosta de medidas para a sustentabilidade. Por essa via, é possível observar a percepção de grandes atores diante de seus próprios desafios em diferentes indústrias, como varejo, produtoras de bens duráveis e fabricantes de semi e não duráveis.
A partir das grandes redes de supermercados, por exemplo, compreende-se o papel do varejo como articulador da pauta ESG entre empresas e consumidores. “A integração da agenda de ESG à estratégia de perenidade dos negócios contribui com o desenvolvimento sustentável da empresa e da sociedade como um todo, agregando valor a todos os públicos. No GPA, buscamos ser um agente mobilizador na construção de uma nova agenda social, ambiental e de governança para uma sociedade mais sustentável e inclusiva. Entendemos que, quando os clientes têm a percepção dos aspectos ESG aplicados genuinamente e de forma transparente à prática do negócio, isso se torna um fator de diferenciação no momento de escolher produtos e serviços. O consumidor quer – e vai –, cada vez mais, participar ativamente da construção dessa agenda socioambiental e entende que uma das formas de se fazer isso é sobre o que e onde consumir”, comenta a diretora-executiva de Recursos Humanos, Serviços e Sustentabilidade do GPA, Mirella Gomiero.
Desde 2016, o GPA tem uma métrica que também serve de incentivo. Seu Índice de Sustentabilidade e Diversidade (ISD) compõe a remuneração variável dos seus mais de 1,4 mil gestores elegíveis das mais diversas áreas. Fazem parte deste índice a redução das emissões de carbono e o indicador de presença feminina na liderança, já que o Grupo pretende reduzir suas emissões de carbono em, no mínimo, 30% até 2025 em relação a 2015 e ver cerca de 40% dos cargos de liderança ocupados pelas mulheres neste ano.
Os desafios do varejo alimentício dão a ele também um papel educacional tanto às empresas quanto aos consumidores. No contexto brasileiro, ainda há o diferencial do nível de consciência a esses players de massa. “Quando falamos de consumo sustentável, falamos de equilíbrio alimentar. Quanto mais diversificada a dieta, mais diversificada a produção no campo. Se a dieta for de 60% em um produto, a produção no campo é quase igual. Por isso, temos buscado com parceiros como dar clareza sobre o produto. A maior parte das pessoas não sabe como a proteína animal chega a elas. A partir do momento em que sabem, elas passam a se interessar pelo histórico”, esclarece o head de Sustentabilidade do Grupo Carrefour, Lucio Vicente.
MIRELLA GOMIERO,
diretora-executiva
de Recursos
Humanos, Serviços e Sustentabilidade do GPA.
LUCIO VICENTE, head de Sustentabilidade do Grupo Carrefour.
Varejistas normalmente não atuam com fornecedores, mas, quanto aos que atuam, o sistema colaborativo de engajamento que estabelecem com parceiros – que chegam a incluir ONGs aos projetos de rastreamento de insumos de proteínas e diagnósticos de maturidade – tende a mostrar resultados no processo de credibilidade do produto exposto. Segundo Vicente, quando um varejista de massa como o Carrefour passa a exigir em contrato informações sobre os insumos, as marcas precisam se adequar.
Por outro lado, há as marcas que se adiantam e moldam o sistema colaborativo do varejo. “Temos um longo histórico de apoio a causas sociais e ambientais, seja por meio da Coca-Cola Brasil em temas como reciclagem, água e apoio ao pequeno varejo, seja por meio dos projetos do Instituto Coca-Cola Brasil. Com relação à água, começamos fazendo o dever de casa em diferentes frentes: aumentamos a eficiência hídrica de nossas fábricas em 35% nos últimos 20 anos; temos contribuído para preservar mais de 100 mil hectares da Floresta Amazônica desde 2008; e investimos na ampliação do acesso à água para mais de 130 mil pessoas de oito Estados em parceria com 15 organizações desde 2017” conta o gerente de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil & Cone Sul, Rodrigo Brito.
Enquanto uma grande marca pode chamar a responsabilidade para o maior bem da vida e seu maior insumo, imagine como uma global de centenas de marcas dos mais variados produtos precisa atuar?! “Os anos de 2019 e 2020 foram marcantes para a companhia em termos de meio ambiente e pessoas, com o anúncio de compromissos públicos institucionais – como avanços na agenda de plásticos, combate às mudanças climáticas e regeneração da natureza – e compromissos de cada um de nossos negócios – como cuidados com a casa e com as roupas, higiene e cuidados pessoais e alimentos”, conta a gerente de Assuntos Corporativos da Unilever Brasil, Juliana Marra. Com metas ambiciosas para até 2030, a Unilever evoluiu seus planos em ESG com o recém-anunciado movimento Beleza Positiva, que retira o termo “normal” das embalagens e publicidades e abole alteração digital dos corpos, e o Programa Futuro Limpo, para eliminar o carbono da energia.
A Johnson & Johnson é outra gigante global de destaque que luta contra o plástico. Boa parte dos US$ 800 milhões direcionados até 2030 para patrocínio de ações em ESG é especificamente para superar o problema do uso de plásticos. “Temos trabalhado constantemente em projetos para redução de peso das nossas embalagens plásticas e, com isso, já evitamos o uso desnecessário de 300 toneladas de plástico ao ano, e seguimos trabalhando em projetos para a substituição de plásticos, sempre que possível, por outros materiais alternativos, como papel, por exemplo”, comenta a diretora sênior do Centro de Excelência em Estratégia e CD para Latam da Johnson & Johnson, Daniella Brissac.
JULIANA MARRA, gerente de Assuntos Corporativos da Unilever Brasil.
RODRIGO BRITO, gerente de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil & Cone.
Filiada ao Novo Compromisso Global da Economia do Plástico liderado pela Ellen MacArthur Foundation (EMF) em colaboração com o Programa Ambiental da ONU, a gigante das marcas se compromete a eliminar todo plástico desnecessário ou problemático de embalagens até 2025, incluindo a reformulação de embalagens que possam ser reutilizáveis quando possível; garantir que 100% delas sejam reusáveis, recicláveis ou compostáveis; e fazer com que ao menos 15% de seu plástico retorne à cadeia.
Os desafios de cada um mudam ainda mais nas indústrias de semiduráveis. Na moda, o case a ser explorado aqui é a C&A, que tem uma plataforma global de sustentabilidade para nortear todas suas ações pelo mundo nos pilares “produtos sustentáveis”, “redes de fornecimento” e “vidas sustentáveis”, que são alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Todas as suas ações são reportadas publicamente em relatórios de acordo com o Global Reporting Initiative (GRI), o que transparece o fato de ela ser a varejista que mais tem unidades consumidoras de energias renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas, usinas solares e eólicas. “Chegamos ao fim de 2020 com cerca de 200 lojas habilitadas para recebimento de energia limpa por meio desta modalidade, história que começamos em 2011 com as primeiras unidades migradas para esse modelo”, explica a diretora de Relações com Investidores da C&A Brasil, Roberta Noronha. “No fim do primeiro semestre deste ano, será concluída a construção de duas usinas solares para abastecimento exclusivo das 11 lojas no Rio de Janeiro e Distrito Federal, o que inaugura nossa presença na geração distribuída de energia e é mais um importante passo da companhia para gerar impacto positivo, em linha com nossos compromissos”, completa a diretora.
ROBERTA NORONHA,
diretora de Relações
com Investidores da C&A Brasil.
A preocupação com a água da gigante da moda se estende às peças que comercializa. Seu jeans brasileiro tem certificação internacional que assegura a origem do algodão, sua energia renovável e gestão de água na produção.
Restringindo-se, ainda, apenas ao ambiental do ESG, a C&A também se empenha em redirecionar roupas de sua marca ou outras para reuso ou reciclagem, além de, frequentemente, fazer parcerias com grandes brechós on-line como o Enjoei e o Repassa.
Já na indústria pesada, uma agenda ESG pode se engajar em aspectos infraestruturais que compõem o desenvolvimento socioeconômico de um determinado local. No caso da gigante MRV, energia e saneamento ambiental são os enfoques que têm moldado e influenciado diretamente seu processo produtivo e produto final, com influência sobre os consumos primários da sociedade em longo prazo. Única construtora que consta há cinco anos consecutivos no índice de sustentabilidade da B3 e signatária do Pacto Global da ONU desde 2016, a MRV tem-se concentrado na implementação de energia solar fotovoltaica em grande escala, no sistema de captação pluvial e na gestão de resíduos. Além disso, ela compra créditos de carbono por meio de compensações.
RAFAEL LAFETÁ,
diretor-executivo
de Relações
Institucionais e Sustentabilidade
da MRV.
A atual ausência de uma padronização geral nas mensurações pode estar relacionada à complexidade do tema, que exige o engajamento de toda a variedade dos setores produtivos.
“Desde 2017 utilizamos a energia solar em nossos empreendimentos e já entregamos mais de 60 mil unidades habitacionais com sistema de energia renovável, uma economia no consumo de energia próxima a R$ 1 milhão. Ao todo, investimos R$ 800 milhões no projeto, e a nossa meta é chegar em 2022 com energia fotovoltaica em 100% dos empreendimentos lançados”, revela o diretor-executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV, Rafael Lafetá. “Seguindo nosso plano de redução de custos e energia, lançamos, em novembro de 2019, a primeira usina solar em Uberaba (MG). Nossa usina solar tem dois mil painéis fotovoltaicos que representam uma potência instalada de 700 kWp (quilo watt pico). Isso vai gerar anualmente mais de 1 milhão kWh, energia suficiente para suprir o consumo de 25 mil habitantes de uma cidade por um mês ou 2 mil habitantes por ano”, contabiliza o executivo, reforçando que a economia anual deve chegar a R$ 800 mil.
A SUSTENTABILIDADE DO ESG
Ainda que empresas globais consigam ter sucesso em suas investidas em ESG, sociedades e governos do Brasil e do mundo estão atrasados na missão de reparo dos inegáveis danos dos últimos e intensos anos do Antropoceno. Para historiadores e geógrafos, a espécie corre risco de extinção em curto prazo, enquanto as sociedades e as suas economias modernas são complexas e feitas por mudanças que parecem invisíveis e lentas para o necessário. Mas, ao que tudo indica, chegou a vez de a agenda ESG se firmar nas mentalidades dos negócios e dos consumidores. Estão todos unidos por uma conscientização coletiva em rede que concorda sobre a necessidade de empreendimentos a favor da sociedade e do meio ambiente.
“Nós, da Natura, acreditamos que, embora já tenhamos abordado a sustentabilidade ao longo dos anos, precisamos ir mais rápido. É por isso que, em junho de 2020, definimos metas ousadas para a próxima década, lançando nosso ‘Compromisso com a Vida’, uma visão abrangente com metas concretas de sustentabilidade que intensificará nossas ações para resolver alguns dos problemas mais urgentes do mundo”, afirma o CEO Global da Natura &Co, Roberto Marques. Amplamente reconhecida por seu engajamento social a favor da igualdade e do meio ambiente, a marca pretende estabelecer um salário mínimo a todos os seus funcionários e garantir a paridade de gênero até 2023, além de se tornar líquido zero até 2030, protegendo a Amazônia de desmatamentos.
Se depender da ambição humana, há grandes chances de o espírito do novo tempo chegar a tempo – ainda que a própria ambição seja fonte de um sistema predatório. Ao que parece, os bancos começam a financiar novos papéis sociais, as organizações começam a estruturar novas vias de transversalidade dos compromissos e o consumo consciente começa a se abrir para uma ideia de que esta é uma aldeia global.
Recomendadas
+ CONTEÚDO DA REVISTA
Rua Ceará, 62 – CEP 01243-010 – Higienópolis – São Paulo – 11 3125 2244
Rua Ceará, 62 – CEP 01243-010 – Higienópolis – São Paulo – 11 3125 2244