Design é sobre escolhas
- Por Carolina Cruz Perrone
- 3 min leitura
É uma ilusão acharmos que estamos escolhendo sozinhos quando decidimos onde jantar, qual livro comprar, onde abrir uma conta-corrente, para onde será a próxima viagem de férias e, mesmo, quais conteúdos consumimos. Conscientemente ou não, alguém projetou nossas decisões.
A arquitetura de escolhas é um termo utilizado na economia comportamental, e pode ser definida como: a organização do contexto no qual as pessoas tomam decisões, com o objetivo de influenciá-las de forma previsível pela ciência. Mesmo sem ter conhecimento do termo, essa é uma prática adotada por muitas empresas hoje, seja pela área de produto, seja pelas áreas de vendas, marketing e, mais recentemente, design.
Quando falamos em influência, necessariamente precisamos pensar na questão ética envolvida. O livro Evil by Design: Interaction Design to Lead Us Into Temptation aborda o “lado negro” do design persuasivo – indicando como as empresas nos fazem sentir bem ao escolher e fazer o que elas querem. Quanto maior a intrusão do designer na interação usuário-produto, maior a extensão de influência.
O design pode exercer influências que variam de fraca a forte e de implícita a explícita, criando quatro tipos de influência a partir do cruzamento das duas dimensões: coercitivas, persuasivas, sedutoras e decisivas. No momento de projetar uma experiência, é importante conhecer o tipo de influência que está sendo exercida sobre as escolhas dos usuários.
A influência coercitiva tem como característica ser forte e explícita em sua influência. Pessoas que estão sendo coagidas pelo design estão cientes da sua influência. Uma mudança no comportamento, portanto, será considerada uma reação à influência, ou seja, a motivação é externa. A influência persuasiva é fraca e explícita em sua influência, sendo a persuasão também uma motivação externa. A influência sedutora é fraca e implícita em sua influência. Pessoas seduzidas pelo design costumam não estar cientes desta influência e justificam o comportamento por uma motivação interna. A influência decisiva é forte e implícita na sua influência. Pessoas que experenciam o design decisivo percebem seu comportamento como regulado externamente, mas não reconhecem este regulamento como uma influência deliberada do designer.
Para Dan Lockton, “o design molda o comportamento, que é o resultado final das escolhas feitas pelos usuários”. Como designers, precisamos entender o poder que essa influência tem e projetarmos escolhas que motivem comportamentos melhores.
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